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Artigos-->UM CENTRO AO JEITO DE UMA UNIVERSIDADE POPULAR -- 24/06/2009 - 00:04 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UM CENTRO AO JEITO DE UMA UNIVERSIDADE POPULAR



João Ferreira

Junho de 2009



Uma das sessões de rememoração dos quinze anos da passagem de Agostinho da Silva e evocação de seu legado em Brasília foi organizada no Centro de Tradições Folclóricas de Sobradinho, cidadela cultural das predileções de Agostinho durante sua permanência em Brasília. A sessão tinha a finalidade de lançar o terceiro número da revista "Nova Águia" e celebrar Agostinho. A iniciativa deveu-se a Lúcia Helena que prepara tese de doutorado sobre Agostinho na Universidade de Brasília. Em conexão com Teodoro Freire, fundador do Centro, Eduardo Freire, filho, e Amândio Silva, da Associação Amigos de Agostinho, de Lisboa, Lúcia Helena organizou uma bela sessão de utopia augustiniana, idealismo e confraternização. Falaram vários membros da galáxia de Agostinho com depoimentos históricos que constarão da crônica sobre o evento. Estiveram entre outros, além de Amândio Silva, José Luís Conceição Silva e Poças, José Santiago Naud, Roberto Pinho, Pontual, Maria Luíza Angelim, João Ferreira, Wandick.

Falando de Centro de Tradições populares de Sobradinho é importante destacar a notável função histórica que este Centro teve no movimento cultural augustiniano de Brasília. Sua função de universidade popular e centro de extensão cultural no Planalto Brasileiro.

Quem fundou em 1963 o Centro de Tradições Populares foi o Teodoro Freire, maranhense, hoje com 88 anos, figura emblemática da cidade serrana de Sobradinho. Discípulo e colaborador fraterno de Agostinho da Silva, era nessa altura funcionário da Unb. Nascido na cidade interiorana maranhense de São Vicente de Férrea, mudara-se para Brasília em 1962 quando começou a trabalhar como contínuo do Centro Brasileiro de Estudos Portugueses fundado por Agostinho da Silva na Universidade de Brasília. Desde os oito anos que participava em sua terra natal das brincadeiras populares com o boi. Em dezembro desse ano de 1962. Teodoro lançou o projeto do bumba-meu- boi, uma espécie de auto que comemora o rapto, a morte e a ressurreição do boi, festa popular muito disseminada no Norte e Nordeste do Brasil. a que associou o Tambor da Crioula para batucar a coreografia da dança do boi e posteriormente a Capoeira, de fundas tradições brasileiras. Ao criar em 1963 o Centro de Tradições populares Teodoro fez de seu projeto a alma popular e folclórica de sua associação sediada em Sobradinho, Distrito Federal. As atividades deste Centro durante os últimos 46 anos são notáveis. O CTP virou um ícone de Sobradinho e do próprio Distrito Federal. Durante sua estadia em Brasília, desde a fundação da UnB até sua ida para Portugal, Agostinho fez do Centro uma extensão popular da Universidade. Como bom herdeiro e animador dos ideais da Renascença Portuguesa de que eram sócios e fundadores Teixeira de Pascoaes, Leonardo Coimbra, Jaime Cortesão, e o próprio Fernando Pessoa, que depois migrou para o movimento de Orpheu, Agostinho transformou o Centro de Tradições Populares de Sobradinho de seu amigo Teodoro em centro e universidade popular, fazendo e dinamizando cultura através de palestras sobre temas luso-brasileiros. É importante lembrar que a Renascença Portuguesa, associação cultural fundada em 1912, tinha justamente como fim “promover a maior cultura do povo português por meio da conferência, do manifesto, da revista, do livro, da biblioteca, da escola, etc(Estatuto, cap.I, art. 2). Descendo à prática promovia pela ação de Jaime Cortesão, Teixeira de Pascoaes e Leonardo Coimbra questões educativas centradas no programa das universidades populares, iniciativa pioneira da Renascença Portuguesa. Tão populares que a Universidade popular do Porto, só para dar um exemplo do modo como se trabalhava, oferecia cursos especiais intitulados Língua e Literatura Portuguesa, Ortografia, contabilidade comercial, escrituração comercial, Trabalhos manuais educativos, modelação em barro, contabilidade, música, noções de ciências, conforme podemos ler em relato exibido no n. 9 da Vida Portuguesa (4 de março de 1913) dirigida por Jaime Cortesão. No campo dos trabalhos manuais educativos, a Universidade popular oferecia trabalhos em papel, com ensino e prático em dobragem, formas artísticas, geométricas, objetos visuais; trabalhos em cartão (etiqueta, cartaz, caixas para guardar cadernos escolares) pastas para herbário, caixas simples, caixas para estojo, cubos, prismas, cilindros,etc., oferecendo ainda modelagem em barro. A universidade popular idealizada e praticada pelos mestres da Renascença Portuguesa ficou no subconsciente de Agostinho. Em boa oportunidade Agostinho, democrata sensível à carência humana, foi lutador incansável contra o analfabetismo e sempre recusou o orgulho arrogante dos catedráticos, preferindo escolher a vida da entrega da cultura em vasos populares capazes de neutralizar as diferenças e abrir caminho para a democracia e solidariedade.

Era ao Centro de Tradições Populares de Sobradinho que Agostinho levava sua equipe para exercer sua mente fraterna e democrática, para distribuir em bocadinhos utópicos e ideais, sempre com terna devoção, seus caldinhos populares de cultura. Falava do reino do Espírito Santo, da prioridade da criança, do Imperador Menino, dos santos populares, da utopia, do futuro em aberto, da realização soberana do espírito pela ação do Espírito, do Brasil-Portugal, da cultura universal, da transformação, da simbiose, da dinâmica do mundo para uma melhor qualidade. Ali era a tribuna sacralizada de Agostinho e de seus doze pares do Brasil. A seu lado, seu secretário institucional, Teodoro Freire, e logo a seguir, em doses discursivas e gestos sublimes de utopia, sempre presentes e atuantes, o Santiago Naud, o José Luís Conceição Silva, o João Evangelista, o João Ferreira, a Leda Naud, o Antônio Telmo, o José Xavier, o Bruneti, A Dinah, a Dona Mariana e no circuito de apoio, além de Eudoro de Sousa, amigo e coordenador do Centro de Estudos Clássicos, os comungantes idealistas augustinianos. Entre eles, o Pontual, o Kanaan, a Noemi Elisa, o Eudorinho, o grupo baiano liderado por Roberto Pinho, os estudantes Emanuel Araújo, Ordep Serra, Olímpio Serra, Fernando Bastos e tantos outros.Um centro de Tradições populares, sim, convertido agora em universidade de cultura popular, com mestres, alunos, ensino, aprendizagem e doutrina.

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