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Infantil-->HISTÓRIAS DO TIO BOB -- 17/06/2011 - 13:07 (Roberto Stavale) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos










HISTÓRIAS DO TIO BOB


INFANTL


ROBERTO STAVALE







































PRIMEIRA PARTE


OS PEQUENOS AVENTUREIROS






















A CASCA DE NOZ










Esta história, meus amiguinhos, aconteceu há muito tempo. No tempo em que o Brasil ainda era Império, e o seu imperador, D. Pedro II. Conversa boa para recordar nas noites de inverno, comendo pipoca e tomando chocolate.
Nos fundos da casa de Zefa Ritinha, uma escrava, empregada do doutor João, único médico daquelas redondezas, passava um estreito riacho. Mas, para a bicharada pequena daquele quintal, parecia o rio Amazonas.
Nos domingos de calor, os habitantes minúsculos do local reuniam-se numa praia à beira ao rio e ficavam matutando sobre as viagens que ele oferecia.
– Depois da casa de Zefa Ritinha, deve ter outros mundos, dizia um velho vaga-lume, que era o chefe da iluminação noturna.
– Eu já fui algumas léguas para lá, atender uma cigarra que não podia cantar, respondeu o doutor Besouro. É tudo igual. Água, mato e algumas casas.
– Mais para lá deve ter coisas do arco da velha, ponderou uma jovem barata, piscando o olho para o capitão Mosquitão, chefe de polícia.
E assim o tempo ia passado.
Chegou o Natal, com suas festas e comidas típicas.
Dias depois das festanças, duas formiguinhas, que brincavam perto da lata de lixo, encontraram uma casca de noz, cortada ao meio, parecendo uma enorme barca.
– Mas que achado! Exclamou Zezinho, uma das formiguinhas.
– Vamos chamar a turma e levá-la para o rio, sugeriu Mariazinha.
E não deu outra.
Em pouco tempo, dezenas de jovens formigas arrastavam a embarcação para um lugar bem escondido, na curva do rio.
– Os nossos soldados não podem vê-la, lembrou Carlinhos. Caso contrário a levarão diretamente para os tesouros da nossa rainha.
Cobriram o achado com folhagens e gravetos, e começaram a discutir o que fazer com aquele pequeno navio.
























MESTRE ANTÔNIO













No outro dia, pedindo todo o segredo do mundo, a turminha do barulho foi conversar com mestre Antônio, um velho formigão que tomava conta da carpintaria.
Depois de mestre Antônio jurar três vezes que não contaria para ninguém, levaram-no para conhecer a embarcação e dizer se aquela casca de noz poderia navegar rio abaixo.
O formigão rodeou a casca, espantado com a sua perfeição. Tirou, então, do bolso do colete, um caderno de notas, e passou a fazer cálculos e anotações.
– Passem na oficina amanhã à tarde. Darei algumas idéias para vocês.
No dia seguinte, logo após o almoço, a turminha estava na oficina, ansiosa para ouvir o velho formigão.
– Meninos, disse, calmamente, o mestre. Temos de abrir algumas janelas laterais para colocar ao menos três remos de cada lado. Na parte detrás, na popa, vamos colocar um leme para dar rumo à viagem. Dentro, alguns bancos, para vocês não ficarem de pé. Vou amarrar uma pedra na ponta da corda para servir de âncora.
– Mas para quando tudo isso, mestre Antônio? Perguntou Zezinho.
– Calma, meninos peraltas. Como vai ser tudo escondido, vou precisar de uns quinze dias.
– Duas semanas?! Exclamaram todos.
– Sim! E não apareçam aqui, antes disso!
Estava chegando o final de janeiro, e as chuvas de verão deixavam o riacho cada vez mais volumoso e com muita correnteza para aquelas formiguinhas.
Finalmente, já em fevereiro, o carpinteiro entregou a barca aos nossos amiguinhos.
– E agora? O que fazer? Era a pergunta de um para o outro.
Marcaram um encontro no dia seguinte para resolver quem participaria daquela grande viagem.

























PREPARATIVOS














Zezinho, o mais velho, já com poderes de capitão, escolheu a tripulação.
Para o leme, optou pelo amigo Bruno. Para os remos, Rafael, Rodrigo, Victor, Rubens, Paulinho e Silvinho. E para tomar conta da comida e outros afazeres domésticos, Mariazinha, Alexia e Mariana. Convidou quatro vaga-lumes, caso fosse necessária uma iluminação noturna. E, por fim, um jovem grilo, o companheiro Juvenal. Em caso de emergência, Juvenal, em rápidos pulos, voltaria para avisar do acontecido.
– Vamos esperar o rio baixar mais um pouco para o início da viagem, recomendou o capitão Zezinho.
Enquanto esperavam, as menininhas, no maior segredo, armazenavam comida dentro da barca. E os meninos continuavam atentos ao volume do rio.
Mestre Antonio fez um pequeno balde de madeira, com uma corda, para puxar água do riacho.
Já estavam no mês de março, com pouca chuva, quando Zezinho anunciou a partida.
– Será amanhã, ao raiar do dia. Tragam as suas malinhas, com roupas e objetos de uso pessoal. E nada de falar em casa sobre a nossa aventura.
Dando vivas e urras, a turma foi para casa esperar o grande dia.


































A VIAGEM















Quando os primeiros sinais de claridade apontaram no horizonte, a barca já estava tripulada.
Com o esforço dos remos, a barquinha começou a descer, lentamente, o riacho.
Se um adulto, ou mesmo uma criança, avistasse aquela metade de casca de noz na correnteza, certamente não ligaria. E nem avistaria aquele bando de formigas na maior algazarra.
Zezinho, instalado na proa, ensinava ao piloto Bruno os manejos do leme.
Mariana e Alexia começaram a cantar para alegrar aquele memorável dia.
Mariazinha preparava o lanche, que seria o café da manhã.
O sol já iluminava a campina quando, de repente, ouviram um forte tropel, miados e vozes.








































O GATO E A BARATA

























Todos se jogaram no piso da barca, quando um enorme gato preto deu um salto bem em cima da embarcação, miando fortemente.
Caiu do outro lado, perto da margem, causando ondas que quase viraram o barquinho.
O susto não tinha passado quando duas enormes botas pararam quase em cima da casca de noz. O vozeirão de um homem se fez presente como um trovão:
– Eu ainda te pego, gato danado! Pare de roubar carne da minha cozinha!
Mas o gato já estava longe, saboreando um naco de bife.
Tremendo como estivessem com febre, os nossos amiguinhos se abraçaram e começaram a chorar.
– Papai do céu, faça com que esse homem não pise em cima de nós, implorou Mariazinha. E todos começaram a rezar as orações dos bichinhos.
Em poucos minutos o homem foi embora, ainda xingando o gato.
Nossos aventureiros ainda se refaziam do susto, quando apareceu uma velha barata.
– Mas que travessura é essa, meus meninos? Vocês não têm juízo? As mamães de vocês sabem dessa peraltice?
– Não, tia barata, responderam todos.
– Meu nome é Risoleta. Prestem atenção. Por aqui tem muitas árvores frutíferas, mas agora não é tempo de frutinhas maduras. Com isso, os passarinhos ficam procurando bichinhos para levar para os filhotes comerem. Tem um sabiá danado que ontem quase levou a minha netinha, Luluzinha. Muito cuidado, rapazes!
Dizendo isso, foi embora, arrastando-se por causa do reumatismo.
A turma ficou mais apavorada.
Depois de algumas horas, em que nada aconteceu, e com o sol a pino, resolveram prosseguir a viagem.











