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Cartas-->31. WALKYRIA -- 19/08/2002 - 07:31 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Desde bem pequenina, quando aprendi a soletrar as letras do nome, fiquei apaixonada pelo estranho, pelo desusado, já que as letras que compunham a benquista palavra não se contavam entre as comuns, as corriqueiras, as “nacionais”. Encaixei-me no exótico, às maravilhas, e tomei-me de amores pelos contos de fadas e príncipes, belos e misteriosos, com as amadas, loiras e sulfurosas.

Esse empenho pelo esquisito não era gratuito. Pela pesquisa levada a efeito recentemente, pude constatar que, na anterior encarnação, fora mulher apaixonada e queixosa, por não correspondida, tendo-me encastelado em torre de marfim, onde erigi mundo particular, fugindo das urdiduras da carne.

Era romântica, não como fruto da nostálgica escola literária, mas por me haver retirado da vida mundana, onde não conseguira atuar positivamente, tendo perdido o entusiasmo pelas realizações sociais.

Quando regressei à carne, a personalidade não poderia alterar-se significativamente, de uma hora para outra. Era preciso que vivesse muito tempo sob o domínio da matéria, eivada de graves problemas de sobrevivência corpórea e moral, lutando contra as adversidades circunstanciais, que o plano de vida se armara para me fazer resgatar a vontade de participação.

O meu nome dei como indício de que a psicologia infantil estava tendente a manter o tônus sentimentalóide da vida anterior, tônus profundamente incrustado na psique, a ponto de me fazer indolente e indócil.

Aos oito anos, vim a falecer, vitimada por projétil perdido, que a “bandidagem” do bairro se impunha aos cidadãos e aos policiais. Pela referência a tais fatos, pode-se deduzir que foi há pouco tempo que deixei o plano terrestre, ou seja, há oito anos, de modo que os parentes todos se encontram encarnados, sofrendo, é claro, o poderio da força e da estupidez humana.

Vejam o contraste violentíssimo entre os parâmetros da personalidade sutil e esvoaçante da ninfa etérea, com a grosseria dos elementos que me haveriam de forçar para a reflexão do aqui e agora da realidade premente.

O balázio não estava programado mas teve o efeito de sessenta anos de miséria e dor, sem fantasias atenuantes das premissas da necessidade de efetuar projetos simples de vida, para me manter íntegra.

Cheguei tonta, absolutamente cega para a verdade dos fatos, inconsciente da morte e da vida, querendo reaver os brinquedos, querendo soletrar o nome, querendo agasalhar-me nos braços poderosos do paizinho querido.

Houve quem relatasse que os protetores se fingem de encarnados, colocando a máscara dos parentes, para o efeito bondoso da manutenção do equilíbrio mental, durante certo tempo, indo, aos poucos e com total responsabilidade, desvendando a verdade. Comigo não se passou assim.

De repente, eis-me diante do caixãozinho branco, tendo o corpo carregado pelos coleguinhas. Para quem vivia a sonhar, o banho de realidade teria de efetuar o violento choque que me remeteria de vez para as agruras do planejamento inconcluso. Só não enlouqueci porque os protetores haviam armado sistema socorrista sofisticadíssimo, no qual se incluía a obrigatoriedade dos sedativos leves e do acompanhamento por espírito de luz. Estava nas mãos sagradas de meu anjo de guarda.

Que fizera para merecer a especial atenção?

Poderia considerar-me, verdadeiramente, aquele anjinho que deixa a Terra prematuramente, sem culpa, sem ódio, sem temor. Era inocente de espírito, inocência que deveria, inclusive, perder, na infantilidade das reações da vida pregressa, para transformá-la em humildade, prudência e pureza de intenções, na adulta evangelizada.

Se me dissesse apaniguada por essas virtudes, mentiria. Estou caminhando, sob o amparo sublime de Jesus, representado na colônia pelos mentores e professores, perlustrando a longa estrada das descobertas dos componentes psíquicos da personalidade. E tenho de vencer os percalços advenientes da perda de duas vidas, embora, de certa forma, ambas pela contingência da força exercida pelo campo externo, contra os desejos de progresso inscritos na alma.

Todas estas informações compõem emaranhado de causas e efeitos, cujo fio condutor não assimilei com nitidez.

Mencionei o fato aos colegas e ao Irmão José, que me aconselharam, porém, a redigir a mensagem sob o influxo das incertezas, porque iria facultar aos leitores a avaliação de momento importante da fase de descobertas espirituais e de fixação de diretrizes para a aquisição de diversos tópicos evangélicos, como o do interesse pela objetividade da ciência, pois viver de sonhos terá sido bom, no sentido de não sofrer demasiadamente, para além da possibilidade de suportar. Aqui e agora, entretanto, a existência se ergue à minha frente, como a Esfinge a propor-me a decifração do mistério, caso contrário, me devorará.

Tem o irmão médium questionado o vocabulário que lhe disponho como necessário e me afirma que sente nuanças românticas muito fortes, como se a assertiva de que não me envolvera pelos ideais do Romantismo tivesse sido forma de escamoteação da realidade.

Devo esclarecer que tenho muita leitura desses textos, sim, reforçada pelas histórias infantis, a que também me referi, na somatória das duas encarnações. Além disso, domino fluentemente o idioma, tendo em vista que tais conhecimentos se encontram fixados na mente e são de pronto despertados pela memória. O que não sei, exatamente, é de onde se originaram, pois há portas fechadas no corredor da existência.

Essa capacidade verborréica me deixa surpresa e me põe de sobreaviso para possíveis atrevimentos literários, em épocas remotas. Talvez o interesse pelos W, K e Y seja referendado por lucubrações imagéticas mais profundas e interessantes. Para lá chegar, deverei suplantar os aspectos negativos da hipersensibilidade, que é o que venho tentando alcançar junto à “Turma dos Primeiros Socorros”.

Sei que o próximo passo será dar assistência aos familiares, mas tenho colocado resistência a essa perspectiva, de acordo com a maneira habitual de reagir. Contudo, deverei resolver-me para muito breve ou acabarei perdendo a magnífica oportunidade de resgatar os aspectos práticos das ações. Pelo menos, a redação está concluída, pelo que agradeço profundamente a todos que me auxiliaram no campo da imantação e da tradução para os feixes vibratórios do médium.

Fiquem na paz do Senhor!

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