Somos nós uma constante espera.
Já bem o dizia Chico Buarque:
esperando, esperando...
Esperando a vida,
esperando a morte,
aguardando a bênção,
que nos conforte.
Esperando o ganho
no fim do mês,
na esperança boa
de um bom freguês.
Esperando
a noite para orar
por estar vivo
pra esperar.
Hoje à espera de um bom Natal
e da fantasia do Carnaval.
Esperando...
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Antigos Carnavais
maria da graça almeida
Onde estão os pierrôs
e as dengosas colombinas,
que nos carnavais enfeitavam
o meu tempo de menina?
Aonde andam certas bruxas
e princesas encantadas,
que nos salões desfilavam,
como em contos de fadas?
Aonde trotam os cavalinhos,
que mantenho na lembrança,
rodopiando em desalinho,
assustando as crianças?
Onde dançam as bailarinas,
de saias armadas e finas,
sapatilha na perna amarrada,
sorriso na boca pintada?
Aonde andam os mascarados,
que sutis nos cortejaram?
Alguém tão bem o disse:
- Mascaram-se na velhice!
Onde estão os mil confetes,
que em cascatas coloridas,
choviam das jovens mãos,
salpicavam a rua, o chão?
Nem ao menos sei dos momos...
mas se eu fosse fada ou gnomo,
dos carnavais, com certeza,
resgataria a pureza!
Porque hoje, na verdade,
longe dos bailes antigos,
só sei da bruxa saudade,
que triste arrasto comigo!
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