Usina de Letras
Usina de Letras
281 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62171 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50576)

Humor (20028)

Infantil (5423)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Rosa negra, PTOLOMEU -- 23/07/2002 - 10:26 (CARLOS CUNHA / o poeta sem limites) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos





Rosa negra



Fazia mais de seis meses que PTOLOMEU dividia comigo o mesmo barraco.
Eu já não me assustava mais quando recebia dele respostas às perguntas que eu não fazia e que não eram mais que indagações que passavam por meu pensamento.
Já me acostumara com suas palavras amigas, que elevavam o meu moral sempre que eu me sentia deprimido e cheio de dúvidas sobre a minha vida. Passou a ser natural tê-lo como confidente porque eu não precisava falar nada, ele sabia tudo o que eu pensava e sentia. Minha vida, em muitos pontos, tinha se tornado bem mais facil. Muitas vezes a sabedoria e a simplicidade, que ele mostrava na solução de um problema que eu tinha na vida, tornava o meu viver bem mais simples e gostoso de ser vivido.
Se eu estava triste comigo mesmo, por ter percebido alguma de minhas falhas ou fraquezas, ele sempre dizia palavras que mostravam o meu outro lado. Falava de momentos em que eu me mostrara forte, do quanto era normal e humano falhar e que o importante era nos preocuparmos em não deixar que nossas falhas se repetissem sem tentar corrigi-las.

Na mesma semana, em que o PTOLOMEU apareceu em minha vida, mudou-se para o barraco vizinho ao qual eu morava uma mulata linda e bastou que eu a olhasse uma vez para que me sentisse completamente apaixonado por ela. Fiz de tudo para conquista-la.
Escrevi poemas que contavam o grande amor que me atingira, que louvavam a sua beleza e que me colocavam na posição de seu escravo. De meu violão tirei acordes melodiosos e cantei canções apaixonadas que em suas letras falavam do grande amor que eu sentia por ela.
Tudo foi em vão. Os meses se passaram e ela permaneceu insensível as minhas declarações e a força dos meus sentimentos. Eu sofria por essa rejeição, sem saber que a mesma era obtida por todos que tentavam conquistar a doce mulata.
Flor, era esse o nome da mulata, rejeitava a todos mas era uma mulher romantica.
Ela sabia que, um dia em sua vida, apareceria um homem apaixonado pelo qual ela também se apaixonaria, só que ainda não o tinha encontrado.
Muitos tinham lhe declarado o seu amor, mas ninguém havia atingido o seu coração.


Era um fim de tarde calmo e eu estava sentado em um canto de meu barraco, vivendo as minhas mágoas e pensando nela, quando ouvi o PTOLOMEU me dizer:

- Já está me dando nos nervos essa sua paixão pela mulata. Você fica ai curtindo uma puta fossa e a vida vai passando. Está na hora de você ir a luta, meu chapa, na vida e no amor sempre é preciso muito esforço para se ser bem sucedido.

- Mas o que mais posso fazer, eu lhe respondi cheio de desespero? Já declarei a ela o meu amor de mil maneiras. Fui gentil e apaixonado, mandei-lhe doces, flores e de nada adiantou.

- Continue tentando, ele me disse. Vá até o quintal e plante uma roseira. Quando ela florir apanhe a primeira rosa que nascer e a leve para ela. Quem sabe assim você consegue atingir o seu coração.

Um tanto desesperançado, mas já acostumado a seguir os seus sábios conselhos, eu fiz o que ele me falou. Plantei a roseira e todos os dias eu a molhava e passava horas perto dela sonhando com a mulata chamada Flor.
Finalmente, numa manhã em que o sol refulgia mais brilhante que o normal, vi que havia uma rosa na roseira que eu plantara, e tamanha foi a minha surpresa quando eu vi que não era uma rosa comum. Sua cor era negra, num tom um pouco mais acentuado do que a cor da pele da mulata Flor. Deslumbrado, eu apanhei a rosa e levei-a para a minha amada.
Ela ao ver aquela linda rosa negra, que eu lhe oferecia, me olhou com os olhos cheios de lágrimas e falou:

- Eu tinha certeza que um dia alguém me amaria de verdade e sabia que quando essa hora me chegasse saberia quem era ele e que sentiria a força do seu amor.

Ela então se jogou em meus braços e me entregou o seu amor que eu recebi sentindo-me o mais feliz dos homens.


Quando eu agradeci ao PTOLOMEU, pela rosa negra e pela ajuda que ele me deu para conquistar a mulher que eu amava, ele me falou:

- Você não percebe que eu não fiz nada? Quem plantou a roseira foi você. Tratou dela com carinho, regou-a todos os dias e por isso ele floresceu uma linda rosa. Quanto a ela ter nascido negra não foi por causa dos meus poderes. Foi à força do seu amor que fez com que isso acontecesse. Quando sentimos dentro de nós um verdadeiro e grande amor os milagres acontecem, basta nos dedicarmos a esse amor e dele não desistirmos.



CARLOS CUNHA





Visite a página do autor clicando aqui

CARLOS CUNHA/o poeta sem limites

dacunha_jp@hotmail.com




Você acredita em saci?
No conto infantil "Na mata tem saci" o personagem PTOLOMEU aparece pela primeira vez.
Leia-o pra você conhecer e se apaixonar por esse negrinho maravilhoso.


Na mata tem saci




Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui