01-
Caminhando numa estrada
Ia João Boaventura
Junto com Maria Odete
Casal de muita estrutura
Ela, poeta e jornalista!
Ele, escritor humanista!
Os dois com muita cultura.
02-
João vivia lá na França
Maria vivia no Brasil
Ficaram logo amigos
Assim que um, o outro viu!
Nesse interesse comum
Eram como dois em um
Corpos no mesmo perfil.
03-
Tavam muito felizes
Falando do o dia-a-dia
Papos muito elevados
De amor e filosofia
Sobre o existencialismo
Vivendo o materialismo
No empirismo e utopia.
04-
Os dois intelectuais
Ateus juramentados
Em Deus não acreditava
Tavam determinados
Para eles, Deus não existe!
Isso era a coisa mais triste
Viviam acostumados.
05-
De repente o céu se abriu
Veio uma voz de trovão
Indagando esse casal
Sobre uma grande questão
Se em Deus acreditavam
Porque eles duvidavam
E o que pensavam então.
06-
A voz disse, eu sou Deus!
Vim aqui para provar
E quem duvidar de mim
Em sapo vou transformar
Deixo cês argumentarem
Se de mim duvidarem
Pena vão ter que pagar.
07-
O João falou primeiro
Não acreditava porque
Nunca ninguém lhe provou
Só queria ver para crer
Achava uma exploração
Pra muitos era ganha pão
Não conseguia entender.
08-
A Maria disse, me prove:
Até hoje ninguém provou
Mesmo assim é difícil
Mudar de opinião, não vou!
Isso pode ser magia
Coisa de tecnologia
Assustada eu não estou.
09-
Está vendo aquele lago
Lá será vossa morada
Transformados em sapos
Eu não vou falar mais nada
Lá um mês cês passarão
Depois eu vejo a reação
De vocês nessa jornada.
10-
Num raio muito brilhante
E cada um foi atingido
Em sapos se tornaram
Um barulhão foi ouvido
Não era coisa de mago
Eles foram para o lago
Pro castigo ser cumprido.
11-
Um coaxava para o outro
Em cima da folhagem
Numa linguagem de sapo
Mostrando sua coragem
A vida ali era dura
Para qualquer criatura
Pra comer só pastagem.
12-
Deus é bom e deu um jeito
Pro casal sobreviver
Diante desses perigos
Para a dupla entender
Que Deus só não existia
Como os dois protegia
Em tudo o que iam fazer.
13-
Foi passado aquele tempo
A claridade se fez
Uma voz forte lhes disse
Venham ser gente outra vez
Humanos voltaram a ser
Não conseguiam entender
Como viveram um mês.
14-
A Maria olhou para João
Bem depois daquele enquête
Os dois tavam travados
Como vírus de disquete
Saindo daquele molhado
Cheiro de sapo, ensopado!
Grudados feito chiclete.
15-
Como fomos virar sapo,
E depois viramos gente?
João falou pra Maria
Com sorriso diferente
Só pode ser feitiçaria
Isso me dá uma agonia
Embrulhando minha mente.
16-
João falou mei convicto
Isso foi um breve sonho
Essas coisas não existem
Vamos embora, proponho!
Ninguém vai me convencer
No que eu não posso ver
Nesse assunto sou bisonho.
17-
Que dupla mais incrédula
Falou Deus num vozeirão
Mesmo depois do castigo
Vocês não acreditam não
Continuam a duvidar
Maior castigo vão pagar
Pra aprenderem a lição.
18-
Antes de lhes da o castigo
Tem uma oportunidade
Fale se acredita em Deus
Com toda a sinceridade
O milagre já foi feito
Diga com todo o respeito
Deus existe de verdade?
19-
Relâmpagos para todo o lado
Na sensação de um terremoto
Clareando o mundo inteiro
Parecia um flash de foto
Deus perdia a paciência
Logo ia dá a penitência
Na experiência que anoto.
20-
No castigo da descrença
Voltarão a ser sapinho
Sendo por mais três meses
Num lago pequenininho
Só comerão insetos
Viverão nos dejetos
Cada um em seu cantinho.
21-
Novamente aquela dupla
Em sapo se transformou
Foram viver num laguinho
Um anjo pra lá levou
Sem nenhuma proteção
Ficaram por conta do cão
A mercê de predador.
22-
Essa dupla de anfíbios
Que um dia já foi gente
Passou por um mau pedaço
Grande perigo eminente
Só escaparam por pouco
João quase fica louco
E Maria quase demente.
23-
Era peixe era gaivota
Piranha ou jacaré
Todos queriam jantá-los
Comer um sapo qualquer
Só com sorte escaparam
Pra isso muito lutaram
Com unhas dentes e pé.
24-
Se passaram três meses
Deus de novo apareceu
Pra tirar aquele encanto
De ser sapo quele deu
A dupla voltou ao normal
Sem esquecer afinal
A experiência que viveu.
25-
Espero que desta vez
Vocês tenham aprendido
Que Deus existe de fato
Não pode ser esquecido
Uma chance ganharão
Eu lhes darei o perdão
Se ficarem convencidos.
26-
Quero que cês me digam
Falem alto e em bom tom
Confirme a existência de Deus
No espiritual tenha o dom
Falem com seu coração
Esqueçam um pouco a razão
E espalhem como ele é bom.
27-
A Maria e seu amigo
Foram trocar uma idéia
Queriam decidir juntos
Mas não queriam platéia
Tomariam uma decisão
Resolveriam a questão
Pro homem da Galiléia.
28-
Quero falar ao senhor
Sobre a nossa direção
Eu e minha amiga Maria
Já tomamos a decisão
Não iremos acreditar
Nem que o senhor provar
Em qualquer situação.
29-
Se Deus existe e é vivo
Deve ser uma coisa boa
Mas a gente não acredita
Pode nos chamar de à-toa
Sei que viraremos sapo
Mas encurtando esse papo
Estamos indo pra lagoa.
30-
Transformados em sapos
João e Maria praguejando
Pois nunca mais seria gente
Só ficaria ali nadando
Em Deus não acreditaram
Na fria lagoa habitaram
Já estão se acostumando.
31-
Deus comentou com um anjo
Como tem gente teimosa
Pois prefere o sofrimento
Do que a vida dadivosa
Só por suas convicções
Prefere as privações
Do que uma vida de rosa.
32-
Maria pra sempre virou jia
João virou um cururu
Maria coaxa no norte
O João coaxa no sul
Coaxando desolados
Periga ser devorados
Pelo jacaré Açu.
