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Cronicas-->Meu Português Ruim -- 23/06/2002 - 06:37 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ATÉ OS ERROS DO MEU PORTUGUÊS RUIM

De vez em quando, mas com mais frequência do que gostaria, parte pela pressa, parte pela míopia, percebo que os textos que eu mando de primeira quase sempre contém erros de português. O que para um escritor alguns radicais considerariam o paredão a pena mais indicada, como se nós, intelectuais dos trópicos, já não tivéssemos com mil fuzis apontados para nós; as balas da indiferença, do sistema social putrefacto, das editoras mercenárias, da educação burguesa cretina que orienta o povo para as redes de televisões e mercados, tornando a população indiferente a cultura essencial (convivência social, artes, leis civis genéricas, cooperatividade, etc..) e intelectiva. Não se valoriza o sujeito, mas o produto. E devo dizer com imenso desgosto que com duas ou três exceções, as professoras do país causam-me desprezo: egoístas, individualistas e apáticas. Não aprendem que para ensinar é preciso saber; apenas ensinam como papagaio o que aprenderam, sem se preocuparem com o futuro da nação, a história e a formação do futuro indivíduo.

Daí a nossa população reflete a educação que recebe; ou seja, nenhuma. E não percebemos que a miséria que vemos na rua é a nossa miséria, porque perdemos a noção da "coletividade do sujeito". Sim, todo sujeito é coletivo; quem pensa que existe sem interdependência desconhece não só a física quàntica como rudimentos básicos da vida animal.

Bem, voltemos ao meu português ruim, que muitas vezes é causado pelo coração que quer comunicar-se e às vezes vai sem jeito. Mas se não for sem jeito, não vai, não é autêntico. E se exponho-me é por pura generosidade, apesar de frequentemente ser "vítima" da ausência dela.

Pulemos daí.

Mas o reconhecimento do meu português ruim faz-me ser mais humano e ver as coisas com um humor muito particular. Todo mundo tem, à sua maneira, "o seu português ruim". E todos tem esse direito.

Recentemente conheci uma menina que causou-me uma verdadeira confusão de valores. Ela pensa muito rápido, tira conclusões com muita pressa, as vezes perde em sutileza, mas possui muitos encantos, embora talvez não queira que eu os perceba. Ou a própria fala é para afastar-me. Ou a ausência dela é para que eu desista. Comecei, ao invés de retrucar, a me divertir percebendo aonde, ao menos comigo, ela exerce seu "português ruim". Nas atitudes por vezes individualista, no não cumprimento de coisas simples como dizer-me que não iria mais falar seu dia de aniversário depois que houvera prometido dizer-me.

Estranha são as meninas, que sabem como ninguém o essencial dos sentimentos, mas às vezes erram...

Ela teve até coragem de dizer que "eu não era romàntico"; que eu acreditava que "o amor vem com a convivência". Só que eu não acreditava em nada; eu só sinto e sei de algumas coisas!

E acusar-me de não ser romàntico não deixa de ser humorístico!

Estranha é a vida.

Estranho somos nós.

Toda essa ladainha e um português premeditadamente quase perfeito, apenas para mexer com uma menina de trinta e poucos anos que é bonitinha e trança os cabelos, e que nunca, de fato, escutou-me realmente, e que a única coisa que sei é que estar perto dela me deixa calmo e feliz, sem interpretação, mesmo que ela esteja sempre com pressa e pensando rápido e por mim, que prefiro, embora acusado de não ser "romàntico", seguir acreditando que o coração tem razões que a própria razão desconhece, e que é ele que vai tecendo os motivos secretos da comunicação ou da incomunicabilidade.

Será que só eu sei disso? Que todo mundo tem "o seu português ruim"? 22/06/2002

Marcelino Rodriguez é poeta, escritor, editor e autor de Café Brasil e a Ilha, pela Luz do Milênio Editora.


Concorde.

Discorde.

Esperneie

Ou cale-se.

Recusa-se qualquer disposição em contrário.

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