DONA FILOMENA

















Com a ajuda dos pequenos remos conseguiram, novamente, colocar a barca na correnteza do riacho.
As meninas serviram um lanche saboroso, que deixou todos bem-humorados.
– Deve ser mais de duas horas, calculou Bruno, olhando para o sol.
Os bichos não usam relógios. Assim, para saber mais ou menos a hora, eles se orientam, durante o dia, pelo sol. Quando chove, ou está nublado, eles se guiam pela claridade e, à noite, observando as estrelas.
Uma hora mais tarde, avistaram, ao longe, uma enorme tartaruga, tomando água no córrego.
– É melhor parar, falou Rafael.
– Nada disso! Retrucou Zezinho, sempre aventureiro.
Diminuindo a força dos remos, e encostando mais na margem, onde a correnteza é menor, foram se aproximando.
Resolveram parar a uns cinco metros da tartaruga, lembrando que ela levaria uma hora para chegar até eles.
O grilo Juvenal ofereceu-se para avisar a tartaruga que eles queriam passar.
Zezinho, de pronto, autorizou a ida de Juvenal.
Em rápidos pulos, o grilo ajeitou-se no casco da tartaruga, perto da cabeça, e falou:
– Dona tartaruga, eu sou o grilo Juvenal. Estou em viagem com meus amigos e gostaríamos de passar com nossa barca perto da senhora.
A velha tartaruga moveu a cabeça para os lados. Esticou mais o pescoço, todo enrugado, mas, não vendo nada, respondeu:
– Estou muito velha e quase não enxergo. Venham mais perto, quero conhecê-los.
Não demorou cinco minutos e os nossos amiguinhos estavam se apresentando para a nova amiga.
– Meu nome é Filomena, anunciou a tartaruga. Tenho mais de cem anos e gostaria de bater um papo com vocês.
– Fique à vontade, disse Zezinho. Gostamos muito de ouvir histórias.
– Vocês sabem para onde estão indo, concluiu dona Filomema, acendendo um pito de barro.
– Não temos a menor idéia, respondeu o vaga-lume.
– Tem muito perigo para frente. Foi bom pararem aqui, argumentou dona Filomena, soltando uma longa baforada.
– Esta paragem é conhecida como Santana do Parnaíba, explicou a tartaruga. Daqui a dois dias, nesta pequena barquinha, se os amiguinhos não tomarem cuidado, desembocarão direto num enorme rio cheio de pedras e fortes correntezas. O nome desse rio é Tietê. Digam-me, de onde vocês estão vindo?
– Estamos navegando há dois dias, informou Zezinho. O nosso reino é o formigueiro da rainha Isabel, no quintal do doutor João. A senhora conhece?
– Sim, conheço. Ele já veio aqui, cuidar da saúde de dona Mariquinha, minha atual dona.
– Para mim, que ando devagar, e para vocês, de pernas pequenas, parece longe. Mas para o bicho homem, com aquelas longas pernas, desta casa até a do doutor João não leva duas horas, caminhando a passos largos.
– Nossa, então estamos muito perto! exclamou Rodrigo.
– Depende de nossas pernas, disse a tartaruga. Para nós, é longe. Para um pássaro veloz, é perto. Para os homens, é meio perto. Mas, se eles vão a cavalo ou de carroça, em menos de duas horas estão lá.
– Mas... começou dona Filomena, olhando para o céu, está escurecendo, o sol já está no poente, preciso ir embora, pois amanhã é sexta-feira, treze, e de lua cheia. Logo mais, à meia-noite, será hora de lobisomem, e eu preciso estar bem escondida na cozinha de dona Mariquinha, para ele não me ver.
– O quê?! Perguntou Alexia, toda assustada.
– Sim, continuou a tartaruga. Todas às sextas-feiras do mês que caem no dia 13, e é noite de lua cheia, com certeza algum lobisomem aparece, montado em cima de uma mula-sem-cabeça, acompanhado de sete sacis. É uma noite de medo e sustos, exclamou dona Filomena, apagando o seu cachimbo para ir mais rapidamente para casa.
– E nós? quis saber Mariana.
– Vocês terão de procurar as formigas do reino da rainha Alice, que fica aqui, nas terras da dona Mariquinha.












NO REINO DA RAINHA ALICE






























Assustados com aquelas histórias, nossos amiguinhos aventureiros esconderam bem a embarcação e foram procurar suas priminhas, as formigas do reino de Alice.
Não demorou muito e encontraram várias formigas, carregando um torrão de açúcar para o formigueiro.
Depois das devidas apresentações, e do espanto das novas companheiras em saber da fantástica viagem, convidaram a turma para passar a noite do lobisomem no vasto formigueiro, onde elas moravam.
E lá foram todos, apressando o passo para chegar antes do anoitecer.
Quando se aproximaram do portão principal do castelo da rainha Alice, notaram que as sentinelas, fardadas e armadas com espadas, estavam preocupadas com a demora das últimas súditas, principalmente com a ministra do abastecimento, que estava entre elas.
Todos os estranhos foram apresentados e autorizados a passar aquela noite no formigueiro.
Depois de descansar e se alimentar, os nossos viajantes foram convidados para conhecer a rainha Alice.
Sentada em um lindo trono, a rainha fez questão de cumprimentar um por um.
Ao saber que vinham do reino da rainha Isabel, ficou mais feliz, já que eram primas irmãs.
Em seguida, chamou a sua secretária da Educação para explicar aos novatos o que representava para os bichos do mundo pequeno aquela noite especial.
Dona Maricota, a secretária, pigarreou, sentou-se ao lado da rainha e começou o seu discurso.














