A SINA DO APOSENTADO
(por Domingos Oliveira Medeiros)
P.S.: Pegando um pequeno gancho na jogatina do amigo Almir Alves Filho.
No tempo de FHC
Era o privilegiado
Com fama de vagabundo
A sina do aposentado
O bode expiatório
O sabão do lavatório
O sujo e o mal lavado
Só ele, o tal de Fernando
Tinha o direito sagrado
De acumular seus proventos
Professor aposentado
Mas quando deixou agente
E o cargo de presidente
Teve o ganho triplicado
Dois pesos e duas medidas
Para o sujo e o mal lavado
Quem tem a caneta na mão
Ganha provento dobrado
Faz o jogo do banqueiro
E ganha muito dinheiro
E ainda pede emprestado
Assim passaram os anos
O déficit foi aumentado
E o tal do Fernando Henrique
Pedindo dinheiro emprestado
Confiando no futuro
Sempre em cima do muro
De olho no aposentado
O rombo já era grande
E estava sendo cobrado
E a saída era a mesma
Encontrar logo um culpado
Pois quando a coisa apertava
De pronto logo lembrava
Do pobre do aposentado
E a história se repete
Volta o assunto do dia
Querem cobrir o buraco
Com aposentadoria
De novo ele é lembrado
O vagabundo, o coitado
Pelo Lula quem diria?
A vida é assim mesmo
É feita de desengano
Até o grande companheiro
O grande pernambucano
Que tanto lutou pela gente
Agora que é presidente
Faz a lição do tucano
Esquece o presidente
Da grande classe sofrida
Que vive jogando na loto
Para melhorar de vida
Joga na mega de dia
De noite na lotomania
Como última saída
O Robin Hood às avessas
Quer cobrar do pobretão
Para entregar aos mais ricos
A sua contribuição
Parece que o aposentado
Nasceu para ser cotado
O palhaço de plantão
Situação cabeluda
Do aposentado careca
Que faz planos todo dia
Para não levar a breca
Mete a mão na raspadinha
Esfrega ela todinha
Chega a sujar a cueca
Sonhando com o dinheiro
Ficar jovem de repente
Bate a cabeça na quina
Da cama, com força, não sente
Acredita que o dinheiro
Vai fazer que se levante
Tudo duro, novamente
Vai voltar a ser menino
A velhice abandonada
Apostar no sexo de novo
Arranjar uma namorada
Deitar com sua morena
Fazer uma dupla-sena
Repetindo a jogada
Do jeito que o governo
Pretende fazer agora
Cobrar de novo o descanso
Enfiando aquela tora
Mas é tanta a pressão
Que até o tal do tesão
Já morreu e foi embora
Daqui a pouco nos resta
Apenas o jogo do bicho
Sonhar com o amigo urso
Jogo no Lula e capricho
Mas posso estar enganado
Pode até dar o veado
Dormindo na lata do lixo