Usina de Letras
Usina de Letras
149 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62225 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22536)

Discursos (3238)

Ensaios - (10364)

Erótico (13569)

Frases (50620)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140802)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6190)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cordel-->Poema em João Pessoa de Paulo Nunes Batista -- 22/04/2003 - 10:30 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Poema em João Pessoa
Paulo Nunes Batista*

Homens secos, ressequ ‘idos
Por fora e por dentro. Andei em
Ruas onde o tempo tem
Medo de passar. O Sol
Secando as peles e as almas
Há muito. Meninas grá’vidas.

Aqui menino corri.
Dali me vêm velhas músicas
O tempo cheira a caju
A mangaba caxingá.
Putinhas de dentes podres
Se d’ando na praça. Vote(s)!

O tempo passa – e não passa
Neste carrossel das horas.
Pedro Américo, da estátua
Pinta um tela invisível.
E como a Polícia o guarda!
Enquanto a milícia aguarda...

...algum sinal de perigo.
Pessoas com pano branco
Nas costas, braços, nos rostos.
Que dilúvio de mendigos
Na ava’lancha da Pobreza.
Chove Fome em João Pessoa.

Em’tanto, há montes de frutas
Nos mercados, nas calçadas.
O rio lambendo os mangues,
Os meninos caranguejos:
Uma preguiça no sexo –
Louca vontade na boca.

Peixeiros cortando o verbo,
Polida brutalidade.
Quem tem, tem: quem não, se lasque.
Rios secos, almas secas.
De porta e janela, c’asas.
Corpo minando calor.

Há bondades sincopadas.
Índio olhando atrás dos olhos.
Uma cupidez em cada
Gestolhar. Pob’reza e pó.
Terra onde jaz sepultada
A alma de minha avó.

Não ouço mais os pandeiros
E os ganzás dos Cantadores
De coco, nesta C’idade.
E até mesmo os Violeiros
Repentistas se sumiram:
‘tarão cantando nas Nuvens?

Morreu Eulajose Dias
De Araújo, meu poeta,
Também nascido como eu
Nessa Rua da República
Tão enladeirada e velha
Dos tempos do Seu Batista...

Seu Batista era meu Pai.
Um poeta carrancudo,
Gordo, de média estatura,
Compadre de Leandro Gomes
De Barros, rei do cordel.
Versado em versos diversos.

Onde estão Roldão? Meu Cheiro?
João Grande? A grande Peguei-te
Calunguinha? Calungão?
João Melchíades Ferreira,
O “Cantor da Borborema”?
Ó João Pessoa, onde estão?

Fico pingando saudade
No suor da tarde esplêndida.
Ah, minha terra, que pena!
Queria saber quem foram
Os frescos que te mudaram
Nesta urbe agitada e insólita.
João Pessoa, Praça Pedro Américo,
14-01-83.
*Paulo Nunes Batista 77 anos - é poeta popular e erudito e escritor; autor de vários livros (em poesia e prosa) e inúmeros cordéis, folhas volantes e ABCs. Considerado o melhor Abecedista do Brasil. Paraibano, descendente de uma família paraibana, de grandes poetas e repentistas, radicado em Anápolis-Go há quarenta anos. Já morou em diversas capitais brasileiras, batalhando a vida. Antigo militante do PCB de 1946 a 1952, chegou a ser preso. Hoje, espírita. Formado em Direito. Pertence a Academia Goiana de Letras, em cuja posse, fez o discurso rimado. Tem publicações espalhadas pela imprensa do país e em Portugal, onde já representou o Brasil no cordel.


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui