EMOÇÃO EM TRANSE
Há muitos olhos nos becos da noite
Que não cansam de sondar meus medos.
Há muito frio no escuro da esquina
Que se esquiva em meus passos trôpegos.
Há muitos gritos no calar da madrugada
Que ecoam em meus ouvidos indefesos.
De tanto perambular e esbarrar em mim mesma
Entendo que a emoção congela a mente
E dá nós na garganta,
Crava estacas no coração desprotegido,
Sangra a alma sem barreiras.
Todos observam meu caminho
À espreita de um falsear,
Como querendo desculpa pra levantar.
Meu corpo não mais obedece,
Desligou o automático,
Segue lunático, em busca da emoção
Onde quer que a encontre,
Hoje, amanhã, ontem,
Acordando do transe em que se encerra,
Para levar-me de volta à mesa,
Frágil presa do dia a dia,
Insossa alegria
De dias passados sem compromisso
Com memória de trajetória
De caminhos por onde nunca passei.
Lílian Maial
Rio, 23/06/00.
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