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Contos-->Guerras nas Estrelas -- 30/07/2002 - 19:42 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
GUERRA NAS ESTRELAS
(por Domingos Oliveira Medeiros)

Era habitante do Planeta Terra. Acordou cedo naquela véspera de feriado. Corria o ano de 2.099. Estávamos no dia 05 de outubro. Véspera das eleições que iria escolher, entre outros, o mandatário maior. O presidente de seu planeta. Diante da perspectiva de melhoria de vida, somava-se a alegria pela proximidade de um novo ano e de um novo século; tudo acontecendo ao mesmo tempo. Um momento raro na vidas das pessoas. Mas que sempre costuma vir acompanhado pela fantasia da euforia gratuita e despropositada. Euforia envolta, quase sempre, num mistério e num misto de magia e de sobrenatural. E de apreensão e angústia.

Depois do banho, sentado à mesa, fazia o desjejum e lia o seu jornal. As notícias não eram muito auspiciosas. Aliás, em toda a Galáxia. De Plutão, a grande potência, chegavam notícias de que grandes executivos, de grandes conglomerados econômicos, de organizações de reconhecida capacidade empresarial, estariam tendo seus balanços contábeis fraudados pelos seus executivos, numa manobra de enriquecimento ilícito, que ameaçava derrubar a credibilidade do sistema financeiro de toda a Galáxia. Trazendo, no seu bojo, sérios prejuízos e desconfianças aos investidores e, principalmente, às economias dos planetas ditos emergentes, como Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. Apenas o chamado “Velho Continente”, representado pelos planetas Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, sofriam, com menor intensidade, as variações cambiais da moeda plutaniana. Aliás, em relação à “plutodólar”, a moeda do velho continente até que levava vantagem.

Enquanto isso, em relação aos países emergentes, o “plutodólar” valorizava-se à cada dia, em proporções geométricas; chegando, naquele 05 de outubro, a valer PL$ 3,276 em relação à moeda da Terra. E as más notícias não paravam por aí.

Até o final de outubro, após as eleições, estariam vencendo cerca de PL$ 7 bilhões da dívida dos investidores de Plutão. Mas a Terra não dispunha desta quantia e nem havia crédito disponível em toda a Galáxia. Justamente, por conta desses fatos fraudulentos.

Os empresários locais estavam apostando na possibilidade de o Banco Central da Terra continuar suas intervenções no mercado, comprando “plutodólares”, a fim de sustar sua crescente valorização frente à moeda terrena. Enquanto isso, o governo da Terra mandava à Plutão uma equipe de técnicos, com a finalidade de adquirirem, junto ao FMI – Fundo Monetário Intergalático, um empréstimo de reforço de reservas cambiais. A estimativa era a de que a Terra necessitaria de cerca de PL$ 1 bilhão de plutodólares por semana, para fechar suas contas. Mas o problema maior era a chamada aversão dos investidores ao “risco-Terra”; por isso, estavam redirecionando seus recursos financeiros para outros mercados, mais confiáveis; desde que não fossem nem a Bolsa de valores de Plutão, por causa das fraudes, e nem o chamado terceiro mundo, que abrangia Mercúrio, Vênus, Marte e Terra.

Assim, ao acreditar mais no Velho Continente (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) , como local mais seguro para seus investimentos, a moeda do velho continente subia de valor frente ao petrodólar, enquanto, ao contrário, o petrodólar valorizava-se em relação à moeda do terceiro mundo, posto que, pelas leis da Galáxia, quanto maior a procura, maior o preço. E os plutodólares, na ´Terra, por questões de endividamento público e privado, eram muito procurados para liquidar contas vendidas, aumentando, assim, de valor.

E o nosso amigo continuava com seu cafezinho e sua leitura. O preço de uma passagem, ida e volta, da Terra para Marte, estava nas alturas. Ninguém conseguia viajar mais de nave espacial. A classe operária, então, nem se fala. Tinha que suportar o desconforto de viajar de avião. Isto sem falar no alto nível de desemprego. Tudo por falta de investimentos em quase toda as áreas da nossa economia. Não havia dinheiro para mais nada, a não ser pagar os juros da dívida, pegar mais emprestado, e aumentar a dependência celeste.

Setores como habitação, educação, segurança e saúde estavam simplesmente falidos. Nenhum projeto de peso para estas áreas. Mas as eleições estavam acontecendo. E por incrível que pareça, o presidente - que saía - ainda fazia força para apoiar gente que desse continuidade ao seu governo. E o seu ministro da economia não fazia por menos. Além de apoiar o candidato oficial, ainda ia para a televisão dizer coisas evasivas, do tipo: “as conversas com o FMI foram intensificadas, mas, por enquanto, não haverá necessidade de o FMI reforçar as reservas terrenas além do que foi combinado”. “Há um processo em curso e é positivo, para que saiamos desse impasse”. “Não sei quanto tempo demorará. Poderá levar semanas, mas não posso precisar.” “Nós não estamos parados, estamos agindo”. “Não vejo razão para essa ansiedade excessiva em relação ao futuro de nossa economia”. “isto tudo é um tremendo exagero”. “Não há motivo para preocupação”“A dívida é perfeitamente administrável”.

O detalhe é que somente a dívida pública já atingia a casa dos PL$750 bilhões. Quase 60% do PIB terreno. Mais de dez vezes o seu valor da época em que o atual governo da Terra assumiu seu primeiro mandato. Outro detalhe, não havia mais nada pára ser privatizado. Já tinham vendido todas as empresas estatais. Mais um detalhe: o governo passou quase oito anos sem corrigir a tabela do imposto de renda. E agora, no final do seu governo, fez a correção pela metade. Mais um outro detalhe: prorrogou impostos criados e não deixou espaços para a criação de novos. Conclusão: estava de mãos atadas. Fez tudo que não devia. E agora não podia fazer mais nada.

E parece que a coisa perdurará por mais alguns milênios. Plutão não dá sinais de que pretende estabelecer um relacionamento cordial com os planetas. Aliás, seu presidente parece que vive no mundo da lua. Só pensa em invadir território alheio. Com a alegação, discutível, de que pretende combater extra-terrestres. Está inaugurada a era da Guerra nas Estrelas. Estamos andando para trás. Voltamos ao saudoso ano de 2002, quando a situação ainda estava sobre relativo controle. É esperar prá ver.

E o nosso amigo, de classe média, pensativo, mais uma vez, confiante, sai de casa para escolher seus candidatos. Aquele que melhor poderá conduzir a nave do progresso. E refletia com seus botões. Tempo bom o de nossos avós!...

Domingos Oliveira Medeiros
30 de julho de 2002
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