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Artigos-->O BONDE -- 16/03/2009 - 10:35 (RÔMULO OLIVEIRA MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




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O BONDE



Sou da época em que se colocava na porta das casas a garrafa de leite(CCPL),o pão e o jornal; do angu do Gomes na praça XV e da sinuca ou sanduíche de filé no Lamas; dos blocos de sujo no carnaval do centro da cidade; da gafieira Brasil; da formatura matinal no pátio da Escola pública para se cantar o hino e hastear a bandeira a nacional; do ficar de pé quando a professora entrava na sala de aula; do tratar de “senhor” os mais velhos;do uso freqüente das três palavras mágicas que abrem todas as portas: “com licença”, “por favor” e “obrigado”; do oferecer o lugar nos transportes ao sexo feminino, aos mais velhos,gestantes e deficientes físicos; do jogar bola de gude e pião; brincar de amarelinha e pega-esconde; de ouvir no rádio novelas como Gerônimo, o rei do sertão e o direito de nascer; de ler revistas em quadrinhos, como o cavaleiro negro, o fantasma e mandrake; de colecionar figurinhas Eucalol;de ler atentamente livros como – O homem que calculava, O pequeno príncipe,Simbah, o marítimo; de assistir seriados no cinema como Flash Gordon.

Vivi os anos dourados: dos ritmos como bolero, twiste e chá- chá- chá; das bebidas como samba,cuba-libre e hi-fi. Sou da época romântica, do namoro no portão, dos flertes entre os jovens do Pedro II , Colégio Militar e Instituto de Educação . Sou do tempo do bonde ! Seu condutor...tim!...tim! Seu condutor...tim!...tim!,pare o bonde pra descer o meu amor !

O bonde era um meio de transporte apropriado para a sua época. Não havia a violência de hoje. Não existiam o número de pessoas e a quantidade de automóveis de hoje. Os passageiros pareciam não ter muita pressa. Havia um ar de cortesia e esperança entre os seus ocupantes. Eles apreciavam melhor a paisagem. Havia também as lotações, mais caras e mais velozes que coexistiam com o bonde.

O ônibus elétrico foi o sucessor do bonde,aproveitando a sua malha elétrica. Os trilhos desapareceram e o barulho diminuiu com a substituição das rodas de ferro pelos pneus. A evolução retirou rapidamente os tais ônibus de circulação. Chegaram os papa-filas e, com pouco tempo, se foram. Hoje é a vez do metrô refrigerado a ar, transporte rápido e silencioso. Estamos em outro tempo.

Feliz daquele que teve a oportunidade, como eu, der usar os bondes, vivenciar aquela era perfumada e permanecer com saúde para poder comparar o transporte moderno de nossos dias atuais, nessa época de violência, de liberdade total, sem barreiras e sem limites !Por diversas vezes escuto na rua moças em um grupo de rapazes falando com muita naturalidade palavrões que não tenho coragem de dizer e, claro,não tenho a ousadia de escrever aqui.

O bonde marcou época. Lembro de um cartaz que havia no seu interior onde se lia numa propaganda de xarope contra a tosse: “Veja o ilustre passageiro/ Aquele tipo faceiro/ Que você tem ao seu lado/Mas acredite/Quase morreu de bronquite/Salvou-o o Rum creosotado “

Vem à mente a imagem do cobrador que se desdobrava para ultrapassar os passageiros que ficavam no balaústre. Ele como o motorneiro ou condutor, usavam uniforme de cor azul escuro, sapatos e meias pretas, camisa branca e gravata preta. Havia o boné com a numeração própria em um escudo de latão.

A cada cobrança ele registrava em uma máquina arredondada que ficava à vista dos passageiros e era acionada através um sistema de alavanca de ferro com puxadores de couro. Um em cada entrada dos bancos. O sinal para parar ou seguir era dado por ele através o acionamento de uma corda ligada a campainha. Tim !......Tim.!...Tim!...

Os foliões do carnaval brincavam e eram transportados pelos bondes para as ruas centrais do Rio a fim de se divertirem no “sujo”. Recordo de pontos de concentrações de linhas de bondes ou pontos finais, como o edifício central, onde se bebia um chope gelado com pastel de carne. Aqui ficava o pessoal para o baile do cabide; O tabuleiro da baiana, onde se tomava aquele caldo de cana! Aqui saltavam os freqüentadores do cordão do bola preta. Os bondes eram conhecidos pelo número que ostentavam na frente. Para dar um exemplo o 12 era o de Ipanema.

Tive o privilégio de ter vivenciado a bela época do bonde na cidade maravilhosa ! Bons tempos !



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