O LOBISOMEM





























– Senhores e senhoras, há séculos os nossos reinados vivem acontecimentos de terror e, entre eles, o lobisomem. A história dos lobisomens começou quando estas terras foram dominadas pelos homens brancos. Segundo eles, o sétimo filho homem, não batizado, quando passa dos vinte e um anos, seja solteiro, seja casado, vira lobisomem à meia-noite do dia treze, quando este dia cai numa sexta-feira e é noite de lua cheia.
Esta combinação demora a ocorrer, mas hoje vai acontecer!
Lá pelas dez horas da noite, o infeliz moço começa a passar mal e sai de casa, em busca de um cemitério. Chegando ao muro, senta-se e fica esperando chegar a meia-noite. Aí, meus pequenos, quando o sino da capela tocar as doze badaladas, num repente ele se transformará. Seu rosto e o resto do corpo cobrem-se de pelos longos, iguais aos dos cachorros-do-mato. Seus pés viram para trás e os dentes tornam-se afilados.
Neste instante surge a mula-sem-cabeça, outro bicho horrível, sem cabeça, toda peluda e com as patas também viradas para trás.
O lobisomem monta, virado para o rabo da mula, dando sinal para começar a cavalgada, à procura dos sete sacis.
– O que é saci? Perguntou Rodrigo.
– Não me diga que você nunca viu um saci?!
– Não! Responderam, de uma vez, os jovens visitantes.
– Saci é um neguinho capeta de uma perna só, com um capuz vermelho na cabeça e sempre com um pito de bambu aceso na boca. Não cresce mais do que sete palmos, e é a criatura mais endiabrada de que se tem notícia. Vocês nunca viram porque é difícil ver um saci à luz do dia. De dia eles dormem e, de noite, fazem as suas brincadeiras de mau gosto.
– Nossa, quantas coisas novas e interessantes estamos aprendendo com a nossa viagem! Comentou Mariazinha.
– Quando a mula-sem-cabeça e o lobisomem encontram os sete sacis, começa uma correria louca. Do que eles gostam mais é abrir os galinheiros, espantar as galinhas para roubar os ovos. Assim, vão assustando a vizinhança cada vez mais.
Diz a lenda que se o lobisomem montado na mula enxergar um menino ou menina, o coitado vira saci. Se for homem crescido, vira outro lobisomem. E, se for mulher, vira mula-sem-cabeça. Ninguém quer vê-los. Inclusive nós. Até a lua se esconde atrás das nuvens.
Mas já é quase meia noite, hora de apagar todas as tochas e ir dormir. Não vale a pena nem escutar o barulho que eles fazem!
Vamos dormir. Amanhã será outro dia de trabalho aqui no formigueiro.

















PREPARATÓRIOS PARA VOLTAR
























Começou a raiar o dia, com o formigueiro repleto de boatos.
Uma formiguinha jurou que a sua caminha balançou quando a mula passou por perto.
Outra disse que ouviu o tropel da mula e os gritos do lobisomem.
Uma das sentinelas, que ficou do lado de fora do portão, atestou no livro de ocorrências que viu um saci, roubando os ovinhos do ninho da coruja, lá no velho jacarandá.
A nossa turminha já estava se despedindo para voltar ao riacho, quando um assessor da rainha comunicou que a soberana queria vê-los, novamente.
E lá foram eles para a sala do trono.
Esperaram a rainha Alice por uns cinco minutos.
Assim que chegou, ela perguntou:
– Crianças! Como vocês vão voltar para o reino de minha prima Isabel?
– Navegando com a nossa barca, respondeu Zezinho.
A rainha deu um sorriso e declarou:
– Impossível, meu jovem!
– Mas como, majestade?! Exclamou, assustado, o garoto.
– Vocês vieram ao sabor da correnteza, mas para voltar terão de remar contra ela. E isso é impossível.
A garotada travessa tinha pensado em tudo. Menos nesse detalhe.
– E agora? Questionou Mariazinha, chorando.
– Para tudo se dá um jeito, garantiu a rainha, chamando vários figurões da corte.
Em poucos minutos estava formada a reunião.
Depois de muitas conversas, a rainha chamou Zezinho e explicou:
– Vamos mandar dois batalhões de soldados buscar a barca e deixá-la aqui, aos nossos cuidados. Este reino tem diversas galerias subterrâneas, que percorrem até o meio do caminho de volta. Vou pedir aos meus amigos gafanhotos que transportem vocês, acompanhados de vários soldados, até a casa do seu Bonifácio. Lá, temos um aliado, o Branquinho. Será uma surpresa para vocês. Mas Branquinho os levará para o reino da minha prima, rainha Isabel.












VIAGEM DEBAIXO DA TERRA






























Depois do almoço, a turma foi apresentada aos gafanhotos, que seriam as suas montarias e os levariam, em segurança, pelos atalhos subterrâneos.
Começaram a descer uma enorme escadaria iluminada por velas, até as galerias.
– Daqui para frente, informou um garboso soldado, um exército de pirilampos iluminará o caminho. Chamou a formiga corneteira para a ordem do início da viagem.
Mariana logo fez amizade com o seu cavalo-gafanhoto.
Alexia estava um pouco assustada, mas foi acalmada pela sua montaria.
Bruno começou a batucar com força o seu cavalo-verde, porém, depois que este reclamou, seguiu um pouco mais comportado.
De repente, novo toque de corneta.
Todos pararam. Era hora de jantar e descansar, antes de continuar a viagem, no dia seguinte.
Assim que a corneteira tocou, na alvorada, eles se aprontaram e seguiram para a casa do seu Bonifácio.












BRANQUINHO





























Com a formiga corneteira avisando para parar, os soldados apearam e avisaram que estavam próximos da escadaria que os levaria ao quintal do seu Bonifácio.
É melhor almoçar aqui embaixo, pois o quintal do Bonifácio não oferece muita segurança, devido aos gaviões que voam por lá.
Esta notícia tirou a paz dos nossos amiguinhos.
Um grupo de soldados formigas subiu para o contato com Branquinho.
Lá pelas duas horas, os nossos aventureiros foram apresentados ao Branquinho.
No começo, houve pânico e eles quiseram fugir.
Mas, depois, ao ver que não havia perigo, foram se acostumando com aquele enorme pássaro que os levaria de volta às suas casas.
Branquinho era um pombo-correio de propriedade do seu Bonifácio, mas muito amigo dos insetos. Sempre que partia em alguma missão, Branquinho levava um ou dois amiguinhos na cestinha de vime, amarrada em uma de suas perninhas.
Fizeram as contas de quantos seriam transportados naquela rara viagem aérea, e chegaram à conclusão de que, além dos travessos viajantes, mais dois soldados iriam com eles. Branquinho teria de levar dezessete bichinhos.
O pombo-correio sabia de cor e salteado onde ficava a casa do doutor João.
Depois das despedidas, espremeram-se no cesto de vime, que estava bem amarrado e tampado. Branquinho, então, começou a bater asas para voar rumo ao reino da rainha Isabel.














O VOO






























O começo daquela incrível viagem não foi nada agradável.
Assim que o pombo começou a bater as asas e correr para levantar voo, a cestinha estremeceu, jogando uns contra os outros.
Mariazinha e Alexia bateram cabeça com cabeça e começaram a chorar.
Victor caiu no colo de Rodrigo, e foram tantas as risadas que as meninas pararam de chorar.
Mariana olhava através das frestas da cestinha e, admirada, descrevia a vista panorâmica:
– Olhem lá, o nosso riozinho, como ficou pequeno! Estou vendo uma cidade repleta de casas e com uma igreja no meio.
Os outros procuraram, então, outras frestas para aproveitar ainda mais a viagem.
De repetente, Branquinho começou a descer em grande velocidade e gritou:
– Cuidado! Cuidado! Tem dois gaviões voando para me abocanhar. Vamos nos esconder.
Num instante ele pousou numa enorme paineira, cheia de painas brancas, saindo das cascas.
Bem camuflado naquele mundo branco, o pombo, com voz cansada e assustada, falou:
– Graças a Deus, eles foram embora! Mas é melhor a gente ficar aqui, escondidos. Com mais uma hora de voo pousaremos no quintal do doutor João.
Refeitos do susto, encostados uns nos outros, rezaram suas orações e comeram um lanchinho.
– Podemos ir, disse Branquinho!
– Sim! Responderam todos.
Já estava escurecendo quando Bruno gritou:
– Olhem a casa do doutor João. Estou vendo Zefa Ritinha no terreiro, dando comida para as galinhas. Dá pra ver até a entrada do nosso reino.
Foi só alegria!
Devagar, Branquinho pousou entre a casa e o formigueiro.
Com o bico, abriu a tampa da cestinha para os viajantes descerem.
A despedida foi marcada por lágrimas e lamentos.
– Onde o senhor vai dormir? Perguntou Zezinho.
– Tem um pombal no telhado da casa do doutor João. Ele é amigo dos pombos- correios. Lá tem comida e água. Amanhã cedo eu volto para a casa do seu Bonifácio.
Os dois soldados ficaram para acompanhar a criançada até os seus pais.
















