Nem a indecisão da tua boca
Tampouco a penumbra
Em que silencias a tua desfaçatez
Oculta a fragrância que recende
Dos teus olhares inebriados
Quando em mim apenas pensas
Pressupões que em tua ambiguidade
Calas o curvar do teu corpo
Que em desassossego e inquietude
Busca o meu em tênue encaixe
Pertencem-me os anseios teus
Que gemem na solidão de tuas noites
Em tua imaginação
Sou nota a ser regida
Pela melodia que canta tuas mãos
Sou som que apenas se escuta
Quando teus lábios me emudecem
E quando achas ter percorrido
O labirinto da minha volúpia
Sinalizo-te como caminho o tenro fio
Que te conduz ao princípio de tudo
E sou outra vez porta entreaberta
Aos passos dos desejos teus.