O BURRO CATATAU (cordel infantil)
Maria Hilda de J. Alão
Sempre que conto história
Meto os bichos no meio
Só pra ver minhas crianças
Sorrir ou fazer bico feio
Com vontade de chorar.
Hoje a sala está cheia
De meninos e meninas
Sentados em suas carteiras
A espera do blá, blá, blá
Desta professora esperta
Que controla a disciplina
Versejando com as meninas.
Era uma vez na fazenda
Um burro trabalhador
E seu dono enjoado
Que só queria ver o burro
Trabalhando sem parar.
O burro vivia triste
Sonhava com a liberdade,
Pois já não tinha fôlego
De tanto ser explorado.
Foi numa noite de luar
Que ele conheceu Marocas
Uma jumenta castanha
Que a ele se apresentou.
Foi amor à primeira vista
Unindo Marocas e Catatau
Que sonhando já esquecia
Das surras que levava do mau
Fazendeiro Menelau.
Enquanto o amor do casal nascia
O fazendeiro mau Menelau
Aprontava a pesada carga
Para Catatau carregar.
Foi aí que entrou a esperteza
Da jumentinha Marocas
Que exclamou pesarosa:
Valha-me Nossa Senhora,
Catatau chegou a hora
De aplicar um corretivo
Neste homem explorador
De animais indefesos.
Menelau foi se achegando
Para Catatau levar
E no seu lombo jogar
A pesada carga de milho.
Marocas então o atacou
Escoiceando o pé do homem,
Calçado com fina botina,
Fez com que ele rolasse
Por cima de todo o estrume
De imensa fedentina,
Que nem bicho suportava.
Aproveitando a confusão,
Com Menelau no estrume estirado.
Fugiram para a mata fechada
Marocas e Catatau
Onde dizem que se casaram
E que têm muitos burrinhos
Livres da escravidão
Do mau fazendeiro Menelau.
08/09/11
|