Esta discussão sobre falar de política num site literário me parece infrutífera. Os bons livros que li durante a minha vida faziam o retrato da sociedade naquele momento, independente da posição política do autor. Parece que estamos ressuscitando os diálogos entre Sartre e Aron, ou um realismo sociológico às avessas. Ao abrir as páginas de Flaubert, Èmile Zola, Balzac, Victor Hugo ou Proust, nos deparamos com uma fotografia da época, por mais diferenças políticas que tivessem esses grandes escritores. O mesmo se pode dizer de Goethe, Musil, Thomas Mann ou Hermann Broch. E o que dizer da visão politizada dos escritores latino-americanos? Existem diferenças entre Jorge Luiz Borges, Sábato, Júlio Cortázar, Guimarães Rosa e Garcia Márquez? É evidente, mas em todos os textos, em grau maior ou menor, o discurso apresentado fala nas entrelinhas, da vivência do autor. Por mais poético que seja o romance, mesmo através do realismo mágico, não se pode fugir da assertiva que diz que o homem é um animal político, também. Se vamos nos ater à premissa da arte pela arte e nos embriagarmos de estética, poesia e inventarmos um mundo cor-de-rosa, tudo bem. Mas, cada um tem o direito de escrever sobre o que quiser. Também não aprecio as discussões de baixo nível, mas, espero que a tão cara liberdade de expressão seja o mote do site. Afinal, a usina de letras me foi recomendada há pouco tempo e gostaria de escrever de vez em quando, e também participar de fóruns que tratassem de literatura, arte, poesia, jazz, cinema, mas também de política. |