C O N F I D Ê N C I A S
“seja diferente.... seja você
mesmo”~.
Anônimo.
T P M. Não vem me dizer que não sabe o que é. Não é a primeira, nem vai ser a última. Não ter parido ainda. Esperar, com unhas e dentes a tal da menopausa. Eu hein?!!
Deve ser isso. Calcinha, roupa de cama, essa merda toda pra lavar. Falta energia todo o sábado. Já tou de saco cheio. Imagina, ontem, uma farra homérica, agüentando aquele papo furado daquele fascista... porra! Amanhã, vai ligar o Horácio. Doido pra trepar comigo. Pode ser hoje, my dear Horácio, filhinho da mamãe. Lugar de mulher é perto da máquina de lavar, nem que seja pra lavar a roupa suja. Dorzinha de cabeça filha-da-puta. Hummm.. . meu desodorante venceu. Tenho que ir, lá pelas doze, na casa da mana. Cobrar aquele dinheiro. Vocês mulheres, na minha idade, sabem o que é fazer de tudo pra ver se fica com um cara por ano, em vez de um por semana? Com direito a INSS (índice neutro de sacanagem sutil), pensão-álcool, crédi-motel... essas coisas....
Sei não. O idiota do meu ex , descaradamente me manda essa merda de convite de casamento... e logo onde: na igreja onde aquele veado fugiu da raia. Covarde. Cólica da porra. Ah, se nós mulheres nascêssemos sem aparelho de fazer menino.... feito a virgem Maria, que dizem que já nasceu sem precisar crescer barriga, esperar 9 meses e, ainda por cima, dando à luz um rei dos Judeus!! Vocês já pensaram? Do jeito que a gente gosta mesmo. Dor de cabeça, cólica e uma ressaquinha de sexta-feira, pra variar. Cadê a merda do neo-saldina.... táqui... um pra rebater. Pôxa, como esse lençol tava sujo, já está começando a ficar encardido, feito as costas da minha vizinha do lado, na praia, às três da tarde. Ô papinho furado.
Quando pensa, fede; quando fala, se caga. Vôte!!! E esse maridinho dela? Essa cara fascista de xeleléu de patrão... Eleitor do PFL e babador do vice-presidente...
Cáspite, como diz o Walter, aquele lá de Camaragibe. Falar nisso... ficou de me ligar hoje pra gente dançar uns boleros... Ôooooooo. Esse nequinho dança bem... Agora vou desligar esse trombolho barulhento e vou me deitar um pouquinho, porque ninguém é de ferro.
WALTER DA SILVA
Aldeia, agosto, 2002
Extraído de “CONTOS D’ALDEIA” ®
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