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Artigos-->O ACIDENTE DE AVIÃO -- 17/01/2009 - 16:47 (Mário Ribeiro Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UM TECO-TECO

(ACIDENTE DE AVIÃO).







Mário Ribeiro Martins*





(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR E O TÍTULO, ALEM DA FONTE).





1965.28.02. Estando em Petrolina, Pernambuco, ganha uma “carona” num avião “Teco-Teco” para chegar ao Recife, onde estudava. Ao sobrevoar a famosa SERRA DAS RUSSAS, o avião apresenta defeito e cai, pegando fogo. É jogado numa “MOITA DE CAPIM”, onde é encontrado sem sentidos, mas sobrevive sem qualquer seqüela, sendo levado para o Hospital Barão de Lucena, no Recife. O Piloto e o Fazendeiro(proprietário do avião) foram “CARBONIZADOS”.

Em todos os meus livros aparece este texto. E, as pessoas, ao lerem, ficam ainda muito mais curiosas. Resolvi então contar o fato todo. Na época, fazia o curso clássico, no Colégio Americano Batista Gilreath, do Recife.

Tinha ido de férias para a minha cidade natal -Ipupiara- na Bahia. Ao retornar, peguei um caminhão, carregado de fumo e fui para Morpará, na Bahia, distante cerca de 100 quilômetros. Em Morpará, embarquei num vapor, com destino a Juazeiro, na Bahia. Foram cerca de 7(sete) dias, descendo o Rio São Francisco.

Do outro lado de Juazeiro, atravessando a ponte, está Petrolina, em Pernambuco, de onde se pegava o ônibus para chegar ao Recife. Enquanto aguardava o ônibus, que só viajava duas vezes por semana, fiquei hospedado num pequeno Hotel.

Pois bem, na noite do dia 27.02.1965(sábado), aproximou-se de mim, ainda jovem(22 anos), um cidadão simpático que me disse: “E aí, menino, você vai pra onde?” Em resposta, retruquei: vou para o Recife, onde estudo, no Colégio Americano Batista.

Então, ele disse: “Você não quer pegar uma carona com a gente? Nós estamos indo para Natal, no Rio Grande do Norte, mas temos de descer no Recife para abastecer?”

Acertada a viagem, no outro dia, domingo, 28.02.1965, fomos para o pequeno aeroporto de Petrolina. Ao entrar no avião, primeiro o piloto, depois o fazendeiro(dono do avião) e finalmente eu. O piloto falou: “coloque o cinto de segurança”. Peguei o cinto e coloquei sobre as pernas, sem travar, mesmo porque não sabia como travá-lo.

Viagem excelente, até que, em certo momento, o piloto começou a apertar todos os comandos e, finalmente, gritou: “O MOTOR PAROU E NÓS VAMOS CAIR”. Não se viu mais nada.

O resto da história só fiquei sabendo dois dias depois, através de terceiros. É que o avião desgovernado, caiu fazendo piruetas e eu, que estava sem o cinto, fui jogado fora do avião, caindo numa MOITA DE CAPIM VERDE, enquanto o avião caiu a cerca de 150 metros dali, espatifando-se e pegando fogo.

Quando os vaqueiros da região chegaram o avião tinha acabado de explodir e os corpos do piloto e fazendeiro já estavam se CARBONIZANDO.

Mas eles permaneceram perto do avião, na esperança de encontrar algo de valor.

Já estavam indo embora, quando um deles, ouviu um gemido fraco, na direção da MOITA DE CAPIM. Correu para lá e me encontrou ENSANGUENTADO(pelos cortes do capim), mas ainda respirando.

Disseram eles: “Este deve morrer logo. Mas, como ainda está vivo, vamos fazer uma maca de madeira, descer a Serra e entregar para o primeiro que passar na estrada”. De fato, eu fui conduzido por um dono de caminhão para o Hospital Barão de Lucena, no Recife.

Estava eu com as roupas rasgadas e sem documento, porque os documentos estavam na mala que queimou.

Por volta de 5 horas da manhã, depois dos remédios que me deram, comecei a voltar, meio zonzo ainda e perguntei à enfermeira: onde estou? Ela respondeu: “Nós é que estamos querendo saber quem é você. Sem documento e quase sem roupa. Disseram que você foi o único sobrevivente de um avião que caiu”.

Contei que era aluno do Colégio Americano Batista, concluinte do curso Clássico. O Diretor foi me buscar e os colegas fizeram uma “vaquinha” para me dar algumas peças de roupa. Evidente, tive de tirar todos os documentos, porque eles estavam na mala que se queimou.

