Meu caro Zé Dantas
Depois dessas tantas
Das frases que cantas
Dos males que espantas
Das mulheres santas
Que comes nas jantas
Me fica o dever do agradecimento
E agora neste cordel que te comento
Tu fazes mil frases com muito talento
Mencionas os nomes de todo rebento
Com isto estancas nosso sofrimento
Dando intelegência até pra jumento
Agora, Zé Dantas, deixemos de truta
Falemos de tudo que é filho da puta
E se sobrar tempo iremos à luta
Para penetrar em qualquer prostituta
Mesmo na ruela da que nos refuta
É o tipo da carne que vale a labuta
Não sei se percebes, meu negócio é xota
É ir penetrando na buça idiota
Da analfabeta e da poliglota
Eu quero o gozo da mulher devota
Eu quero o grito da dona Carlota
A feiura extrema com a fronha se enxota
Eu quero Marília, Sandra e Gabriela
Eu quero penetrar até na costela
Mesmo em Santiago que é de Compostela
Eu quero deixar a mulher amarela
De tanto galope bem por cima dela
Eu ponho sem medo até na goela
Zé Dantas, meu caro, tu não imaginavas
Que um papo comigo terminava em favas
Terminava em ocos recebendo clavas
É o tipo de assunto que tu não babavas
É o tipo de texto que não ensaiavas
Já comestes vacas às quais não pagavas?
Zé Dantas, meu caro, a conversa tá boa
Mas tô esperando por uma leoa
Feroz, instintiva, que me dá a broa
Metade amante, metade patroa
Que se me pegar aqui nesta garoa
Me deixa sem pinto e fura a canoa
Tô sartando fora, mas te admiro
Mil vezes a ti do que a Waldomiro
Aquele que cobra por cada suspiro
Um misto de gente, gerente e vampiro
O que é de graça te cobra num giro
Arranca dinheiro de cada papiro
Adeus para ti, pra zé pedro e aulow
Eu gosto das putas, um amigo sou
Eu gosto dos beatles, eu gosto do Paul
Gosto do silêncio de quem não gozou
Se todos tão indo, eu ainda vou
Siri de forquilha sempre me inspirou