Como me dói a alma, amiga minha, como me dói sentir o dissabor da dúvida pairar sobre meu espírito. Como me angustio em pensar que não foram somente meus os lábios que tocaram os teus. Como me angustio em imaginar que num mesmo dia, um indouto, um sem-valor, cometeu a injúria de deflorar-te os lábios, de tecer-te a língua com gestos repudiantes, de tocar-te o corpo com mãos impuras...
Como não gostaria de ter recebido a nova, que, na manhã seguinte ao afeto, a pureza angelical foi contaminada, e teus lábios, antes meus, foram durante a manhã, contaminados pelos lábios do indouto... Ah!... Minha alma... Não me obrigue a acreditar que isto aconteceu, não me force a sentir dor por algo que não aconteceu... Ou aconteceu? Será?... Meu coração abala-se, estou trêmulo, temo pela queda do nosso sentimento. Minha mente está confusa, estou com medo... Não sei, simplesmente não sei... (Espero que não seja verdade... estou confuso... não posso crer...)
Mas... E os beijos franceses? E os beijos equatorianos? E a magia que teceu em nossos corações a saudade e a esperança? E os versos em latim? E os poemas puros que lavaram minha alma com tantos paradoxos, metáforas, personificações?
Amiga, tira de mim a dúvida, responde com sinceridade sobre aquele dia que... Inesquecível... Dispus-me a servir com carinhos uma mulher verdadeira... Com afeto e palavras sensíveis me dispus a...
Amiga, responde-me o que me entende, nem que seja com duras palavras, que ferem a alma, para que Cristo me possa curar...
Diga, responde-me sobre... ...não sei se digo.