DE VOLTA AO LAR
























Quando chegaram perto do portão do formigueiro, Mariana e Alexia pediram aos vaga-lumes para não piscarem as suas lanternas. Elas queriam chegar de surpresa para abraçar papai, mamãe e o seu irmãozinho, Pedrinho, que estava começando a andar.
Sem fazer barulho, chegaram ao portão.
Uma das formigas, que estava de prontidão na entrada, ao vê-los deu um grito e desmaiou.
As outras guardiãs vieram correndo, e também levaram o maior susto.
A formiga-chefe do setor falou, boquiaberta:
– A rainha Isabel já tinha dado vocês como desaparecidos. Faz uma semana que vocês sumiram. Fiquem aqui que eu vou avisar todos do reino.
Só assim nossos pequenos aventureiros compreenderam o susto, a tristeza e a agonia que tinham causado aos familiares, amigos e, principalmente, à rainha.
Estavam pensando nisso quando um desfile grandioso, com a rainha Isabel à frente, aproximou-se dos desaparecidos.
Foram vivas e mais vivas! Abraços, beijos e muita choradeira.
De repente, chegaram os pais de Alexia e Mariana, trazendo Pedrinho pelas mãos.
Antes de as irmãzinhas correrem para abraçá-los, a rainha tomou Pedrinho nos braços e o colocou em seu colo, pois já estava sentada no trono para recepcionar os aventureiros.
A rainha ordenou que servissem um banquete.
No final, comunicou que, em breve, mandaria representantes de seu reino convidar a sua prima Alice para uma grande festa de confraternização em seus domínios.
Todos foram dormir em paz, mas ainda escutando as fantásticas histórias daquela fantástica viagem.



























A FESTA
























Três meses após a chegada surpreendente dos nossos amiguinhos aventureiros, uma comitiva de frente da rainha Alice veio ao reinado de sua prima, rainha Isabel.
O chefe da comitiva imperial, um formigão de casaca e cartola na cabeça, aproximou-se do trono de Isabel e disse, com voz solene:
– Rainha Isabel, dentro de dois dias a nossa soberana, rainha Alice, estará em seus domínios como sua convidada.
– Será bem-vinda! A chave da nossa cidade ficará em poder da rainha Alice durante a sua estada aqui no meu reino!
Terminados os protocolos, começaram os preparativos para a grande festa.
O dia da chegada da rainha Alice amanheceu claro, sem uma nuvem no céu.
Lá pelas dez horas, ouviu-se um rufar de asas.
Olharam para cima e viram Branquinho, descendo suavemente com uma cesta dourada amarrada no pescoço.
Branquinho pousou. De dentro da caixa, ajudada pela sua guarda de honra, desceu a rainha Alice, coroa na cabeça e vestido longo. Aproximou-se de sua prima para abraçá-la e beijá-la.
Em seguida ouviram os acordes de uma banda de música.
Era a Banda do Reino de Alice, que abria o desfile do restante dos súditos que acompanhavam a rainha nessa visita.
Foram dois dias de feriado e com muitas festas para todo aquele povaréu miúdo.
Lá na beira do rio estavam os nossos heróis, junto com os amigos do formigueiro da rainha Alice.
Zezinho, todo garboso, prometeu que brevemente estariam de volta ao reino da rainha Alice e de lá seguiriam na casca de noz para uma outra grande aventura, lá para as bandas do rio Tietê.
– Aquela conversa de dona Filomena não me sai da cabeça, comentou Zezinho, abraçando todos os seus amiguinhos
E assim acabou aquela festa, que nunca mais eles conseguiriam esquecer!
Mas a viagem para as margens do rio Tietê será outra história para vocês, criançada, a ser contada junto ao pé do fogão pelo tio Bob.


FIM DA PRIMEIRA PARTE









SEGUNDA PARTE


NOVAS AVENTURAS












VISITA DO BRANQUINHO



Olá, meus amiguinhos. Estamos de volta para continuar as histórias daquela turma do barulho, que andou fazendo muitas peraltices.
Vamos estourar um pouco de pipoca e continuar contando as travessuras daqueles bichinhos.
Fazia um ano das últimas reinações.
As formiguinhas do reino da rainha Isabel estavam de férias de verão, e o mês de janeiro apresentava-se, como sempre, muito quente.
Estavam todos à beira do regato, onde iniciaram a última viagem, quando escutaram arrulhares e bater de asas.
Olharam para cima e avistaram Branquinho, preparando-se para pousar perto deles.
Foi com alegria que receberam o pombo-correio, amigo e protetor de suas mágicas aventuras.
Depois de beijos e abraços, Branquinho contou a razão de sua visita:
– Meus amiguinhos, a rainha Alice mandou convidá-los para uma visita em sua corte, pois ela tem novidades para vocês!
– Oba! Oba! Gritaram todos.
– Mas, desta vez, os aventureiros deverão avisar seus pais e, principalmente, a rainha Isabel.
– Sim, respondeu, de pronto, Zezinho. Além de avisá-los, iremos pedir a devida permissão.
Em menos de uma hora, todos estavam de volta, Zezinho, Mariazinha, Carlinhos, Rafael, Victor, Rubens, Paulinho, Silvinho, Mariana e Alexia. E também os amigos vaga-lumes e o grilo Juvenal.
Desta vez levaram Pedrinho, já crescido, irmão de Alexia e Mariana.
Com suas malinhas e mochilas, embarcaram na cestinha dependurada no pescoço de Branquinho e partiram para novas e emocionantes aventuras.








O DESEJO DA RAINHA ALICE




























Antes das sete horas da manhã, todo o grupo da já sonhada expedição estava à espera da rainha.
Ao chegar, sem preâmbulos, foi logo dizendo:
– Meus corajosos expedicionários. Às nove horas em ponto o Branquinho e seu amigo Ventinho levarão vocês até as imediações onde mora dona Catarina, umas léguas pra lá de Pirapora do Bom Jesus. Branquinho conhece bem o caminho.
— Para ajudá-los e protegê-los vou mandar junto algumas formigas soldadas e a Mariquinha, secretária da Ministra da Cultura. Também irão alguns vaga-lumes.
– Vão com Deus! E boa sorte! Desejou a rainha, despedindo-se.
Assim, antes das nove todo o grupo já estava fora do formigueiro, preparando-se para o embarque.
Branquinho apresentou Ventinho, outro simpático pombo-correio.
A nossa turminha foi com Branquinho. O restante embarcou no cestinho de Ventinho, que acompanharia o amigo, já que não conhecia o caminho.
– Vamos voar abaixo das copas das árvores, pois pela manhã os gaviões estão em busca de comida.
Assim, em meio a muita algazarra, partiram para mais uma aventura.




























NOVOS SUSTOS


















Depois de uns quarenta minutos sem novidades, Branquinho começou a sobrevoar a margem direita do rio Tietê, seguido de Ventinho.
De repente, o pombo guia começou a arrulhar, nervoso, para chamar a atenção de seu companheiro,
Em seguida, comunicou aos passageiros:
– Vou voar em ziguezague rasteiro, pois tem dois gaviões nos perseguindo.
Silêncio geral!
As formiguinhas, lembrando-se do susto da primeira viagem, começaram a tremer.
Mariana, então, rezou uma oração pelos bichinhos, acompanhada de seus irmãos, Pedrinho e Alexia.
Enquanto os outros permaneciam em silêncio, Branquinho tocou o solo em uma correria louca para se esconder.
Atrás vinha Ventinho.
O balançar forte das cestinhas fez com que os nossos aventureiros fossem jogados, uns contra os outros.
Os dois pombos esconderam-se debaixo de uma touceira de erva-cidreira.
Nossos amiguinhos aproveitaram para se recompor e verificar se não havia nenhum ferido.
Graças a Deus, estavam todos bem, mas assustados.
Branquinho esperou meia hora para continuar, rumo ao encontro de dona Catarina.
Assim que Rafael apontou para a torre de uma igreja, que deveria ser a de Bom Jesus, começaram a ouvir, para espanto geral, tiros de espingarda.
Mais correria!
– Caçadores! Gritou Branquinho, dando um mergulho rápido para se abrigar novamente.
Bem escondidos, resolveram almoçar para continuar a viagem.



















DONA CATARINA




























E assim prosseguiram, sem mais nenhum susto.
Lá pelas três horas da tarde, Branquinho avisou que, pelos seus cálculos, já estavam perto da toca de dona Catarina.
– Vou voar mais baixo, se vocês avistarem alguma tartaruga perto do rio, por favor, me avisem!
De repente, Bruno começou a gritar:
– Olhem lá! Olhem lá! E apontava em direção a uma tartaruga.
– É ela! Exclamou Branquinho, preparando-se para pousar perto da velha senhora.
Depois que todos desembarcaram, Branquinho e Ventinho foram conversar com dona Catarina.
A idosa tartaruga, de quase cento e cinquenta anos, ficou pasma ao receber notícias de sua prima Filomena.
Mandou a minúscula bicharada chegar bem perto dela, pois já estava quase sem visão.
Depois das devidas apresentações e das incríveis histórias contadas pelos peraltas, dona Catarina convidou todos a irem à sua toca, distante o suficiente da margem do rio para evitar enchentes.
Chegando lá, acomodou-se em um monte de palha seca, acendeu o seu velho pito de barro e, depois de algumas baforadas, pediu para explicarem melhor o porquê da visita.
Zezinho, sempre líder, contou em minúcias a razão da viagem.
– Ah! Exclamou dona Catarina. Querem saber dos segredos das lendas e folclores sobre o rio e suas matas?
– Sim! Sim! Responderam todos.
– Pois bem! Deixem-me pensar um pouco, pois a minha memória anda meio fraca.
– Fique à vontade, minha senhora, disse Ventinho.
– Vou começar, contando sobre os animais graúdos e as aves que vivem nestas regiões, e com os quais é necessário tomar cuidado.
E começou:
Para vocês, pequeninas formiguinhas travessas, o cuidado maior é com os tamanduás. Eles se alimentam praticamente de insetos e formigas.
– O quê? Perguntou, tremendo, Mariazinha.
– Sim, senhora. Eles põem suas enormes línguas para fora e, numa só lambida, engolem os bichinhos à sua volta. Cuidado! Muito cuidado!
A formiga secretária da ministra ia anotando tudo em seu caderninho.
– Existem muitos pássaros na região que, além de comer minhocas e pequenas cobras d’água, gostam também de insetos.
– Há diversos formigueiros por aqui, e o maior receio das formigas são as pisadas dos bichos grandes, como a onça pintada, jaguatirica, cachorros-do-mato, capivara, anta e lebre. Por onde eles passam esmagam tudo. Não por maldade. Eles não enxergam vocês, pequeninos.
– À beira do rio e riachos, nem chegar perto! Qualquer vento mais forte forma ondas que carregarão vocês rio abaixo.
– Os macacos são mais cuidadosos, quase não andam na terra, ficam em cima das árvores. Mas cuidado com eles também.
E continuou a conversa. Mas o que eles queriam, mesmo, era conhecer os contos sobrenaturais daquelas paragens.
– Pois bem, concordou a tartaruga. Passem a noite aqui, no meu abrigo, jantem e amanhã, ao raiar do dia, vou contar a história da Iara.
– Oba! Até amanhã, dona Catarina, despediram-se.







































A IARA


























Depois de tomar o café da manhã e esperar dona Catarina acordar e comer algumas frutinhas do mato, a turma acomodou-se para ouvir as histórias fantásticas.
Dona Catarina pigarreou diversas vezes para limpar bem a garganta, acendeu seu pito, olhou para todos e começou:
– Não sei se são lendas ou imaginações folclóricas. Só sei que já vi, algumas vezes, a Iara tomando banho no rio, e depois sentar-se nas pedras que formam as pequenas cachoeiras neste trecho. E, de lá, ela fica cantando, atraindo homens, para levá-los à sua morada no fundo do rio, de onde nunca mais voltam. Mas, se o homem já foi benzido por algum pajé e tomar banho de cachoeira ao amanhecer, fica livre dos feitiços de Iara.
– Ela é linda! Morena, de cabelos lisos e negros. Os olhos são cor de jabuticaba madura. Até a cintura é uma mulher perfeita. Da cintura para baixo tem corpo de peixe. E ela só aparece nas noites de lua cheia.
Todos estavam de olhos arregalados.
Dona Catarina continuou:
– Contam que a Iara, também conhecida como mãe das águas, surgiu numa tribo de índios às margens do rio Solimões, no Amazonas. Iara, na língua deles, é aquela que mora na água, informou dona Catarina.
– Mas de que jeito? Perguntou Mariana.
– Esperem, vou contar, respondeu, tirando algumas baforadas de seu cachimbo.
– Lá naquela tribo, no Amazonas, havia um cacique muito poderoso, que tinha três filhos.
– Conta a história que Iara era uma jovem índia guerreira. Seu pai tinha muito orgulho dela. Seus dois irmãos, por ciúme, resolveram matá-la. Iara soube e, guerreira como era, matou ambos os irmãos. Por isso Iara fugiu, mata adentro. Porém, revoltado com a perda dos filhos, seu pai mandou procurá-la. Depois de presa, ele ordenou que ela fosse amarrada e jogada no rio Solimões.
Todos estavam calados e tristes.
– No entanto, continuou dona Catarina, era uma bela noite de lua cheia. Os peixes, sensibilizados com a maldade, levaram a moça para o fundo do rio e a transformaram em uma linda sereia.
– E a senhora já viu essa moça? Perguntou Victor.
– Sim! Diversas vezes. Fico escondida em alguma moita, à beira do rio, nas noites de lua cheia, e espero que ela apareça. Até eu fico tonta com o seu canto.
Mariquinha, a secretária da ministra, consultou o seu caderno e falou:
– Dona Catarina, hoje é a segunda noite de lua cheia. Vamos até o rio, tentar vê-la?
– Sim, perto da meia-noite iremos até o meu esconderijo.
A alegria foi geral.
Nem viram o dia passar, de tão ansiosos!


















































