Um desfile só de Avião
(por Domingos Oliveira Medeiros)
A beleza é relativa
Mas a moda influencia
O padrão de cada dia
É o da mulher ativa
Que todo mundo cativa
Vai formado opinião
O desfile no salão
O corpo bem trabalhado
Mostra a cara e o rebolado
Deixa a turma sem ação
Vem a loira bem vestida
A morena logo atrás
Mostrando todo o seu gás
Com a pose de atrevida
Mostra a coxa bem nutrida
A loira parece um avião
Chama logo a atenção
De todos os passageiros
Sejam casados ou solteiros
Deixa a turma sem ação
É a vez da japonesa
Com sua roupa florida
Traz no peito a margarida
E uma toalha de mesa
Mostra toda a realeza
Enfeita todo o salão
Decolando pelo chão
Desfile bem sensual
Mostra a força oriental
Deixa a turma sem ação
De repente a cor da raça
Com seu sorriso vibrante
Muda todo o semblante
Aterissa cheia de graça
A negra que nos enlaça
Muda o tom e o padrão
Mulher quente de verão
Nossa mulata primeira
Amiga e eterna guerreira
Deixa a turma sem ação
E o desfile vai seguindo
Voando pelo salão
Vai fazendo a confusão
Vestuário definindo
Novo padrão construindo
O público presta atenção
O clima é de emoção
Muita mulher bonita
Quase ninguém acredita
Deixa a turma sem ação
Mulher grande e pequena
Rebolando e sorrindo
O amor vai conduzindo
Aquele jogo de cena
Envolto em luz amena
Pernas grossas pisam o chão
Entre o desejo e a explosão
Mulheres de todo jeito
De corpo belo e perfeito
Deixa a turma sem ação
Mas no final a coisa muda
A roupa que é produzida
Não serve pra ser vestida
Além de cara, a bermuda
Não entra na barriguda
Não cabe no seu corpão
Essa é a grande questão
A mulher do companheiro
Que ficou o tempo inteiro
Vendo a turma sem ação
Resolve então ir embora
De braços com o marido
O seu homem tão sofrido
O homem que ela namora
Seu amante agora chora
A Deus ele pede perdão
Seu pecado é a tentação
E chora o tempo perdido
De nunca ter assistido
Desfilar tanto avião