Usina de Letras
Usina de Letras
186 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62270 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10381)

Erótico (13573)

Frases (50661)

Humor (20039)

Infantil (5450)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6204)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->SEM MEDO DE ENVELHECER -- 19/05/2002 - 01:09 (Carmen G.Scherer) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SEM MEDO DE ENVELHECER

Outro dia , uma amiga que estava às vésperas de completar 50 anos, idade cheia como costumo brincar , comentou que a gente fica mais velha apenas um dia por ano e portanto, não é preciso ter medo de envelhecer. Considerando os 365 dias que nos acompanham, ( ou somos nós que os acompanhamos como dádiva especial? ) , o significado do tempo em nossa vida, após a sucessão desses "longos" dias, passa a ter um enfoque diferente. Será esse enfoque motivado pelo medo da idade "avançada" ? Particularmente não penso assim. As transformações pelas quais passamos são meros acidentes de percurso. O envelhecer deve vir naturalmente, sem estresse e insónia.
Não me preparei e nem senti nada especial quando fiz 30 anos. A década posterior deveria ter causado uma certa apreensão, pois segundo a "vox populi" , quem entra nos "enta" de lá não sai mais. Pois é. Não sei porque, mas essas datas terrenas e essa obsessão pelo "Qual é a tua idade? " nunca fizeram minha cabeça. Aniversário, ano após ano, não fazia tanta diferença. Isso porque todos os meus amigos e amigas acompanhavam-me nessa passagem irreversível do tempo, de tempos em tempos. Era apenas o acúmulo de números. Na verdade, a idade que se tem é a que sentimos e não a determinada por um calendário que um papa resolveu instituir, sabe-se lá para atender a interesses de quem. E se houvesse uma Babel e outros padrões de contagem cronológica específicos para cada grupo social, raça ou sexo, que tempos atrás já vigorava em relação às mulheres ?
Ainda lembro o cantor Miltinho, na década de 60, quando cantava o refrão da "Mulher de trinta" - você que já viveu, que já sofreu, não minta. Um triste adeus, nos olhos teus a gente vê, mulher de trinta". A evolução dos tempos apagou essa imagem da mulher sem esperança , sofrida, desgastada, sem chance de ter seu próprio espaço. Aos trinta, era considerada ultrapassada, velha ( imaginem ) , carta fora do baralho. Para que regravar essa faixa musical obsoleta?
De lá para cá tudo ficou melhor. De ano cheio a ano cheio, algumas mudanças ocorreram em mim, não por causa do tempo que passou, mas pelo caminho percorrido e pela capacidade de aprendizado acumulada. Confesso que algumas inquietações, perguntas, e a sede pela vida são iguais as de minha juventude. Enquanto estiver acesa essa chama vital, meu envelhecer pode significar esse permanente estado de graça de poder estar de bem com a vida , de poder tomar o gostoso café da manhã, fazer a caminhada diária pelos parques , ir ao cinema nas matinés de preço único, esperar filhas e netos no fim de semana com direito a churrasco e sobremesa favorita, fazer um afago nos fiéis cães de guarda , ler o best-seller folheado na livraria, dedilhar no piano o Noturno de Chopin com a mesma sensibilidade dos 18 anos, enviar E-mails para os recantos mais longínquos, espreguiçar-me ao anoitecer. Enfim, envelhecer é ter convênio com a vida, aguardando a passagem de mais um ano cheio, sem preconceito, tentando harmonizar as coisas externas com a felicidade que está dentro de mim.
Carmen@gaz.com.br

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui