Usina de Letras
Usina de Letras
297 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62171 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50575)

Humor (20028)

Infantil (5423)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->A cavalgada (mini-conto) -- 17/06/2000 - 15:42 (Max Diniz Cruzeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lender quando criança, em temporada de férias, as idas a fazenda de seus tios lhe proporcionavam grande divertimento. Os passeios a cavalo convertiam em laboriosas risadas por parte das pessoas que assistiam às quedas. E não teve uma única vez que não caísse do animal.

A primeira cavalgada. São muitos os animais que no curral esperam a hora do passeio. Quase que instintivamente e bem treinados aguardam o momento em que o cocheiro lhe jogue o laço sobre o pescoço, para colocar a cela e arreio sobre o dorso do animal. O garoto pergunta qual o mais dócil. Apontam-no uma égua que está ao fundo. É feita esta escolha. Tenta subir no animal. Primeiro tenta do lado errado. E por pouco o animal não lhe fere com os dentes. Segunda tentativa, já do lado certo. Coloca uma força anormal no impulso. Cai do outro lado. A platéia delira de felicidade. Tenta uma terceira vez, desta vez ficando posicionado sobre a porteira. E enfim consegue se equilibrar no animal. Este era o primeiro contato de amor e ódio entre os dois. A égua a cada nova cavalgada passava a odiar ainda mais aquele menino indeciso. E ele a amá-la, por ser dócil e obediente. Ela trota durante o percurso. Ele se desequilibra e cai.

Porém não desiste, no dia seguinte nova tentativa. As dificuldades de sempre. Enfim monta. Ele e as demais pessoas que o acompanham cavalgam pelo pasto. O menino é sempre o último, pois temia nova queda. Mas os cavalos gostam de correr. E um deles começa a cavalgar em alta velocidade. Os demais com instinto de disputa querem ultrapassá-lo. E a égua dispara. O coração gela. As pernas bambeiam. Nada faz a égua parar. O rosto se contorce. Ele freia,… freia… freia e ela não o obedece. Até que um cavaleiro que corria próximo segura as rédeas e emparelhando consegue diminuir a intensidade do animal. Enfim o equilíbrio se estabelece. O garoto dá sinal. O animal para a corrida e começa a andar. Ele tenta recobrar o fôlego. O animal pára. Ele se desequilibra e cai novamente. Outra sessão de felicidade espontânea. Parecia não haver solução.

Terceira cavalgada. Todos na sede da fazenda. O animal já começa a demonstrar raiva ao ver o menino. Talvez pela indecisão de lhe ordenar a correr, em seguida parar. Era visível a sua irritação. Desta vez, um milagre. Consegue de primeira subir no dorso. Os sorrisos da platéia não acontecem. Uma evolução. Todos resolvem sair do curral pelo pomar de mangueiras. O primeiro cavaleiro vai à frente e segura a porteira para os demais passarem. Uma vez do outro lado, um por um, abaixa-se para passar por entre os galhos das árvores. E todos obtêm sucesso. Lender é o último. Se distrai; e um galho em formato de ‘v’ se enrosca por debaixo de seus braços. Rapidamente o garoto dá ordens ao animal para parar. A égua não pára. Ele fica dependurado sobre os galhos. Lentamente o barulho da madeira geme. O galho quebra, é a queda. A platéia que antes tímida, agora era gargalhadas. O evento tão esperado do dia finalmente acontecera.

Décima cavalgada. Toda a fazenda se mobiliza. O momento mais esperado do dia. Hora da cavalgada. Os peões estão bem posicionados por sobre a cerca de madeira. As mulheres da janela observam na expectativa do momento emocionante. As crianças largam a bola por instantes para assistir ao espetáculo. Os cavaleiros um a um se aproximam. Pegam seu cavalo. São colocados por último os arreios na égua que se encontra ao fundo. Talvez para dar maior emoção à cena. Todas as tentativas anteriores converteram em queda. Cada uma na sua forma diferente. Por certo, interiormente, disputavam o que aconteceria agora. Chegada a hora. Ele impulsiona. O animal anda. Fica deitado de barriga para baixo sobre ele, não conseguindo se sentar. Sua voz tremida pelo caminhar da égua, pede: “so …cor…ro … socor…ro…”; e o esperado ocorre. Delírio geral. Da sacada o sorriso. Das cercas o riso fácil; das crianças que jogavam bola, a certeza de que valeu à pena a interrupção do jogo; e das mulheres o sorriso angelical pelo infortúnio. Nova tentativa. Enfim conseguem. Todos voltam a seus afazeres. A diversão não se repetiria mais aquele dia – pelo menos era o que achavam. Naqueles dias o tempo era chuvoso. Já bem distante da sede da fazenda, a égua trota. O equipamento que cobre o animal estava folgado. E a cada trote a cela ia se desprendendo junto com o menino em sentido horário. Mas à frente, uma poça de lama se aproximava. Temendo que a queda fosse por cima da poça, dá ordens para que o animal pare. Ele não obedece. Era sua desforra. E então começou a lhe dar sinais que continuasse a cavalgar. Assim, passaria depois da poça e não cairia na água, e sim em solo firme. Mas queria mesmo contrariar. E instintivamente o animal pára exatamente sobre a poça. O resultado. A lama cobria o seu corpo agora. Voltou à fazenda. Não tinha fuga. Todos viram as conseqüências da queda. Enfim as férias esgotam e voltam à cidade cheios de boas e más recordações.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui