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Artigos-->BAIANADA -- 29/12/2001 - 17:49 (Geraldo Lyra) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quem conheceu a praia de Boa Viagem no tempo do bonde - um com seu próprio nome e outro que ia mais longe, a partir do Centro do Recife até a praia de Piedade, este também conhecido pelo nome do destino - lembra-se da vida tranquila, sem notícias de assaltos, de traficantes e drogados e, muito menos, de turismo sexual praticado por "gringos" esperados por mocinhas pobres no Aeroporto dos Guararapes e levadas para a orla marítima...

Era uma vida pacata, bucólica (até a década de ciquenta), sem o luxo dos hotéis e super-mercados de hoje. Se era melhor ou não, as opiniões variam; pois, argumentos existem a favor do passado, como os há, com certeza, em defesa do presente.

O caso a seguir, porém, aconteceu há cerca de uns dez anos, e, portanto, é do presente.

Um advogado e uma professora, jóvens e belos, casados de pouco, foram residir em apartamento de primeiro andar - na conhecida praia - em edifício da rua dos Navegantes: para quem ainda não veio à Veneza Brasileira, informamos que tal rua é paralela à Av. Boa Viagem(beira-mar) e tem, do outro, lado, a Av. Conselheiro Aguiar, o que corresponde - mais ou menos - à Av. Atlântica, à Av. N.S. de Copacabana e à Barata Ribeiro, no Rio. Aqui a via do centro - a Navegantes - ainda hoje é a mais tranquila e preferida de muita gente, mesmo sem vista para o mar. De qualquer forma fica a menos de cem metros da praia de que a professora(chamemo-la Dulce) era assídua frequentadora, seja pelos exercícios que fazia para manter o corpo escultural, seja para tomar um bronzeado. Como dava aulas à tarde, tinha as manhãs livres para a prática de seu "hobby".

Já o Dr. Marcos(digamos ser este seu nome), só a acompanhavanos nos fins de semana, pelas inúmeras causas no Forum, que o obrigavam a dar dois expedientes - escritório na Av. Dantas Barreto - Centro - dedicado que era à sua profissão.

Voltemos, todavia, à professora Dulce: acompanhada de uma empregada doméstica, com alguma parenta, amiga ou sózinha, não perdia uma praia. Só se chovesse forte ou por motivo de gripe(o que era muito raro, pois, vendia saúde aquela linda mulher).

Certo dia, contudo, quando se preparava para mais um banho de mar, o telefone tocou e era Dr. Marcos, dizendo-lhe de uma viagem que faria a Maceió-AL, naquela manhã e pedindo que arrumasse sua maleta. Daí a uma hora, ele chegou acompanhado do amigo do casal conhecido por X-9, o qual era investigador e fazia um "bico" como taxista.

O advogado, sorridente com a antevisão da boa grana que iria ganhar, e pela presteza da querida esposa, despediu-se dela entre beijos e abraços, e recomendou-lhe que tivesse cuidado com a janela defronte da marquise. Ao que ela retrucou: "Vá sossegado, amor, que estarei atenta." - Tudo bem - disse ele - talvez demore uma semana..."

O trabalho em Alagoas durou, apenas, de três a quatro dias e foi um êxito para o jóvem causídico. Quando chegou de volta, despediu-se do amigo na portaria e subiu a escada para o primeiro andar, tal a ansiedade de rever sua querida esposa: nem quis esperar elevador.Ao tocar a campainha pela segunda vez, a porta abriu-se e ele viu a sua amada em prantos. Abraçaram-se e foram sentar no sofá, quando ele indagou: "O que aconteceu?" E ela, soluçando:"Querido, alguém entrou pela janela - justamente a que você me recomentou tanto -, perdoe-me amor; não sei como aconteceu; mas, levaram nossas jóias!" Tranquilize-se!", disse ele com afeto e com carinho, e acrescentou: "Vou telefonar para o X-9 e solicitar a colabopração dele junto ao delegado do bairro, para ver se recuperaremos nossos bens". Dito e feito. Ligou para a delegacia e, por sorte, falou com o amigo contando o ocorrido. Então, ele disse que ia falar com o delegado e solicitar-lhe mais dois policiais conhecedores da área. Depois daria resposta.

No dia seguinte, o X-9 ligou dizendo que conseguira dois investigadores e já tinham iniciado as investigações. Entretanto, o delegado disse ,que lhe falasse para colaborar no abastecimento das viaturas. Tudo acertado, X-9 foi pegar um cheque no escritório do Dr. Marcos,e,depois - não mais do que uma semana -, o telefone do Dr. Marcos tocou, e o próprio delegado disse que tinham prendido o gatuno e que o casal comparecesse para o reconhecimewnto do produto do furto.

No dia seguintye, marido e mulher, acompanhados do X-9, foram à delegacia.Lá chegando, o delegado mostrou numa mesa, sobre um lenço com motivos de Salvador(a visão do Elevador Lacerda, por exemplo), umas figas, patuás e um relógio usado.

Dr. Marcos exclamou: "Esta merda - desculpe, "seu" delegado! - não é nossa! Nos surrupiaram jóias de vaslor!"Daí, o delegado gritou para um carcereiro:"Vá buscar o elemento".

Daí a pouco, apareceu um cara algemado, que foi logo dizendo: "O "causo" foi o seguinte, "dotô": eu andava por Boa Viagem pensando em "defender" algum porque estava liso, quando vi uma escada dando sopa numa construção. O vigia tirava um cochilo, e eu botei a danada nas costas, atravessei a rua e entrei no primeiro prédio com porta aberta. O porteiro chegou a gritar: "Ei, rapaz, para onde vai com essa escada?" Na hora, eu vi uma janela aberta e respondi: "A "madama" do primeiro andar ali mandou eu fazer a limpeza". Aí buzinou um carro para entrar e eu fui em frente. Ao pular para dentro do apartamento, eu ví as roupas aí do "dotô" e da "madama" espalhadas no sofá . Mexi em todas as "gaveta" que fui vendo e encontrei as "jóia". Já tinha botado no pulso o relógio qui tava no paletó e, no bolso, os negoço de macumba aí do lenço baiano.

Escutei um ronco e fui, pé ante pé, até a porta do quarto entre-aberta: o "dotô" e a "madama" estavam numa boa, e eu fiquei com medo. Saí devagarinho, descí a escada e agradecí ao porteiro, dizendo que já voltava. No calçadão, vendí as "jóia" a uns "gringos" e fiquei com o relójo e esses negoço aí pra me dar sorte..".

O leitor poderá pensar na janela aberta: o baiano abriu enquanto dona Dulce tomava banho. Quanto à empregada doméstica, ou foi cúmplice, estava de folga ou a patroa mandou a algum lugar...

Depois das confissões do marginal, Dr. Marcos ficou lívido, vomitou e precisou ser socorrido numa farmácia próxima: dos males o menor - não foi hospitalizado.

A professora infiel chorou muito nos braços do X-9 e ouviu do marido(na volta da farmácia):"A partir deste momento não voltarei a viver com esta mulher - vamos tratar do divórcio!"

O que não fazem um baiano conquistador e uma janela aberta! Se esta tivesse continuado fechada e Dr. Marcos tivesse demorado mais tempo na sua viagem, o fim desta história seria outro, talvez até com mais uma tragédia por motivo passional.

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