A SUBLIMIDADE DAS MÃOS
Filemon F. Martins
Hoje quero falar das mãos. Das nossas mãos. É certo que existem mãos que machucam, roubam, exploram e arrancam vidas. Mãos sujas, trapaceiras e desonestas que corrompem e destroem, especialmente quando chegam ao poder.
Mas não quero falar dessas mãos. Prefiro falar daquelas mãos marcadas pelo trabalho. Pela coragem. Rudes e calejadas, mas honestas. Mãos do trabalhador desprotegido, abandonado. Mãos que trabalham a vida inteira para ganhar algumas migalhas. Mãos que lavram a terra, mãos que plantam o milho, o trigo, o feijão e o arroz; plantam as flores que perfumam a vida e enfeitam a morte. Mãos de brasileiros que vivem excluídos. Brasileiros, sim, mas excluídos. Excluídos da saúde, da educação e da família. Excluídos da vida e do mundo.
Quero falar das mãos finas e macias. Mãos amigas que acolhem, amparam e protegem. Mãos que curam e amenizam a dor. Eu as conheço bem. Mãos que escrevem com o coração, com a sensibilidade do amor. Mãos leves, suaves e perfumadas. Mãos que tocam uma música sublime, quase celeste, que enternece a alma, transportando-nos aos páramos dos céus. Mãos mágicas que acariciam sem nos tocar fisicamente. Mãos que falam de amor, de carinho e de compreensão.
E por que não lembrar das mãos de José, homem trabalhador, cumpridor da Lei, justo e fiel, humilde carpinteiro da cidade de Nazaré? E as mãos de Maria, mulher meiga e sublimada, símbolo de mãe, escolhida e bem-aventurada entre as mulheres?
Mãos milagrosas de Cristo, o iluminado da Galileia, Profeta de Jerusalém escrevendo na terra um poema imortal de Paz, Justiça, Verdade e Ternura. E mais tarde, no Gólgota, escrevendo na cruz, com o próprio sangue, a grandiosidade do Perdão. Ah, essas mãos merecem ser lembradas e elogiadas.
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