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Dura pouco boa sorte.
Por isso, aproveitemos.
Nossa folga é de porte,
maior desgraça "não temos",
a não ser assassinatos
de pobres, ricos e os do meio.
Os Poderes, caricatos,
já foram pra escanteio.
Todo dia tem motoca
estendida pelo chão,
mas o vil, que sai da toca,
é veloz e não cai não.
Portando seu armamento,
surge na hora exata.
Aproveita do momento,
chega bem perto e mata.
Às amigas e amigos
de coração recomendo
para fugir dos perigos.
A morte não dá remendo.
Hoje, maior patrimônio
é a Vida, que nós temos
perseguida por demônio,
de quem pouco conhecemos.
Deixe em casa seu carro,
faça festa só diurna,
evite qualquer esbarro
pra não cair numa urna.
Alerte os seus parentes,
os jovens principalmente.
A motoca vem com pentes
e mata qualquer valente.
Pague impostos em dia,
água, luz, IPVA.
E erre, porém, não faça folia,
saiba a vida levar.
Use simples vestimenta,
quedes de segunda classe,
um boné na piolhenta,
antes que alguém lhe trace.
Dê mais valor ao taxista,
é mais que policial.
Mas, pra não deixar sua pista,
mude sempre de central.
Não faça espalhafato,
nem fale sobre viagem,
pois ao lado está o gato,
pronto pra fazer pilhagem.
É segredo de Estado,
para onde você vai!
Pegue avião, calado,
e reza pro Grande Pai.
Na saída do serviço,
mira bem quem lá está.
Acabou seu compromisso,
comece a vigiar.
Fale com sua netinha,
pra olhar bem quando sai
da escola pra casinha,
e no "especial" vai.
E, com tanta prevenção,
modéstia, sem vaidade,
mesmo assim, não sei não,
pressinto calamidade.
Quanto mais modestos há,
aumenta o desemprego.
O terror aumentará,
se não houver mais apego.
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