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Artigos-->Memórias Reveladas: O último clandestino -- 21/07/2009 - 09:40 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Verdade Sufocada - 21/07/2009



O último clandestino



http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=2138&Itemid=34



Falsidade ideológica não é crime continuado? Se foi praticado mesmo depois da anistia, até algumas semanas atrás, não continuaria sendo crime?



O ex-marinheiro Antônio Geraldo da Costa, que viveu com identidade falsa na Suécia por quase 40 anos, desembarca no Galeão na terça-feira



Por ELVIRA LOBATO DA SUCURSAL DO RIO



Folha de São Paulo



Após viver por quase 40 anos, na Suécia, com identidade falsa, o ex-marinheiro Antônio Geraldo da Costa, o Neguinho, entrará no país, pela primeira vez, com seu nome verdadeiro. Ele desembarca no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, na terça-feira. Neguinho viveu seis anos na clandestinidade, depois do golpe militar, quando participou de assaltos a banco no Rio e em São Paulo para financiar a luta armada. Fugiu do Brasil em 1970. Está com 75 anos. Os crimes políticos foram anistiados por lei, em 1979, mas o ex-marinheiro continuou em exílio voluntário na Suécia, com medo de retornar e ser punido pelos atos que praticou.



Fragilizado emocionalmente, teme ser preso ao passar pela imigração. Um grupo de companheiros de militância vai recebê-lo no aeroporto para confortá-lo e tentar evitar uma suposta e, segundo a Polícia Federal, improvável detenção.



Ele obteve o passaporte brasileiro em seu verdadeiro nome há apenas quatro semanas. Uma anotação do consulado, em Estocolmo, de que o documento foi emitido por autorização, via despacho, do Ministério das Relações Exteriores, aguçou o medo de que a Polícia Federal estaria à sua espera.



"Ele não acredita que o Brasil se redemocratizou. Acha que a situação pode virar a qualquer momento", diz seu amigo Antônio Duarte dos Santos, também ex-marinheiro, que foi exilado na Suécia de 1971 a 1980, quando foi anistiado.



Outro companheiro de exílio, o ex-marinheiro Guilem Rodrigues da Silva, que se tornou vereador, professor e juiz na Suécia, compara Neguinho ao oficial japonês Hiroo Onoda, que viveu escondido na selva das Filipinas por 29 anos, sem saber que a Segunda Guerra havia acabado. Onoda só saiu da selva quando seu superior no Exército lhe mandou depor as armas.



""Neguinho viveu, praticamente clandestino, na Suécia. Nunca modificou seu pensamento político. Acha que é espionado e seguido", diz Guilem.



Golpe e tortura



Neguinho foi vice-presidente da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais. Cinco dias antes do golpe militar que derrubou em 1964 o presidente João Goulart, o Ministério da Marinha proibiu um ato público em comemoração de dois anos da associação. O ato foi então transferido para o Sindicato dos Metalúrgicos.



Ele foi preso e, segundo colegas, brutalmente torturado. Foi citado na reportagem ""Tortura homogênea", do "Correio da Manhã", de outubro de 64, sobre os maus-tratos nas prisões.



Avelino Capitani, ex-dirigente da associação, atribui a fragilidade emocional de Neguinho às torturas no Cenimar (Centro de Informações da Marinha) e ao estresse da clandestinidade e das ações armadas.



No prontuário de Neguinho existente no Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro consta que ficou preso de setembro a dezembro de 64, e que fugiu dias antes de seu alvará de soltura ter sido assinado.



Fuga



Sua ação de maior repercussão foi o resgate de presos políticos da Penitenciária Lemos de Brito, no Rio, em 1969. Também fez quatro assaltos a bancos para levantar dinheiro para os fugitivos. Atuou em ações armadas da ALN (Aliança Libertadora Nacional, de Carlos Marighela) e se aproximou de outras organizações clandestinas.



Para fugir para o exterior, obteve uma certidão de nascimento em nome de Carlos Juarez de Melo, no interior de São Paulo, e tirou carteira de identidade e passaporte -assim que recebeu a cidadania sueca, casou-se e registrou os dois filhos.



Na Suécia, foi cozinheiro de frades e funcionário de casa de repouso. Como na nova documentação sua idade foi reduzida em cinco anos, aposentou-se mais tarde do que poderia.



Só em 2005, por pressão dos amigos, pediu anistia no Brasil. Entrou no país e saiu dele com a documentação falsa, e fez o pedido por procuração. Segundo o Ministério da Justiça, a anistia foi dada em dezembro de 2006. Mesmo assim, ele seguiu usando a identidade falsa.



Há menos de um ano, atormentado pelo desejo de voltar, procurou autoridades suecas, desfez o imbróglio e obteve a regularização, há cinco meses.



REVOLTA DOS MARINHEIROS FOI ESTOPIM DO GOLPE DE 1964



Em março de 1964, marinheiros exigiram a revogação de uma ordem de prisão contra diretores de sua associação. O ministro Silvio Mota mandou prender o grupo, mas foi desobedecido e se demitiu. O presidente anistiou a tropa, o que revoltou os oficiais."





