É claro que o poeta sofre ainda,
Que a dor não desperdiça este momento,
Porém, a sua sina de tormento
Não lhe parece aqui que seja infinda.
A fila que deseja o esquecimento
Dos males não se sente na berlinda,
Julgando cada qual será bem-vinda
A trova que compôs sem sofrimento.
O canto que disponho em verso chocho,
Com os seus pés quebrados, chega coxo,
Mas traz o meu recado muito caro.
Estou feliz deveras: não bronqueio,
Se alguém me censurar julgando feio
O meu soneto, por não ser preclaro.
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