MEIA-NOITE

























Como todos andavam devagar, principalmente a tartaruga, às nove horas seguiram para o esconderijo.
Quando chegaram, Bruno perguntou:
– Dona Catarina, como saberemos que é meia-noite?
É bom lembrar que os bichinhos não usam relógios. Calculam as horas pela posição do sol, da lua e das estrelas. Esse mecanismo celeste o homem aprendeu, guiando-se pela natureza. Principalmente a astral.
– Fácil, retrucou dona Catarina. Quando a lua estiver bem em cima de nossas cabeças, obrigando-nos a esticar o pescoço para vê-la, é sinal de que já é meia-noite.
Uma enorme lua cheia dirigia-se para o alto de suas cabeças.
– Fiquem em silêncio absoluto, pediu dona Catarina. E prestem atenção àquela pedra maior, no meio do rio. Se ela aparecer, vai ser lá.
– Nós, os meninos, não seremos enfeitiçados pela Iara? Perguntou Zezinho.
– É claro que não, retrucou a tartaruga. Só os bichos homens são envenenados pelo canto da sereia.
Nesse momento, como por encanto, surgiu das profundezas das águas, uma mulher de longos cabelos, dos quais escorria água, com a metade do corpo em forma peixe.
E, deslizando sobre a pedra como se fosse um anfíbio, Iara acomodou-se e começou a cantar, fazendo a tartaruga tremer.
– Como é linda! Exclamou Bruno.
De repente, apareceram milhares de vaga-lumes com suas luzernas brilhando, conferindo rara beleza ao cenário, que se tornou exuberante.
Todos ficaram parados e extasiados. Nem se deram conta por quanto tempo.
Quando os primeiros sinais da aurora surgiram, aquela linda sereia, como num passe de mágica, deslizou pela pedra e voltou para a sua morada, no rio.
– Vamos embora, sugeriu dona Catarina. Já está amanhecendo um novo dia.
Na volta, as meninas comentavam:
Será que foi um sonho ou é a pura realidade? Será?
Dona Catarina, bocejando, respondeu:
– Eu mesma às vezes não sei se sonhei acordada, vendo a linda Iara. Vamos dormir e descansar. Quando acordarmos, contarei a história do boitatá.














BOITATÁ.
























Quando acordaram, o sol se punha atrás das árvores, projetando frondosas sombras pelo chão.
Dona Catariana opinou:
– Está calor aqui dentro. Vamos conversar e comer lá fora, à sombra desse velho jacarandá, ao lado de minha toca. Com certeza ele é mais velho do que eu!
A tartaruga comeu bem devagar as suas frutinhas e, calmamente, colocou uma brasa da fogueira no seu pito. Olhou para todos e perguntou:
– Posso começar?
– Sim! Foi a resposta.
– Meus aventureiros. Vou contar sobre um dos nossos protetores. O boitatá é uma enorme cobra de fogo, bem maior do que todas as sucuris que eu já vi.
– O que é sucuri? Perguntou o grilo Juvenal.
– Sucuri, meu filho, é uma enorme serpente que habita as margens dos grandes rios. Ela pode viver na água ou na terra. Quando ela está com fome, procura um animal grande, de preferência boi ou vaca. Para devorá-lo, ela o hipnotiza com seu olhar frio e parado. Depois de hipnotizado, ela o envolve, dando voltas pelo seu corpo, triturando todos os ossos. Em seguida, começa a comer, engolindo-o com sua espessa saliva. No caso de boi, a cabeça fica do lado de fora, que ela não consegue engolir por causa dos chifres.
– Mas que medo! Comentou Carlinhos.
– É para ter medo mesmo. Retrucou dona Catarina, continuando:
– A digestão demora semanas. Ela permanece inerte, sonolenta, sem sair do lugar. Muita gente que vê a sucuri dormitando, com aqueles chifres fora da boca, pensa que é um boitatá. Mas não é, não. Vamos falar mais um pouco desse personagem do folclore brasileiro.
– Quem descreveu pela primeira vez a lenda do boitatá foi o padre José de Anchieta, um dos fundadores de São Paulo de Piratininga. Naquela época, ele ouvia os índios contando sobre a serpente de fogo.
– O boitatá desliza rente ao chão e sobe árvores com a velocidade de uma gazela. Ele policia e fiscaliza quem maltrata os animais grandes ou pequenos, as grandes árvores e a vegetação rasteira. Se, por acaso, ele vir alguém ferindo a natureza, queima o indivíduo, sem dó nem piedade, com suas labaredas, transformando a pessoa em cinzas.
– Diz a lenda que quem se depara com o boitatá fica cego, pode morrer ou até ficar louco. Assim, quando alguém se encontrar com o boitatá deve ficar parado, sem respirar e de olhos bem fechados.
– Puxa, estamos aprendendo maravilhas completamente desconhecidas lá no reino! Exclamou Mariquinha, sempre anotando em seu livrinho.
– Sim, sim! Respondeu a tartaruga, piscando de sono. Vamos dormir, pois amanhã vocês continuarão essa viagem aventureira.














































O SEGREDO





















Quando estavam preparados para embarcar novamente nos cestos dos pombos, dona Catariana chamou-os para a despedida e revelou:
– Queridos amiguinhos, sentirei muitas saudades de vocês. Mas tenho um segredo para revelar. Branquinho trouxe uma mensagem lacrada da rainha Alice, dizendo para eu mostrar o caminho de uma tribo de índios Carijós, que guardam secretamente uma mina de ouro em suas terras, que nem os bandeirantes com suas espadas e arcabuzes conseguiram conquistar.
– A rainha quer que vocês levem um pouco de ouro em pó para o reino. Só Branquinho sabia de tudo.
Com os olhos marejados, prosseguiu:
– Quando eu era pequena, vivia com minha irmã menor, a Querubina.
Certa manhã, nós estávamos tomando água no rio quando chegaram esses índios em suas canoas e levaram minha irmã embora.
– Recebo notícias dela pelos pássaros amigos. Ela vive dentro da paliçada que os índios levantaram depois da guerra com os bandeirantes.
Cruzando o rio em direção do nascer do sol, depois de algum tempo, vocês avistarão a aldeia.
– Boa sorte e vão com o Deus dos bichinhos!
Foi uma choradeira só.
Alguns minutos depois, voavam na direção apontada pela velha tartaruga, dona Catarina.


