Certa vez ouvi um senhor contar sobre um troço que até hoje se duvida. Todos sabiam que ele era proprietário dum restaurante. Para mim, ele parecia ter saído de acontecimento poético ou ainda seria dono dum violão que trazia sempre por perto. Com sotaque do campo, de erre puxado, mas com bom português, narrou sobre enterros que aconteciam em sua cidade natal. Tinha muita gente boa por lá, acrescentou. Contou que transportavam qualquer defunto até o cemitério local num tal de banguê. Que espécie de trem era esse? Parece que se tratava dum lençol amarrado num bambu que dois homens carregavam. Depois disse que havia um tipo de caixão comunitário, mais conhecido como "caixão das almas". E daí, tocou adiante... Conforme se ouvia, menos eu entendia, sequer acreditava. Ele conseguiu ser popular e agradou muita gente. Poderia ser um caipira ou quem sabe um caboclo. Eu não sei. Só sei que durante um bom tempo fiquei imaginando aquele senhor em seu cavalo malhado, com sua viola no ombro, em busca de sombra e água fresca. Mesmo pertencendo à cidade pude sentir riqueza em sua simplicidade. Porém, sobre aqueles troços todos que contou, isso, é uma outra história.