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Cronicas-->Nossos Fantasmas -- 17/05/2002 - 13:01 (Wesley Nogueira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu acredito em fantasmas. Calma, não precisa chamar o Padre Quevedo nem os GhostBusters! Meus fantasmas não são as entidades espirituais feitas de ectoplasma tão exploradas pelas lendas e mitos, ou pelo cinema. Deste tipo eu nunca vi, não sei se existem, mas se são reais, nunca se deram ao trabalho de a mim se apresentarem formalmente...

Os fantasmas existem porque são os criados por nós mesmos; são pessoais e intransferíveis, geralmente não é só um, e as vezes nem são poucos. Colecionamos fantasmas desde o nosso nascimento. Quem não teve medo de dormir de luz apagada, não olhou dentro do guarda-roupa ou embaixo da cama antes de se deitar, procurando não se sabe o quê, ou sentiu um calafrio ao ouvir o latido de um cão à noite? Acho que o primeiro fantasma de cada um de nós é o medo do mundo exterior, exterior ao nosso corpo, à nossa casa, à nossa segurança pessoal. Esse fantasma nunca nos abandona, apenas vai mudando de face ao longo de nossas vidas.

De uma forma ou de outra, sempre sentimos medo do mundo, daquilo externo ao nosso ser e às nossas possibilidades, daquilo sobre o que achamos não ter controle. À medida que crescemos a coleção vai aumentando, vêm os fantasmas da escola, dos amigos, das dúvidas da meninice. À medida que crescemos, os fantasmas vão se acumulando, se acotovelando em busca de espaço em nossas vidas, mas a natureza é tão sábia que, à medida que eles vão aparecendo, nós vamos aprendendo a lidar com cada um deles, ora facilmente, ora com dificuldade, mas temos sempre que aprender a conviver com essas sombras, sem nunca esquecer de aproveitar a luz.

Talvez os piores fantasmas que carreguemos sejam decorrentes de coisas que nunca fizemos, de desejos mal resolvidos ou não acabados, as vezes nem começados, as frustrações de não ter seguido um destino ou uma carreira, de não ter dito ou feito algo em um determinado momento, de seguir um caminho diferente em uma das bifurcações nas estradas da vida. Estes fantasmas são sem dúvida muito cruéis; são aqueles que gostam de colocar o dedo na ferida, de virem nos importunar nos momentos mais diversos, arrastando suas correntes e fazendo ranger nossas portas, nos fazendo perder o sono, rolar na cama a noite toda.

Dizem que quando sentimos os pêlos da nuca eriçarem é porque um fantasma passou por perto. Isso me faz lembrar de um tipo especial de fantasma: os fantasmas dos amores passados, mal resolvidos, acabados, esses têm uma dualidade em nossos sentimentos, não dá para separar a dor da saudade do prazer da lembrança, são fantasmas masoquistas esses, brincam com o prazer da dor, ou seria com a dor do prazer? Esses fantasmas atacam de forma bem curiosa: quem não se lembra de achar uma foto jogada numa gaveta, um presente antigo, uma peça de roupa esquecida ou furtada da pessoa que já foi amada, um lençol rasgado em um momento de amor, um filme que foi assistido pelos dois, abraçados, que foi tão gostoso, mas de cujo final nem sequer nos lembrávamos? Aliás, quem tinha prestado atenção ao filme?...

Então, quem disse que fantasmas não existem? Existem sim, sem dúvida, passamos a vida toda expulsando fantasmas e exorcizando demónios de nossas vidas, alguns fantasmas talvez sejam como o Gasparzinho, alegres e inofensivos, outros como Freddie Kruguer, malévolos e perigosos, mas que eles existem, existem e são filhos de nossa própria mente, consciente ou inconsciente, herança de nossas ações ou efeitos colaterais de nossos atos. Resta-nos apenas conviver com eles, como convivemos com tudo mais nas nossas vidas.

A propósito, o que será esse barulho estranho? parece com o arrastar de correntes...
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