Sobre esta mala, há um fato interessante: Quando eu estava na Bahia, na casa do meu avô, Gasparino Francisco Martins, conhecido como VELHO DOUTOR, este se aproximou de mim e disse: “Mario, este ano você vai se formar no Recife e eu vou lhe dar algum dinheiro”. Pegou um jornal velho e colocou alguns maços de dinheiro. Quando cheguei na casa dos meus pais, contei o dinheiro e tinha o correspondente hoje(2008), a VINTE MIL REAIS.

Pois bem, o dinheiro estava na mala que se queimou. A felicidade é que eu era ajudado pela enfermeira missionária Zênia Birkniek e não me faltou recursos para tirar os novos documentos, comprar roupas, etc.

Alguns meses depois do acidente, estava eu viajando com uns missionários americanos, quando passamos pela estrada, próxima do local do acidente. Falei com os missionários que o avião tinha caído naquela serra. Um deles, entusiasmado, resolveu conhecer o local e olhar os destroços do avião.

Pois bem, ao subirmos a serra, encontramos o casebre de um vaqueiro. Este então disse que o local era distante e de difícil acesso. Mas que poderia nos levar lá.

Ao chegar onde estavam os destroços do avião, suas ferragens, o vaqueiro disse: “Quando nós chegamos aqui, o avião já estava se queimando e dois corpos carbonizados. Mas, na moita de capim, havia um muito ensangüentado que deve ter morrido logo. Nós colocamos numa maca e levamos para a estrada, porque ele ainda respirava”.

Foi aí que o missionário disse para ele que o da MOITA DE CAPIM era eu, ali ao lado. O vaqueiro tomou aquele susto, fez o sinal da cruz e exclamou: FOI MILAGRE!

Na volta, ainda passamos nos casebres de outros vaqueiros que tomaram o mesmo susto, sendo que um deles chegou a ajoelhar-se para agradecer a Deus, a minha ressurreição.

Como os três missionários eram generosos, aproveitaram a oportunidade para pregar o Evangelho, deixando também com suas famílias alguns trocados em dinheiro, o que foi uma festa.

Relembre-se que o ano era 1965, em plena ditadura militar que tinha eclodido no dia 31.03.1964. Chegou-se a especular que o avião tinha sido atingido por guerrilheiros, o que contrariava os interesses da Revolução. Nada disto, o avião caiu porque apresentou defeito no único motor que tinha.

Eis aí, a história completa do meu acidente de avião. Mas, não fiquei com medo de avião, tanto é que, em janeiro de 1973, viajei num avião da TAP(TRANSPORTES AÉREOS PORTUGUESES), do Recife para Lisboa, sobrevoando o Oceano Atlântico durante 9(nove) horas.

Na verdade, a primeira vez em que viajei de avião foi de Bom Jesus da Lapa, na Bahia, para Salvador, em dezembro de 1962. Como fui o primeiro colocado no término do Curso Ginasial no Colégio São Vicente de Paulo e Orador da Turma, ganhei uma viagem de avião para Salvador, acompanhado das Freiras do Colégio.

Como eu era evangélico, as Freiras, no domingo, me deixavam na porta da Igreja Batista dos Mares e iam para a Missa. E assim foi durante os 15(quinze) dias em que estivemos em Salvador. Uma dessas Freiras, ainda me lembro, Irmã Catarina.

O acidente foi em 28.02.1965. Quando meu avô ficou sabendo do fato, me escreveu uma carta, dizendo que faria a reposição do dinheiro, quando eu retornasse de férias.

As minhas atividades como seminarista do Seminário Batista do Norte do Brasil, no Recife, junto a diferentes igrejas em Pernambuco me impediram de retornar de férias a Ipupiara.

Quando pude retornar a Ipupiara, meu avô Gasparino Francisco Martins já tinha falecido em 19.05.1966. Portanto, a esperança de reaver os Vinte Mil queimados no acidente de avião se foram de vez.







MÁRIO RIBEIRO MARTINS-PROCURADOR DE JUSTIÇA E

ESCRITOR.

SITE: www.mariomartins.com.br

CAIXA POSTAL, 90, PALMAS, TOCANTINS, 77001-970.

FONES: (063) 32154496. (063) 99779311.

HOME PAGE: http://www.genetic.com.br/~mario

E-MAIL: mariormartins@hotmail.com























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