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Contos-->CONTO D ALDEIA -- 13/08/2002 - 14:36 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CONTO D’ALDEIA*
“tem pobrema não, dotô,
nós depita”.
um operário

A linguagem do povo simples não é de fácil acesso ao suposto letrado. É um dialeto falado e vivido da forma a mais corriqueira e não causa o mínimo alarde entre seus protagonistas. Num território continental, feito o Brasil, o idioma é o mesmo, mas os dialetos são inúmeros, pronúncias diferenciadas, vocabulário próprio e extremamente coloquial. Às vezes, sequer entre eles, há um conhecimento cem porcento assimilável. Na região oeste do estado de Pernambuco, há um município, com 20 anos de emancipado: Camaragibe, nome indígena, camará.
Na rodovia PE-27, que se alonga até os demais municípios da zona noroeste, com destino ao estado da Paraíba, dentre as diversas localidades existentes, há uma denominada Aldeia, ou Araçá, ou Pau-ferro... Trata-se de uma região de mata atlântica, ou o que resta dela, semi-rural, onde, até um tempo recente, mantinha-se o comércio hortifrutigranjeiro. Com a invasão enxerida da nossa pequeno-burguesia, ao fugir dos centros urbanos, por conta da poluição, Aldeia, localidade de Camaragibe, ficou com a má fama de abrigar, não raramente a famigerada classe dos novos-ricos, com raras e honrosas exceções. A serra, com 130m de altitude, possue um clima e um solo privilegiados, alcançando uma temperatura que, para nordestinos, seria algo um pouco “fria”, nos meses de maio, junho e julho. Tendo em sua periferia, uma população de baixa renda, abriga uma mão-de-obra barata, por conseguinte, não-qualificada, fenômeno comum nessas paragens nordestinas.
Abundam chácaras, casas de campo, aonde acorrem, nos fins de semana e feriados legais, as famílias que residem próximo ao município de Camaragibe, em sua maioria, vindas da capital, Recife. Essa população flutuante, desavisadamente, não foi ainda informada dos cuidados sobre o meio ambiente, no que toca à preservação da bio-diversidade, ou quanto às regras do desenvolvimento sustentável.
Não raro, se vê o não morador, jogar lixo orgânico em áreas onde não deveriam fazê-lo. Ouvi, outras vezes, pessoas adultas, falando: “Ah... não é meu nem teu”, fruto de uma soberba ignorância quanto à preservação dos sítios ecológicos, que são vítimas inocentes da predação indiscriminada do homem. Li em algum lugar, tempos atrás, que cabe ao homem a adaptação. Urge, para sua sobrevivência e convivência social, que ele se adapte à sociedade em que se insere, ao respeito à natureza e à solidariedade entre seus pares.
Até um mero operário, semi-analfabeto e rude, tem suficiente sensibilidade e inteligência, para supor que, adaptando-se e adaptando o instrumental que está a seu alcance, ele proverá as futuras gerações para a busca do equilíbrio ecológico.
Por isso que nosso operário diz, do alto de sua simplicidade, que levei tanto tempo para compreender: “tem problema não, doutor... nós adaptamos”.

_________________________________________________________
* localidade semi-rural e de preservação ambiental, no município de Camaragibe, a oeste do estado de Pernambuco.

WALTER DA SILVA
Aldeia, Camaragibe, Pernambuco, ago. 2002
Extraído de “CONTOS D’ALDEIA” ®
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