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Contos-->Menino Francisco -- 02/08/2002 - 18:14 (Paulo Milhomens) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Havia crescido assim. Com menos de seis, já lia
os clássicos da literatura brasileira e dizia seus
favoritos. Devorava os melhores capítulos de Reina
ções de Narizinho ou relaxava no sofá, flutuando
nas brincadeiras e anedotas contadas por tia Anas-
tácia. Detestava televisão. Nunca se acostumou a
ouvir os colegas de aula profetizando os próximos
episódios do herói "fulano de tal". Ainda que os
protagonistas se envolvessem com questões mais sim
ples, coisas do tipo: visitar um hospital, promo-
ver uma campanha beneficiente com objetivos mais
sólidos. Ou então, levar comida em asilos. Nada disso passava pela cabeça daqueles heróis musculo-
sos. Aproveitavam o tempo que lhes restava nos se
riados a desmascarar conspirações idiotas, comba-
ter monstros imbecís, voar pelo espaço ou rivali-
zar um determinado inimigo específico, tornando-se
um dos pilotos da estória. Já contava onze, quando
viu-se interessado por gêneros das letras europé-
ias: Oscar Wilde, Augusto Comte, Kafka... as teo-
rias materialistas eram facilmente interpretadas
e analisadas conforme critérios do pequeno, que
por sua vez, contestava equívocos filosóficos come
tidos por tais autores. "Sou apenas sincero com os
livros, se me deixarem falar, posso ir um pouco
mais além - retrucava nas aulas de literatura -
tenho plena convicção de que minhas onze primave-
ras não destituíram-me o direito de aprender como
tal". Seus professores sempre o julgaram um gênio,
não compreendiam uma criança teorizando o regime
socialista, as bases para a estruturação da econo-
mia no mundo, ou até mesmo, exercitar ensaios so-
bre ciências naturais e darwinismo nos moldes das
instituições universitárias.
Fugia a qualquer concepção. Não era possível. Uma
criança, sim, apenas isso, um menino. A verdade é
que tratava-se de um caso atípico. Alguém, que vin
do ao mundo poderia ter um desenvolvimento normal,
mas com uma mente aparentemente incomum, lógico,
designava-se uma exceção. Como era filho único, go
zava de plenas condições para uma infância descom-
promissada. Poderia brincar, sonhar com castelos
mágicos, bruxas, fadas, gnomos, cavaleiros destemi
dos... raios! Para quê tanto!? Já possuia a idade
da razão. Não seria necessário convencer-se dos
dogmas da tenra idade. Mesmo que seus pais não
pudessem compreender seus dons, nunca aceitou a
idéia da exclusividade prematura. Achar-se-ia uma
fatalidade para o limitado raciocínio humano em
qualquer época. Constata-se tais prodígios pelo
mundo, mas nenhum superou o jovem Francisco Cicí-
lio Lima.
Seus pais sabiam que não poderia permanecer no
segundo grau( já tinha treze). Especialistas no
assunto, professores, pedagogos e piscólogos avali
aram o caso, e concluíram que Cicílio estava apto
a ser professor universitário. Sabendo dos riscos
que isso representa para a vida normal de uma cria
nça, seus pais temiam prejudicá-lo, mas não escon
diam a ventura de ver seu único rebento com a inex
plicável maturidade de então. O caso tornou-se
manchete em vários jornais e redes de TV. Estudio-
sos do mundo inteiro estavam boquiabertos com o
jovem. Na universidade foi submetido a um exame
seletivo para sua futura grade curricular, e o pe-
queno demonstrou grande aptidão para ciências exa-
tas. Interessou-se em particular por Física e Bio-
logia, mas sua velocidade em resolver cálculos ma-
temáticos o fizeram escolher um curso em que tra-
balharia mais o raciocínio lógico. Matriculou-se
em Engenharia Mecânica. Em menos de dois anos na
faculdade, já havia absorvido todas as disciplinas
do curso com a nota máxima. Chegou até a frequen-
tar períodos mais adiantados em outras turmas para
completar a série de estudos que vinha desenvolven
do para um projeto em tecnologia aeroespacial. Tra
tava-se de um modelo novo para turbinas de aviões
a jato.
O leitor já deveria estar imaginando um ótimo fi-
nal a esta altura, até poderia concebê-lo, se não
fosse por uma precipitação na vida de Francisco.
Acontece que o projeto do jovem ciêntista foi copi
ado copiado por espiões do governo norte-america-
no, e acabaram patenteando a invenção. Certamente
teve idéia da amargura que culminou com o fim de
Santos Dumont. Desesperado, Francisco Cicílio Lima
disparou uma bala na cabeça. Contava na ocasião,
dezesseis anos... Na semana seguinte, defenderia
sua tese universitária e iria para o Guines Book.
Só dezesseis anos...
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