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Artigos-->Todo fã é um idiota -- 19/01/2009 - 10:58 (Janete Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Por Regis Tadeu, colunista do Yahoo! Brasil





Sim, é isso mesmo o que você acabou de ler aí no título deste artigo.





Antes de tudo, é preciso deixar claro: fã é todo aquele ser que chora por seu ídolo, que coleciona pastas e pastas com fotos de seu objeto de desejo, que tem seu quarto forrado de pôsteres do alvo de seu fanatismo (palavra que, não à toa, originou o termo "fan" ou "fã", dando uma `abrasileirada`), que chora na porta de camarim, que passa dias e dias na fila, esperando o momento de entrar no local onde acontecerá o show de seu "amor não correspondido". Ou seja, é o retrato nu e cru, despido de qualquer racionalidade, de um idiota.





Se você é daquelas pessoas que adora o seu ídolo de uma maneira eqüilibrada, que aprecia o seu trabalho quando o cara manda bem, mas reconhece as pisadas na bola e os vacilos, então você não é um fã, mas sim um admirador. Você simplesmente gosta da banda ou de quem quer que seja. Você não o ama, não chora por ele, não grita, não se desespera quando um pedido de autógrafo é recusado, não pensa em cortar os pulsos quando recebe a notícia que seu "amor" vai se casar com uma outra pessoa que não é você. Você não é um fã. Você não é um imbecil.





E a verdade precisa ser dita, mesmo que ela seja muito dolorida para quem está lendo este artigo neste exato momento: o artista também acha que o seu fã é um idiota.





Ele sabe que esse amor desmedido é uma bobagem, um transtorno hormonal muito comum em adolescentes - embora sejam freqüentes os casos de pessoas mais velhas se portanto como bobalhões (em caso de dúvida, vá até a porta de um hotel de luxo que esteja hospedando um artista internacional e veja com seus próprios olhos).





O artista quer que você compre o disco dele e vá aos shows, que demonstre explicitamente a sua devoção comprando a camiseta da turnê, a edição especial do CD que está sendo "trabalhado" na turnê, o chaveirinho, o imã de geladeira. Todo artista no fundo, pensa "me ame, me idolatre, compre todas as bugigangas que eu soltar no mercado, mas fique longe de mim". Lamento, mas esta é a pura verdade.





O pior é que a maioria dos artistas lança discos com canções pensadas em agradar a essa massa bovina de seguidores, que salivam por qualquer coisa que seu ídolo faça. Mas há exceções.





Existem bandas, cantores e instrumentistas que, genuinamente, se engajam na tarefa de soltar discos que realmente trazem um panorama fiel do que pensam em termos de música. Os exemplos são muitos: no setor internacional, Frank Zappa, Miles Davis, Jimi Hendrix, Robert Fripp e Radiohead, entre muitos outros; aqui no Brasil, Caetano Veloso e Marisa Monte representam bem a autonomia artística que muita gente persegue, mas poucos conseguem alcançar. Você pode não gostar das canções que eles criam, mas tem que reconhecer a independência musical de cada um deles.





Surpreendentemente, o exemplo mais recente desse tipo de busca por uma personalidade musical distanciada da idolatria babaca veio de onde menos se esperava.





Confesso que sempre achei o Fall Out Boy uma banda simplesmente execrável. Suas músicas são fraquíssimas, os arranjos são absolutamente previsíveis e seus integrantes não têm o menor carisma - a condição de "sex simbol" do baixista Pete Wentz é algo que só pode ser explicado como uma epidemia coletiva de estupidez e cegueira entre adolescentes. Por isso, qual foi a minha surpresa ao ouvir o mais recente disco do quarteto, Folie à Deux.





Não, a banda não gravou um novo Pet Sounds, mas é nítido que os caras tinham em mente deixar para trás o rastro da baba elástica e bovina adolescente (obrigado, Nelson Rodrigues!) que sempre inundou seus discos anteriores. A maioria das canções traz arranjos enxutos e certeiros, com boas idéias melódicas e harmônicas tanto nos vocais quanto na instrumentação - como em "Headfirst Slkide Into Cooperstown on a Bad Bet", "20 Dollar Nose Bleed" e "Coffee`s for Closers".





Claro que os caras ainda mandam porcarias - "She`s My Wynona" e "27" são de matar de tão ruins em sua descartabilidade sônica -, mas há vários momentos que chegam a ostentar uma certa suntuosidade, misturada a riffs de guitarra bastante pesados e até mesmo a algumas minúsculas pitadas de rhythm n` blues e soul. Os caras chegaram até a tomar alguns acordes emprestados de "Baba O`Reilly", The Who, para fazer "Disloyal Order of Water Buffaloes" - vamos combinar que isso é um avanço para quem sempre usou o Less Than Jake como referência neste quesito -, enquanto que o vocalista Patrick Stump não esconde seu fascínio por Elvis Costello, seja na hora de cantar, seja na hora de convidá-lo para dividirem o microfone na linda "What a Catch, Donnie".





Quem realmente gostar de música, vai descobrir que, aos poucos, grupos como My Chemical Romance, Panic at the Disco e o próprio Fall Out Boy começam a levantar vôo para longe da gritaria histérica e da choradeira patética de seus fãs. Torço para estes grupos consigam o seu objetivo e que seus seguidores acompanhem tal desenvolvimento. Poucas coisas são piores que adultos trabalhando, pensando e agindo como crianças de quinze anos de idade.










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