FIM DA SEGUNDA PARTE











TERCEIRA PARTE


NA TERRA DOS ÍNDIOS


































APROXIMAÇÃO AÉREA



















Depois de um reparador descanso, tio Bob chamou a garotada e falou:
– Amiguinhos e amiguinhas! Vamos agora para a última parte destas incríveis aventuras dos minúsculos bichinhos. Se quiserem mais pipocas, é só pedir para a tia Rosa.
Depois de quase uma hora de viagem, Branquinho chamou a atenção de todos, pois havia avistado a aldeia dos índios.
– Vou descer naquela paliçada de bambus. Estou avistando uma boa capoeira para a gente se esconder.
Ventinho seguia o companheiro com todo o esmero.
Ao sobrevoar a oca, avistaram diversas casas de pau-a-pique. Notaram, então, que vários indígenas dançavam de mãos dadas em torno de uma pequena fogueira.
– Deve ser alguma festa, disse Bruno.
Neste instante, Branquinho deu uma violenta guinada para a esquerda, fazendo todos caírem no piso da cestinha.
– O que foi, agora? Gemeu Victor.
– Vocês não escutaram os zumbidos? Estão atirando flechas em nossa direção! Esbravejou Branquinho, dando meia volta para verificar como estava Ventinho.
– É melhor a gente descer logo, pediu Alexia.
– Vamos! Concordou o pombo, voando em direção ao ponto que havia escolhido.
































COMO ENTRARAM NA TABA


















No solo, já em segurança, os dois pombos desembarcaram os viajantes, que logo se esconderam para preparar o almoço.
Depois de uma boa soneca, começaram a imaginar como seria o primeiro contato com dona Querubina.
– Eu vou sozinho, Ventinho ficará com vocês. Comunicou Branquinho.
– Se eu não voltar até o pôr do sol, Ventinho levará todos de volta para casa, em duas viagens.
Ventinho concordou, exclamando que o amigo voltaria são e salvo.
Quando as nuvens começaram a avermelhar no horizonte, ouviram a aproximação de Branquinho, que foi logo dizendo:
– Encontrei a irmã da nossa amiga. Falei do nosso projeto, o que deixou dona Querubina bastante assustada.
– Ela disse que na entrada da mina fica a choupana do cacique, um velho índio mal-humorado chamado Ubiratã, que está sempre confabulando e rezando com o pajé.
– Perguntou sobre a dança e o motivo de tanta agitação?
– Vão dançar a noite inteira. Quando clarear o dia, a maioria irá para a cachoeira no grande rio, para assistir a piracema.
– O que é piracema? Perguntou Mariana.
– Ela me explicou que é o barulho que os grandes cardumes de peixe fazem, querendo vencer a cachoeira, buscando a nascente do rio para a desova. E justamente agora é a temporada da desova.
– Ela revelou também que chegamos no momento certo. O cacique e o curandeiro vão com o resto da tribo para assistir a piracema.
– Aguardaremos os índios se embrenharem mata adentro para voarmos até a paliçada. Falou Branquinho.
Todos concordaram e se prepararam para jantar e depois dormir.
O dia seguinte seria o início de outra grande aventura!























DONA QUERUBINA


Quando a expedição cruzou a paliçada, os índios já estavam longe, a caminho da cachoeira. Na aldeia permaneceram os idosos e crianças pequenas. Até os cachorros seguiram os seus donos.
Com este sossego, dirigiram-se para trás da choupana do cacique, onde morava dona Querubina.
A tartaruga, ao vê-los, ficou espantada com a criançada que compunha aquela aventura. Arregalando bem os seus olhinhos, exclamou:
– Se a vossa rainha confiou tamanha responsabilidade a vocês, significa que vocês merecem. Vou aproveitar a calma aqui no povoado para contar um pouco do que sei sobre o ouro.
– Conforme a carta da rainha Alice, ela sabe, através dos seus antepassados, que o ouro e as pedras preciosas encontrados nessas paragens pertencem aos bichinhos que cavam túneis e galerias nas profundezas da terra. Assim, vocês têm direito a esse ouro.
– O ouro que irão buscar são partículas de pepitas brutas, descobertas pelo bisavô do cacique Ubiratã. Eu conheci esse índio feroz ainda menina. Passou muito tempo da descoberta quando apareceram aqui uns homens armados com bacamartes, facas e espadas.
A turma aproximou-se mais de dona Querubina para ouvir melhor a narração.
A tartaruga deu um enorme suspiro e continuou:
– O chefe dos bandeirantes, um enorme homem de barba branca, com um chapelão de palha na cabeça, gritou, com a arma na mão:
– Queremos o ouro agora, se não colocaremos fogo nas suas casas e os levaremos como escravos para a cidade grande.
– Mas havia alguns índios escondidos atrás e em cima das árvores, que começaram a atirar flechas em direção dos homens brancos. No mesmo instante, alguns bandeirantes caíram no chão, atravessados pelas flechas.
– Mas que pontaria! Exclamou Pedrinho.
Dona Querubina fez uma pausa na conversa, ficou pensativa e continuou:
– O cacique e seus guerreiros correram para buscar os seus tacapes e mais flechas com as pontas envenenadas com curare. Enquanto isso, os bandeirantes recuaram para carregar, com chumbo e pólvora, as suas armas de fogo.
– A luta começou por volta do meio-dia e só terminou quando escureceu. Os bandeirantes, em minoria, aproveitaram a escuridão para fugir, levando os feridos, mas deixando para trás os companheiros mortos na batalha.
– No dia seguinte, o cacique mandou levantar a paliçada e construiu sua maloca bem em cima da entrada da mina.
– É para lá que nós vamos, não é, dona Querubina? Perguntou Zezinho.
Dona Querubina cheirou uma pitada de rapé para espirrar e continuou:
– Temos de traçar um plano para vocês entrarem na mina. Eu não vou! Mas vamos precisar de muita ajuda.
















































NOVOS COMPANHEIROS























No final da tarde, a tartaruga reuniu o pessoal para contar as novidades:
– Crianças travessas e aventureiras, já sei como conseguirão descer até lá embaixo para satisfazer a vontade da vossa rainha.
– Oba! Oba! Como vai ser? Perguntou Rafael.
– Calma! Tenham muita calma! Respondeu dona Querubina.
Foi nesse momento que chegaram umas trinta saúvas, ou formigas-cortadeiras, como são conhecidas, chefiadas por um formigão de uniforme, com o peito repleto de medalhas.
– Esse é o capitão Chicão, disse dona Querubina, apresentando o militar para os visitantes.
– Ele está a par dos vossos anseios, mandei contar tudo ao comandante do reinado das saúvas daqui, o coronel Damião. Eles estão acostumados a cavar profundas galerias para armazenar as folhas cortadas pelas cortadeiras. Assim, o reino tem estoque de alimentos na época das chuvas.
– Bom dia, meus heróis! Saúdo o capitão Chicão!
Combinaram que, naquela noite, com a iluminação de dezenas de vaga-lumes, começariam a cavar um túnel do lado de fora do casebre do cacique, pois, segundo levantamento topográfico feito no local, em menos de um dia chegariam ao fundo da mina.
– Enquanto isso, ordenou o capitão, preparem saquinhos de fibra de cipó seco para levar a encomenda de vossa rainha.
Com a ajuda dos dois pombos, nossos novos heróis começaram a fabricar embalagens para carregar o ouro.




























