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Contos-->P E N D E N G A -- 13/08/2002 - 21:27 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
P E N D E N G A


O chamego durou pouco. Exatamente o tempo para ele meter a porrada nela. Um mora na parte alta, o outro no “corgo”. O marido postiço possue um caminhão velho para entregar areia de rio, o outro é gari da Prefeitura e biscateiro. De repente, lá vai a enxurrada de gente para a delegacia do bairro, na parte baixa da cidade. Vado, o que bateu na mulher, tem uma mão que mais parece uma prancha. Nice, baixinha, cara espinhosa, ronceira que nem carro velho. O gari, desengonçado, torcedor do Santa Cruz, voz de trovão... mas só quando está bebericando, aos domingos, que é o dia que lhe sobra para o lazer. Os dois, só de pirraça, fingem que não sabem, mas cultivam a mesma mulher. Ela, de seu lado dengoso e faceiro, propala no salão de Neusa, que tem duas macaxeiras: uma rosa e outra casco escuro. Isso ela diz coadjuvada de uma boa gargalhada de levantar pernas.
O delegado chama os três na sala. O escrivão convoca a primeira testemunha, que, salvo engano, é de araque e comprada pelo Vado, o postiço.
_ Vocês aqui de novo? E agora... o que deu?
E começa a mesma ladainha. Cada um quer se ensopar de razão. A testemunha titubeia. O escrivão parece lagartixa, de tanto girar o eixo do pescoço na cabeça. Mais adiante, consagrados com o esporro paternalista de praxe, dado pelo Sr. delegado, os três se apertam as mãos, pagam lá uma multa pelo desaforo. O delegado, meio paternal, avisa que da próxima, vai ter corpo de delito, testemunha séria e tal e coisa. Os três, como guris de colégio diante do pai, baixam a cabeça e iniciam o processo de cura da bebedeira, pelo fato novo.
Saem abraçados da delegacia, dobram a primeira esquina e vão direto e certeiro para o bar do Biu da Onça, para comemorar, legitimando o chamego outra vez.


WALTER DA SILVA
Aldeia, Camaragibe, Pernambuco ago. 2002
Extraído de “CONTOS D’ALDEIA” ®
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