“ Ao teu nome,
a láurea dos sonhos
que eu comprei para as minhas mentiras.;
à tua alma,
a promessa de um elo eterno e inadjetivável.; e,
à tua esperança,
a devoção deste que dela vive.
Quando tu contemplares o fundo e retornar ao topo,
a trazer nas costas a nostalgia e o fastio da frustração do tempo,
lembrar-te-á deste,
cuja alma suja foi a leilão
porque nem mesmo o dono quis reavê-la.
E quando todas as frustrações forem exauridas
e tu quiseres beijar-me, em desespero,
porque tu tens ainda muito tempo e o sucessor de Nietzsche já chega para desgraçar a era que ora tem início...
...eu posso não mais estar no cais
e já ter zarpado com os camaradas
na primeira galé que prometa ancorar
no Principado das Maravilhas.
Mas tu, que a mim prometeste prodigalizar dias em antepastos de plenitude
e que se demonstra capaz de me deixar zarpar na primeira galé de desesperança,
vem a mim acorrer,
sem antes dizer-me as razões...
cá estou, pois, imerso em açoites e rupturas sensíveis...
...em companhia da vileza dos que nada têm a perder
e das gargalhadas dos que, em desespero, procuram gozo no próprio infortúnio...
...porquanto o termo me aguarda.
Novamente ludibriado, não chegarei a contemplar o Principado,
antes morrendo na lâmina do açoite soberbo.
Há, ainda, um sacerdote, que,
a fazer as vezes de padre, consola-me com uma unção.;
a repousar nos lábios dele, o esteio da mansidão:
“(...)Oh, Admirável Mundo Novo, que encerra criaturas tais!...”
As palavras dissolvem-se e a aurora irrompe em lágrimas
que assentam as bases do Império do Mesmo
e prenunciam a última tempestade. “
Lindolpho Cademartori
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