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Infantil-->Doce infância? -- 22/10/2013 - 11:16 (Brazílio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O tio Liopordo não tocava nada, mas era um homem dos sete instrumentos: em

tudo o que mexia - e não era de parar - alguma coisa saía. Nem que fosse dos

trilhos.

De uma remota visita sua à nossa casa lembra-me vê-lo indo quintal abaixo de

canivete em punho, falante e gesticulante, demonstrar a um atento papai como se

fazia o enxerto em plantas. Abriu uma seçãozinha num caulinho de goiabeira, ou

laranjeira, pegou um brotinho doutra variedade e lá naquele rasgadinho de casca

o aninhou, circundando-o com um pouco de barro e um paninho a envolver aquele

emplastro e estava pronto o enxerto - que dias depois, apesar de brotado, iria

fenecer.

Mas ficou na minha lembrança a aura daquele homem um tanto tenso e angustiado

mas sempre disposto a novas experiências e outras sapiências.

E fui reencontrá-lo anos depois fabricando e comercializando doces, em meio a um

emaranhado de rodas e polias que lhe facilitavam o enfadonho serviço de manter

aquela massa borbulhante sempre em movimento. E para algum defeito que se

apresentasse no mecanismo da mexeção sempre estavam ali à mão, a mulher, a

filharada, a cambada.

Depois de passar o negócio já bem enraizado e suficientemente adoçado ao filho

maior, Liopordo foi proutras quinze-bandas - e Sete Lagoas - sempre frenético nas

suas açucaradas ações.

Numa de sua volta à nossa casa, que já era noutra freguesia, mas com um quintal

ainda com mais frutaria, o bom homem nos mimoseou com uma barra do doce de

leite que então produzia, esse já rotulado - e por Mãezinha denominado.

Na nossa aração infanto-juvenil fomos para a cozinha - deixando os mais velhos na

sala das prosas - e fomos fundo na barra da Mãezinha.

Querendo ser simpático com a meninada, o bom mas sistemático tio - de quem na

verdade era tio-avô - Liopordo perguntou: e então gostaram do docinho?

Ao que Nacho, o caçulinha, na inocência de seus cinco aninhos e de sua barriguinha

pra lá de cheiinha devolveu, com a espontaneidade que Deus lhe deu:

- É bão mais é infaroso.

E não é mais segredo que o que então era doce, azedou-se.
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