Quem és tu?
sou a Filosofia.
Por que existes?
Para conceituar. Tenho poder, organizo e fundamento.
Por que faz isso Filosofia?
Não sei...
[Um silêncio e subitamente a Filosofia questiona]
Quem és tu?
Sou a Poesia.
Por que existes?
Para expressar sentimentos humanos. Sou o instinto, a emoção. Tenho também o poder.
Por que faz isso Poesia?
Não sei.
[Novo silêncio]
A Poesia tenta compreender a Filosofia, e esta tenta compreender a Poesia.
A Poesia, para isso, se tornou racional, perdeu sua forma, começou a apodrecer e a expressar sentimentos de morte.
Morre, morre a Poesia.
Assustada, a Filosofia começa a soluçar e a tentar entender o que aconteceu com a Poesia.
A Filosofia emociona-se, perde sua forma, começa a desintegrar. Tenta se esquivar dos paradoxos, do curto, da emoção.
Morre, morre a Filosofia.
A morte da Poesia e da Filosofia.
A morte do Pensamento.
Lá, no lugar da morte, um louco vento leva os restos poéticos e filosóficos.
Um homem, ex-macaco, um ser humano fica a par da morte do pensamento. Tenta salvá-lo e começa a questionar.
[O Homem com tino poefilosófico se desespera]
Ser poético
ou ser filosófico?
Crie a diferenciação
e estabeleça a união.
Poesia é misologia,
o que é antagônico à
Filosofia.
Poesia é ópera,
Filosofia é grito conceituoso.
Aquela contrói o EU,
esta o desconstrói.
A Poesia é um atributo,
A Filosofia é a substância.
Aquela é predicado,
esta é sujeito.
Poesia é instinto.
Filosofia é instituição.
O pensamento, então, renasce poético
e filosófico.
Busquemos aspectos compatíveis e criemos a nova forma de pensar:
A POEFILOSOFIA
e o pensamento ressuscitado.
* Conto semi-poético de tendência pós-moderna escrito em 1995 por um jovem delirante e perdido nos labirintos do conhecimento.
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