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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->ALBERTO MAGNUS, O MAGO - OPUS 5 -- 25/02/2003 - 00:13 (COELHO DE MORAES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

OPUS 5

As semanas sem a presença das jovens era sempre diferente. Após a interferência de Montpellier e as idéias expostas percebemos que Cantimpré e os outros se mostravam com atitudes estranhas.
Todos sabíamos para onde iam as mulheres mas notamos que várias vezes os três rapazes se ausentavam, na semana negra, preferentemente à noite e saíam com seu cavalos para a floresta. Da última vez saíram e ladeavam carroças de soldados.
Em geral, a semana negra, a semana sem as mulheres era escolhida para experiências em laboratórios. Principalmente as experiências alquímicas, bem como estudo dos atributos das ervas e substancias naturais de vários tipos. Era até normal que após a semana negra as mulheres, ao voltarem, nos trouxessem vegetais, minerais e substancias desconhecidas para experimentos e testes variados. Um grupo complementava o outro, apesar de nunca perguntarmos frontalmente para onde as mulheres iam, mas sabíamos de certo. Sabíamos quem eram e o que eram aquelas jovens. Isso aumentava o fascínio.
Recebi uma carta de Alberto. Ele aconselha, pede que tenhamos cuidados com as idéias expostas, com as idéias que ainda chegarão e com as pessoas que ouvirem tais idéias. Ele nos estimula ao trabalho. Pede apoio ao trabalho de Sonja. Na carta há um alerta pois há coisas publicadas em seu nome que não lhe cabem nem em pensamento nem em estilo. Ele cita o “Líber Aggregationis”, por exemplo e o “De Marabilibus Mundi” que são falsos flagrantes cujo estilo não acorda com os outros seus escritos. Na verdade, são os mais miseráveis livros produzidos pelo obscurantismo e o autor desses textos nem se deu ao trabalho de imitar Alberto.
Ouvi o barulho de carroças entrando no burgo.
- São os dominicanos – gritou Pietro de Ferrara.
- Esse pessoal é de uma ordem nova e já mostram serviço – declarou Alexandrino, o menor.
- São de Toulouse. Essa Ordem de Dominicanos apareceu em 15. É nova mesmo – eu disse – Fundaram a Ordem para a luta contra os albigenses.
- Mas já existiam desde 1206 – exclamava LaCordaire.
- Não! Engano. O que existia era a Ordem Contemplativa das Dominicanas, fundada por Domingos, o Castelhano.
- Ele foi pessoalmente lutar contra os albigenses? – perguntou Pietro.
- Sim. Após a confirmação da sua Ordem por Honório III, ele partiu para o Languedoc com essa missão – eu expliquei, tendo que aumentar um pouco a voz pois uma fieira de cavalos e carroças passavam sob nossas janelas, levantando poeira e afastando a população. Alexandrino, o menor, tinha 17 anos e uma curiosidade imbatível. Não tinha família. Desde criança vivia na Universidade e agora estava cursando conosco. Mas ainda sabia pouco.
- E quem são esses albigenses?
- São da cidade Albi, no Sul da França – eu falei.
- São também conhecidos como Cátaros – gritou Pietro, pendurado numa escada e olhando a rua lá de cima. Desceu de lá rapidamente quando o grupo se afastou pelas ruas.
- E por que os Dominicanos lutaram contra? – perguntou Alexandrino.
- Por que – prontamente me pus a explicar – eles eram seguidores da seita maniqueísta. Essas idéias vêem de Maniqueu, de origem persa, e pregam austeridade total e proibição do casamento. As comunidades de fiéis eram dirigidas pelos considerados puros ou cátaros.
- Os cruzados foram liderados por Simão IV de Monfort... – e um sorriso apareceu no rosto de Pietro - ... e esse Simão, pio e católico, saqueou Carcassone e Béziers... os albigenses foram derrotados em Toulouse e Muret.
- E, qual é o problema dessa seita? Era tão dramática assim? – perguntava LaCordaire – Que tanto mal poderia trazer para nós?
- Acontece, LaCordaire – retomei a palavra – que Maniqueu explicava a criação do mundo como que uma luta entre duas forças. A do Bem e a do Mal. Um princípio essencialmente bom simbolizado pela Luz. O outro princípio essencialmente mal simbolizado pelas Trevas.
- Mas... por que se luta contra eles se a Igreja Católica prega a mesma coisa?
- Não. Ela prega que o mundo foi criado pelo princípio essencialmente bom. Os Maniqueístas afirmam que os dois princípios são as fontes de criação do Universo – falei.
- E você bem sabe como é que funciona a liberdade de pensamento em nossas terras, não é mesmo LaCordaire? – brincou Pietro de Ferrara, enquanto folheava, displicente, alguns livros.
- Agora – eu completava – esta seita vem desde o século terceiro depois de Cristo, ou seja, é tão antiga quanto a Igreja Católica.
- E o que os Dominicanos estarão fazendo aqui, hoje?
- Não sei. Talvez alguma nova missão. Talvez algum foco albigense em Paris., Talvez... – meu pensamento se levou para Sonja e durante alguns momentos eu me deixei sonhar com a leveza da jovem - ... talvez..
- Vamos para os estudos – declarou LaCordaire – tem muito trabalho pela frente e eu não quero perder minha bolsa.
Em segundos estávamos debruçados sobre a tábua de experimentos. Era um bom grupo. Sentimos a falta de Thorndike, Cantimpré e Borgausen, pois eram argutos estudantes, mas, eles já faltaram outras vezes, coincidentemente, durante as semanas negras. Tínhamos a obrigação de manter o trabalho em andamento, apesar de tudo. Lição maior era nunca perguntar muito pela vida dos estudantes.
Discrição total.
Há histórias que não podem ser contadas.
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