A ESPERA























Aquela noite foi de insônia para todos que não estavam trabalhando na construção do túnel.
Com isso aproveitaram a paciência e a bondade de dona Querubina, que, mesmo sonolenta, contou a história de um ornamento indígena chamado jaci.
– Jaci, meus pequenos amiguinhos, é um tipo de palmeira enorme, com longas folhas de fibras duras, com as quais os índios preparam diversos ornatos e utensílios, principalmente corda para amarrar na ponta do arco, que serve para lançar flechas.
– Mas tem tribos, como os tupinambás, que confeccionam colares com miçangas e dentes de animais caçados para enfeite pessoal.
– Muitos desses colares, com os dentes envenenados por curare, foram jogados pelos antigos índios, que lutaram com os bandeirantes para cobrir as pepitas, lá embaixo escondidas. Se algum homem branco chegar até o ouro e pegar os colares, na certa morrerá envenenado.
Mariquinha, que anotava tudo, arrepiada, falou:
– Eu não gosto de ouvir falar em morte nem em mortos!
Todos deram risadas.
– Mas, prosseguiu a tartaruga, os valentes soldados que estão cavando o túnel, sob o comando do capitão Chicão, sabem perfeitamente das armadilhas colocadas pelos índios. Assim, terão todo o cuidado possível.
– Ainda bem! Disse Mariquinha.
– Outra armadilha natural são as aranhas caranguejeiras, que perambulam nas redondezas do fundo do poço.
– O capitão garantiu que os seus soldados estão capacitados para defender os companheiros.
Todos bateram palmas para o capitão Chicão, que estava abrindo caminho para o bom êxito da missão.























AS PEPITAS DE OURO























No outro dia, bem descansada, a nossa tropa estava preparada para descer a galeria aberta pelas saúvas.
Não eram quatro horas da tarde, depois dos últimos conselhos de dona Querubina e do capitão Chicão, os aventureiros, acompanhados por saúvas soldados sob o comando do capitão, começaram a perigosa descida em direção às pepitas. Algumas levavam as embalagens para colocar o ouro.
O túnel, feito às pressas, não tinha sustentação perfeita. Por isso, deveriam descer devagar, sempre com o caminho iluminado por pirilampos.
Os dois pombos ficaram lá em cima, torcendo e rezando para que seus amigos voltassem sãos e salvos.
Depois de aproximadamente duas horas descendo aquela acentuada rampa, avistaram as sentinelas do capitão.
– Podem aproximar-se das pepitas, mas muito cuidado com os jacis.
Algumas cortadeiras haviam serrado, com ferrões, diversas pepitas, deixando o ouro em pó para facilitar o transporte.
Sob as ordens severas do capitão, pararam para descansar e tomar um lanche.
Enquanto comiam, as saúvas soldados começaram a embalar o ouro e levá-lo para cima. Pois, segundo dizem, para descer todo o santo ajuda. Mas subir, e com peso, é difícil.
Foi nesse momento que se ouviu o alarme.
Capitão Chicão deu três apitos breves para as suas infantes se posicionarem contra uma caranguejeira que se aproximava.
Duas alas se prepararam para atacar a aranha pelos flancos.
Quando ela estava bem perto, os vaga-lumes acenderam suas lanternas para o sucesso do ataque.
Vinte lanças com as pontas envenenadas foram lançadas em direção aos olhos daquele bicho peludo e assustador.
Mariazinha e Mariana começaram a chorar baixinho. Mariquinha desmaiou.
Só depois de se certificar que a aranha estava morta, foram cuidar das meninas. Afinal, todos estavam nervosos e assustados.
Depois de tudo acalmado, já dispostos novamente, começaram a árdua caminhada de volta para a casa de dona Querubina, que ficou encarregada de guardar e proteger o ouro.















PREPARATIVOS PARA A VOLTA AO LAR
























Quando chegaram, a lua, em quarto minguante, já se punha no horizonte.
– Logo vai amanhecer o dia, disse o capitão. Vamos descansar e deixar dona Querubina dormir à vontade.
E assim fizeram.
O sol já abrasava as campinas, quando se reuniram para determinar como seria o transporte do ouro até os domínios da rainha Alice
Escutando os conselhos do capitão, os dois pombos transportariam a mercadoria e voltariam para buscar o pessoal. Calcularam e concluíram que os pombos só voltariam dentro de uma semana.
– Daqui a quatro ou cinco dias os índios voltarão da festa da piracema. Como vocês não terão proteção nem dentro nem fora da paliçada, seguirão comigo e minha tropa. No nosso formigueiro ficarão sob a minha guarda.
Todos concordaram.
Em menos de uma hora os dois amigos voavam com a valiosa carga em direção à sua amiga, rainha Alice.




































A VOLTA PARA CASA






















Conforme os cálculos do capitão Chicão, os dois pombos retornaram no quinto dia.
A chegada daqueles amigos foi cheia de alegria e tristeza.
Alegria em revê-los e ter certeza da volta segura para casa.
Tristeza em se despedir dos novos amigos.
Depois de abraços e lágrimas, todos foram beijar e agradecer dona Querubina pelo sensacional êxito da perigosa missão.
Voaram em direção à morada de sua irmã, dona Catarina, onde, depois de matar a saudade, passaram a noite.
Logo cedo, antes de os gaviões saírem de seus ninhos, em busca de alimento, já estavam voando para abraçar os seus entes querido.
A feliz viagem transcorreu sem novidades até avistarem a entrada do reinado de Alice.







































A GRANDE FESTA






















Ao se aproximar, notaram um povaréu a esperá-los. Até a banda de música tocava alegres dobrados.
Um longo tapete vermelho estava estendido até os dois tronos. Ficaram pensando – para quem será o outro trono?
O chanceler do reino, um formigão de fraque e cartola, foi recepcioná-los e avisá-los que o outro trono estava reservado para a rainha Isabel, em visita com sua corte para a grande festa em homenagem aos novos heróis dos dois reinos.
Informou, também, que todos os seus familiares estavam presentes.
A alegria foi geral. Rever a rainha, papai, mamãe e talvez novos irmãozinhos e priminhos.
Quando as duas rainhas estavam sentadas lado a lado e os parentes dos aventureiros, ao seu redor, teve início o desfile militar, que antecedeu a ida dos heróis até as rainhas.
Depois de coroados com folhinhas de louro, foram sagrados cavalheiros dos dois reinados.
Em seguida, serviu-se um farto jantar, inclusive para o povo.
Já descansados e nos braços dos familiares, as rainhas mostraram onde estava escondido o ouro.
Anexo aos aposentos da rainha Alice, que guardou parte do ouro para a sua prima, rainha Isabel, o restante da fortuna, para espanto da turma, estava guardado na casca de noz – embarcação usada no início dessa história.
E assim viveram felizes para o resto da vida, sempre relembrando e fazendo palestras em outros formigueiros sobre as famosas aventuras.
E assim, amiguinhos leitores, o tio Bob vai terminando essas maravilhosas e emocionantes histórias. Se vocês prometerem estudar e se comportar, garanto que em breve contarei outras.
Abraços e beijos carinhosos para todos!

FIM


São Paulo, abril de 2011
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