Minha história não é muito diferente
Daqueles que vivem em minha terra
Povo que se quebra mas não emperra
Não sou diferente de minha gente
E tenho a virtude de ser persistente
Paçoca e peba tinha pra me alimentar
preá e rolinha eu gostava de caçar
pela estrada com meu jeito pacato
Que galopando por dentro do mato
Foi que eu cheguei na beira do mar
O pau-de-arara transporta o retirante
Sem água, comida e sem saber da hora
Carrega apenas a fé em nossa senhora
Como também sofrimento no semblante
E ainda não tem estilo de gente pedante
E sofrendo ele tenta deixar o seu lugar
Até tentar esquecer a vontade de voltar
Então quero mostrar com este relato
Que galopando por dentro do mato
Foi que eu chequei na beira do mar
Assim chega uma legião de sertanejo
Trazendo o aboio e também o cordel
Descobre que o mar tem a cor do céu
Mas sobreviver é o seu maior desejo
E matuto quando fala; eu não bocejo
Sei que Iemanjá foi quem quis chamar
Assim sei que voga, eu mesmo declarar
Que esse nosso povo possui um retrato
De um galope por dentro do mato
até que chegaram na beira do mar