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Artigos-->FÉ MASCARADA -- 07/08/2009 - 15:35 (Carlos Rogério Lima da Mota) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Constituição Federal assegura a todo brasileiro liberdade de credo. Assim, nenhum cidadão poderá ser depreciado ou mesmo punido por suas escolhas, diferentemente do que ocorre em nações do Oriente, onde se um concidadão, por qualquer motivo, resolver contrariar as autoridades religiosas, acabará fuzilado num paredão. A Constituição é laica, absolutamente imparcial, prova disso é que o Brasil não adotou nenhuma religião oficial, transferindo esta missão a cada um de seus filhos. Isso não quer dizer que a Carta Magna permita que malandros, usando o nome de Deus, pratiquem a venda da salvação e outras falácias para persuadir os fiéis mais humildes de que o caminho ao Paraíso perpassa pela igreja e/ ou religião de que apregoam. Em outras palavras, liberdade de escolha não pode ser confundida com libertinagem.



Mas não é isso o que acontece na prática, afinal, multidões são levadas a acreditar que a fé - o sentimento irradiante que abrilhanta a alma humana - pode e deve ser vendida como um produto, na forma de milagres - alguns tão críveis que de milagres mesmos não apresentam qualquer resquício. Infelizmente, diversas denominações associam as bênçãos divinas à doação de parte do salário, pregando, inclusive, que aqueles que se "negam a abrir o bolso a Deus" serão condenados à pobreza terrena e ao sofrimento eterno, com direito a uma passagem sem volta ao inferno, via Diabo-Tur. Como grande parte da população brasileira não provê de conhecimentos necessários ao discernimento da boa intenção ao puro golpe, acaba entregando todos os bens de uma vida às mãos de falsários, os ditos homens de Deus.



Hipnotizados pelas belas palavras dos "pregadores", eles põem em risco o sustento da própria família em prol de uma salvação supostamente arquitetada. É a tal história: "... quanto mais você doar, mais terrenos lhe serão reservados no reino do céus". Há estudiosos que afirmam que não é somente a ausência de cultura que cega o homem, mas o desespero que há por trás de cada história de vida. Assim, o que move o homem a certas loucuras é o sofrimento causado pelos problemas que ele tem enfrentado. É como se a fé passasse a ser uma muleta e as respectivas denominações as chaves que abrirão o baú da felicidade coletiva.



Chegar ao fim do poço e perder a noção dos valores íntimos é mais fácil do que se pensa porque, por mais cético que seja, basta um filho cair doente, ser hospitalizado e apresentar pouca melhora para que qualquer criatura se desespere, abra o coração e peça ajuda ao Divino. É aí que os aproveitadores, verdadeiros lobos em pele de cordeiros, emergem e fazem a festa, porque daquele levarão não só o seu dinheiro, mas a esperança, o amor ao próximo e todos os outros sentimentos que lhe moldam o caráter.



E esta praga denominada "acesso a Deus por meio de um dote" está em todos os lugares, inclusive na tevê, onde se percebe que vítimas são manipuladas à construção de relatos comoventes, em que dizem estar novamente andando, depois de anos condenadas à cadeira de rodas. Não obstante, estas mesmas criaturas são instigadas a acreditar que o SUCESSO de alguns é produto de um copo d’água abençoado. "Eu perdi tudo, mas hoje, ao me batizar nesta igreja, tomar um pouco da água santa, consegui o sucesso que tanto almejava. Hoje tenho duas empresas, que geram R$ 1 milhão por mês; tenho cinco carros importados na garagem e trabalho apenas um dia por semana... Depois que vim para esta igreja, encontrei-me no Espírito Santo (sic)" - declara o depoente, sorrindo para a câmera e usando todo o poder midiático de persuasão para atrair outras vítimas ao "esquema da fé". E que sucesso é esse? Ter dinheiro é ter sucesso? Nem sempre, como prova Charles Dickens em Um Conto de Natal.



A liberdade de credo deve ser respeitada em um estado de direito, todavia, maracutaias como essas devem ser banidas de todos os meios e punidas com o rigor da lei, até para que aqueles que realmente pregam a verdade das escrituras sejam preservados e não atirados ao mesmo fosso da mentira, como está acostumada a fazer a sociedade brasileira. Liberdade por si só não resulta em grandes avanços, é preciso aprender a usá-la com responsabilidade.



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