Em meados de 2013, escrevi um artigo (leia-o aqui) acerca dos novos sistemas operacionais para dispositivos móveis, apresentando brevemente cada um deles e destacando o potencial que tinham para enfrentar a ferrenha concorrência do Android do Google e do IOS da Apple. Naquele momento, Tizen, Sailfish, Ubuntu Touch e FirefoxOS ainda davam os primeiros passos, o que tornava difícil fazer um prognóstico. Hoje, três anos depois, é possível fazer uma análise mais detalhada do potencial desses sistemas, destacando a capacidade de crescimento de cada um, já que até agora nenhum deles foi capaz de ameaçar a liderança do Android. Mas antes de entrar nos pormenores de cada um deles, é bom lembrar que além desses três sistemas, há ainda o Windows Phone da Microsoft, que, apesar de todo o poderio da empresa, não foi capaz de alcançar uma participação relevante no mercado, tornando inclusive um dos maiores fiascos da companhia de Bill Gates. Se a Microsoft, dona do sistema operacional mais usado em computadores no mundo, não teve força para enfrentar o Google, as demais companhias por trás dos outros sistemas é que não seriam capazes. E de fato não foram e inclusive vem enfrentado dificuldades para manter a evolução do sistema, como é o caso da Jolla e da Fundação Mozilla. Aliás, esta última, a qual é responsável pelo navegador Firefox, em 2015 decidiu descontinuar o FirefoxOS para celulares, mantendo apenas a divisão para Smart TV em parceria coma Panasonic.. No entanto, os outros três sistemas – Sailfish OS, Tizen OS e Ubuntu Touch – estão aí, procurando seu espaço.
O primeiro deles, o Sailfish OS, desenvolvido pela finlandesa Jolla, não abocanhou uma fatia expressiva do mercado, apesar dos elogios ao sistema, cuja principal característica é a leveza e compatibilidade com aplicativos Android. Recentemente porém a Rússia decidiu apostar no Sailfish para acabar com o domínio e a dependência do Android no seu território, aposta que a Rússia quer levar para os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). E isso deu um incentivo ao sistema que nos últimos meses apareceu em mais aparelhos na Europa e deve mostrar um crescimento nos próximos anos.
O TizenOS, desenvolvido pela Samsung, é o que mostrou mais força e potencial de crescimento, aparecendo em vários aparelhos da série Z e tendo uma aceitação grande em países mais pobres da África, ocupando inclusive o segundo lugar, perdendo apenas para o sistema do Google. Parece que a Samsung vem, aos poucos, trocando o Android pelo Tizen. Hoje o sistema, além dos aparelhos da série Z, também aparece nos relógios e TVs inteligentes, chamados de Smart Watch e Smart TV, o que mostra que a Samsung está investindo pesado no seu sistema operacional e disposta a reduzir a dependência do Android. Ainda é cedo para afirmar que o Tizen será, a médio e longo prazo, tão popular quanto o Android, mas seu crescimento mostra essa possibilidade. Vale lembrar que o Tizen é um sistema leve e demanda menos recurso do aparelho que o Android, tornando os aparelhos mais baratos.
Por último temos o Ubuntu Touch que, nas palavras da Canonical, empresa por trás de Sistema Operacional tanto para computadores quanto para celulares, ainda não está totalmente pronto. No entanto, o sistema já aparece em alguns aparelhos da espanhola BQ e da chinesa Meizu. Por ser o mais novo dos três sistemas, ele ainda não alcançou a maturidade e popularidade do Tizen e do Sailfish. Por outro lado, ele mostra um grande potencial de crescimento por ser o mais inovador em vários aspectos. Apesar da Canonical não ter o poderio financeiro da Samsung, o fato de o Ubuntu ser um sistema inovador, capaz de inclusive transformar o celular num computador ao ser ligado a um teclado e um monitor, deve despertar o interesse de muita gente. Aliás, recentemente a Microsoft afirmou que o seu Windows 10 para celulares também usará o recurso da “convergência”, recurso que presente o Ubuntu Touch e o qual permite usar o celular como se fosse um computador ao ser ligado a uma tela grande e a um teclado. Neste recurso, o celular passa a se comportar como se fosse um computador, executando os aplicativos que o usuário está acostumado a usar no seu Desktop ou Notebook.
Embora tenha se passado três anos desde o surgimento desses novos sistemas para dispositivos móveis, pouca coisa mudou. O Android apenas ampliou sua fatia no mercado e os novos concorrentes ainda tentam ocupar seu lugar, embora o Tizen da Samsung venha obtendo algum sucesso e no futuro poderá concorrer de igualdade com IOS da Apple. O Sailfish e Ubuntu ainda precisam mostrar a que vieram. Se de fato a Rússia investir pesado no Sailfish e isto tiver algum reflexo no resto do mundo, pode ser que o sistema da finlandesa Jolla apresente um crescimento razoável, mas dificilmente será capaz de ameaçar o Android. O Ubuntu, apesar de ser o caçula do grupo, vem alcançando algum sucesso, talvez por influência do sistema para computadores, já que o Ubuntu é a versão do Linux mais popular. Na realidade, o Ubuntu touch tem mais potencial de crescimento do que seus concorrentes e deve ser tornar bastante popular nos próximos anos, embora também não deva ameaçar a liderança do Android. Enfim. Assim como o Windows vem dominando o mercado de computadores por décadas, o Android terá o mesmo destino nos celulares, pelo menos nos próximos 10 anos. Vale lembrar que o mercado neste quesito é muito fechado e pouco suscetível à mudanças.