Não se esgotaram os protestos e a polêmica em torno de certos programas de televisão, que além de promoverem a baixaria e a libertinagem explícita, também exploram o mundo cão como trampolim para aumentar a audiência. O que dizer das imagens de gente comendo todo tipo de porcaria, cenas de violência e sexo, mensagens veladas com conotações desprovidas de moral ou respeito. E dizer que basta um simples clique para que o canal da persuasão atue sobre o comportamento daqueles que a ele se ligam. A denúncia contra a violência urbana é prato diário do noticiário de crimes, sequestros e assaltos. Fala-se em controlar e aumentar o policiamento nas grandes metrópoles . E o policiamento contra o que se vê na TV? Não seria o caso de se desencadear uma campanha contra a banalização do sexo, da violência e do festival de cenas asquerosas mostradas naturalmente e com tanta crueldade? Sob as vistas de olhares permissivos, a deturpação dos princípios e valores do ser humano é feita paulatinamente. A idéia simplista de dizer que, para acabar com as inconveniências e os absurdos inimagináveis que frequentemente as emissoras mostram sem escrúpulos, bastaria trocar de canal ou desligar o aparelho, não convence. Acredito que uma visão degradante, sem limites de respeito à integridade moral do indivíduo, incita qualquer pessoa à pratica de violência e outros atos de criminalidade precoce. Ë difícil ficar indiferente ao poder de persuasão de um programa televisivo que muitas vezes põe goela abaixo dos incautos telespectadores o lixo de suas programações. Não entendo como alguns programas conseguem alavancar a audiência das emissoras em questão. Então me pergunto : A quem cabe a responsabilidade de policiamento da TV ? Ao governo? À sociedade? À nós, professores, pais de família? Ao próprio povo que a ela tem livre acesso ?
Considerando que a televisão é o mais rápido e abrangente meio de comunicação das massas, porque então não investir em programações de qualidade, aproveitando tais vantagens e privilégios ? A TV poderia e deveria ser o instrumento catalisador da educação e da formação intelectual das pessoas, especialmente daquelas que não têm acesso à s escolas e universidades. Continuando como está, promoverá o esvaziamento da verdadeira cultura entre seus espectadores, impedindo-os de beber a água do conhecimento. Talvez seja do interesse das classes dominantes ou dominadoras que nossa gente, ou aqueles desprotegidos da sorte não tenham acesso ao saber e à cultura e se deixem anestesiar pelos programas da telinha, esquecendo privações e dificuldades, acreditando no besteirol apresentado, vivendo em ritmo de gozação, enganados pela picardia, pelo engodo e pelas falcatruas sem nenhuma transparência. Oxalá esteja enganada nestas últimas considerações e que a necessidade de uma televisão responsável seja reconhecida por todos.