As palavras não vêm fáceis,
Muito menos serão gráceis
Os versos que planejei,
Mas o roteiro é bem firme,
Quanto o evangelho confirme,
No cumprimento da lei.
Há um pouco de improviso,
Quando a solução diviso,
Com a ajuda do instrutor,
Pois tudo o que rascunhei
Não é palavra de rei:
Volto atrás p ra recompor.
Questionarão os leitores
Por que nos dão os mentores
Permissão para tais temas.
Qual a importância da rima
Que reflete o nosso clima,
Na explicação dos problemas?
Aqui passaram poetas,
Com idéias mais completas
A respeito do estribilho.
Com palavras maviosas,
Compuseram suas glosas,
No esplendor de puro brilho.
É de obrigação o tema
Que demonstra o estratagema
Da formulação dos versos,
Para que os leitores sintam
Que os dramas que os seres pintam
Nunca hão de ser perversos.
Se existe boa vontade,
O prazer noss alma invade
De exercitar a escritura,
Que os temas do sofrimento,
Pelo menos um momento,
Não ferem a criatura.
Quanto mais nos repetimos,
Bem mais julgamos opimos
Os gozos dos versos bons.
É que a originalidade
Nos prova a diversidade
Dos talentos e dos dons.
Repetimos não ser fácil
Fazer um poema grácil,
Com rima tão conhecida.
Tal como nos Evangelhos,
Os ensinos são bem velhos,
Mas poucos mudam de vida...
O que gosta de panqueca
Deste lado “perereca”,
Buscando satisfação.
É que o gosto lá da Terra
Lá começa e lá se encerra:
Cá é outra a vibração.
Quem não compreende este ensino
Arrisca-se a desatino,
Julgando-se injustiçado.
Perca tempo, mais um pouco,
Mas veja que não é louco
Quem não quis ficar calado.
São lições bem simplesinhas,
Sobre as coisas comezinhas
Que se passam cá no etéreo.
Se lhes damos agasalho,
Perfilhando este trabalho,
É que o tema é muito sério.
Quando o momento é oportuno,
Sutil como um bom gatuno,
Vou convocar a Jesus,
Sabendo que mais se apruma,
Sem dificuldade alguma,
A rima cheia de luz.
A arte de fazer versos
Com tais temas controversos
É mais simples que se pensa,
Entretanto, os bons amigos
Com sentimentos antigos,
Não haverá quem convença.
Se brinco com este assunto,
Para muitos sou defunto
E prossigo muito morto.
Quero dar sinal de vida,
Mas não aponto a saída,
Num versejar bronco e torto.
— “Onde estão as sutilezas,
A nos causar estranhezas
De estéticas invenções?
O povo que cá está vivo
É muito mais criativo,
No trato das escansões.”
Eu faço tudo o que posso.
Quando não sei, eu endosso
O que me propõe a grei.
As grandezas literárias
Não passam de funerárias:
Neste espaço, essa é a lei.
Para que lograr o povo,
Se este ensino não é novo.
É mera repetição?
Se Jesus voltasse à Terra,
Não seria outra a guerra,
Na busca da perfeição.
Em -ão, se dão nossas rimas
Onde as lições mais opimas
Demonstram simplicidade.
Em -ade, se dão aquelas
Dentre todas as mais belas:
Perfeição-felicidade.
Mantenhamos alto o tônus,
Para receber o bônus
Pela hora de trabalho,
Pois o nosso compromisso
É ir ao fim do serviço,
Sem que seja quebra-galho.
É preciso dar à gente
A certeza que não mente
Este emissário do etéreo,
Senão vão pensar que o bom,
Pela miséria do som,
Ficou lá no cemitério.
Mas, se existe seriedade,
Também a alegria invade
O coração do poeta,
Quando vê tantas sextilhas
Amontoadas em pilhas,
Na obra quase completa.
Que sentiria o amigo,
Se partilhasse comigo
Esta feliz conclusão?
Agradeceria a Deus,
Em linda prece de adeus,
Chorando no coração?
Então, participe agora,
Pois este poeta ora,
Da forma que melhor sabe:
Em simples versos de amor
Aos próximos e ao Senhor,
Antes que o tempo se acabe.
Protege, ó Pai, esta gente
Que tanto amor por ti sente,
Conquanto tão imperfeita.
Não consideres os versos,
Mas os sentidos imersos,
E a pobre oração aceita!
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