Comentário da editoria do site www.averdadesufocada.com:



A ação a que se refere a reportagem acima e dois dos assaltos estão narrados no resumo abaixo de um dos capítulos do livro "A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça" - autor: Carlos Alberto Brilhante Ustra



"Movimento Armado Revolucionário - MAR e os "meninos" de Flávio Tavares- 26/05/1969



Em 1968, estavam presos na Penitenciária Lemos de Brito, no Rio de Janeiro, ex-militares que se insubordinaram nos quartéis no governo João Goulart, inclusive alguns líderes da Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB), fundada em 1962.



Um desses, o ex-marinheiro Marco Antônio da Silva Lima, que havia realizado curso de guerrilha em Cuba, como toda a esquerda, era obcecado pela idéia de desencadear a revolução com focos guerrilheiros.



Aproveitando as facilidades que os presos políticos desfrutavam na prisão, Marco Antônio criou um grupo que denominou Movimento Armado Revolucionário (MAR) e logo conseguiu um número razoável de adeptos: os ex-marinheiros Avelino Bioni Capitani, Antônio Duarte dos Santos, José Adeildo Ramos, Pedro França Viegas e o ex-sargento da FAB Antônio Prestes de Paula, líder da revolta dos sargentos em Brasília, em 1963, que teve o saldo de dois mortos.



O grupo passou a contar com outros presos doutrinados no presídio. Havia, também, os militantes em liberdade que faziam a ligação com os prisioneiros. O principal era Flávio Tavares, jornalista da Última Hora, que, há muito tempo, era pombo-correio entre os militantes no Brasil e Brizola no Uruguai.



Também, do lado de fora da penitenciária, outros grupos se uniam ao MAR no planejamento da fuga de onze companheiros que todos queriam fora do presídio, para desencadear a guerrilha urbana no Rio de Janeiro e engrossar as fileiras do foco guerrilheiro que planejavam implantar. Conspiravam com eles José Duarte dos Santos e Edvaldo Celestino da Silva.



Em novembro de 1968, o grupo aumentou com a adesão de quatro subversivos, vindos de São Paulo, remanescentes da POLOP e agora na VPR, que desejavam atuar no Rio de Janeiro: Élio Ferreira Rego - ex-marinheiro; Antônio Geraldo da Costa - ex-marinheiro; Wilson Nascimento Barbosa - professor; e Leôncio Queiroz Maia - estudante de Economia.



Planos vistos e revistos, eram necessários recursos para financiar a fuga e, posteriormente, criar o foco guerrilheiro, em área já escolhida, próximo a Angra dos Reis, na Serra de Jacareí.



“Os meninos” de Flávio Tavares, como ele os chama em seu livro, no dia 19 de março de 1969, escolheram o alvo para a primeira ação da organização, o Banco da Lavoura de Minas Gerais, em Realengo-RJ.



Participaram do assalto: Flávio Tavares; José Duarte dos Santos; Edvaldo Celestino da Silva; Wilson Nascimento Barbosa; Leôncio Queiroz Maia; Antônio Geraldo da Costa; e Élio Ferreira Rego.



Como dinheiro nunca era demais, no dia 5 de maio roubaram a Agência Piedade, do Banco Nacional Brasileiro. A ação foi praticada pela mesma quadrilha, acrescida de Jarbas da Silva Marques, estudante de Economia de Brasília, aliciado por Flávio Tavares.



O grupo de São Paulo recebeu a incumbência de eliminar o soldado da PM, que normalmente permanecia armado de metralhadora na calçada e, também,de roubar-lhe a arma.



O dia permaneceu tranqüilo, sem que nenhum nervosismo fosse notado. Por volta das 17h30, os nove componentes do MAR já se encontravam na Seção Jurídica da Divisão Legal, prontos para a liberdade. Nessa mesma hora, estacionou o Aero Willys, roubado um dia antes do primeiro assalto a Banco por Wilson, Leôncio e Élio. Quem o dirigia era Edvaldo Celestino da Silva. O grupo, que gozava de todas as regalias, dirigiu-se à portaria. Dos onze previstos para fugir, dois se atrasaram e ficaram para trás. Na passagem para a rua, os fugitivos defrontaram-se com os guardas Ailton de Oliveira - que reagiu, mas foi abatido por Avelino Capitani -, Jorge Félix Barbosa e Valter de Oliveira Pereira, que também tentaram esboçar uma reação, mas foram feridos.



Valter de Oliveira Pereira levou várias coronhadas na cabeça, desfechadas por Roberto Cietto.



Jorge Félix Barbosa, que escoltava presos do Sanatório Penal de Bangu e que deixara sua arma no controle de entrada do hospital, foi ferido por Capitani com um tiro na nuca, que, felizmente, não foi fatal. Ailton de Oliveira também foi ferido, pelo mesmo Capitani, com um tiro na cabeça e outro no braço. Morreu cinco dias depois.



O funcionário da Light João Dias Pereira, que passava no local, levou um tiro no abdômen, desfechado por Edvaldo Celestino, e ficou paraplégico.



Consumada a fuga, os nove foram conduzidos por Edvaldo para a parte de trás do hospital, no Aero Willys. Ao todo, participaram para a fuga, direta ou indiretamente, trinta e quatro pessoas. O grupo comemorou eufórico. Havia libertado os seguintes presos: Antônio Duarte dos Santos (irmão de José Duarte dos Santos); Antônio Prestes de Paula; Avelino Bioni Capitani; Benedito Alves Ramos; José Adeildo Ramos; José André Borges; José Michel Godoy; Marco Antônio da Silva Lima; e Roberto Cietto."





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