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Artigos-->HÁ LUZ NO FIM DO TÚNEL... -- 11/11/2008 - 15:31 (Carlos Rogério Lima da Mota) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu tinha todos os motivos para nunca mais escrever, para deixar de lado a poesia das palavras, o sentimento real que brota de cada conto ou trama novelesca que criei ao longo de 16 anos de profissão, entretanto, desisti desta idéia e resolvi encarar novamente o teclado e abordar com coragem os fantasmas que quase me fizeram abandonar o mundo mágico da criação.



Quando escrevia semanalmente, era comum receber críticas, elogios e todo tipo de sugestão pelo meu trabalho. Vivia por isso e para isso, porque escrever, para mim, era muito mais do que consoantes e vogais ordenadas numa linha do papel: escrever era o meu refúgio, uma forma diferente de me expressar ante a um mundo dominado pela ausência de intimidade entre as pessoas. Eu escrevia para milhares, dizia o que pensava acerca dos temas da atualidade, invadia o imaginário de centenas de dezenas de leitores - amigos anônimos, despertando-lhes para os grandes temas globais. Digo “era” porque talvez nem volte mais a escrever e sabem por quê? Percebi, de repente, que alguma coisa estava errada comigo, afinal, aos poucos era desbravado por uma insônia voraz, perdia a vontade de comer, de brincar com meus filhos, de estudar profundamente as obras imortais que tanto me comoviam e me transportavam para universos paralelos em que o “amor ao próximo” era a essência mais preciosa das coisas. Assim, da alegria originava-se a tristeza, do amor o ódio...



A melancolia, como a noiva das trevas, encobria-me com seu véu e me aprisionava em uma masmorra, cujas paredes invisíveis prenunciavam o medo. Meu desespero crescia a ponto de tudo perder a cor, o brilho natural... Imaginem-se diante do espelho, sem reflexo, destituído de corpo e alma. Assim eu me via, assim eu me sentia!



O próximo passo foi relegar minha auto-estima à cova do esquecimento e deixar de curtir tudo o que gostava. Durante anos, mantive o mesmo hábito: chegar em casa às 20h - depois de 12 horas de exercício profissional, tomar um banho, jantar e ler os jornais do dia, na verdade, devorá-los, até com mais prazer que a própria refeição. Cada comentário político ou notícia relevante, fosse cultural ou mesmo policial, conduzia-me a um mundo maior que o meu, causando-me indignação e, em alguns casos, comoção. Foi assim que acompanhei o caso Isabella, que parou o país por mais de um mês, e assisti à crise financeira levar os mercados americanos à bancarrota. Mas, ao invés de ser desafiado por uma curiosidade sagaz como outrora, passei a deixar os jornais de lado e a dormir. Por incrível que pareça, minha noção do tempo já não mais acompanhava a rotina da realidade, como se a vida não despertasse mais interesse... Que assustador! Por isso, a morte, naquele momento, apresenta-se como a opção mais atrativa!



Atormentado, meu coração batia sem rumo, esmorecendo um corpo já em ruínas. Aos poucos, minha vocação esvaía (sou professor, adoro lecionar, manter os laços de cordialidade e companheirismo com minhas crianças – assim chamo meus alunos), o talento não mais reluzia! Era a versão tupiniquim de Lord Byron – o poeta romântico inglês, cujo talento voltava-se à autodestruição. Sem que percebesse, eu estava sendo vítima das artimanhas nefastas de um “verme” poderoso, capaz de partir meu interior em versões destoantes, instigando um confronto de egos sem precedentes. A sensação de ameaça, de morbidez, aliada à necessidade do isolamento, tornava-me estranho, tão estranho que assustava aos meus familiares e a mim mesmo.



A luz vermelha acendeu-se quando pensamentos suicidas invadiram minha mente. Foi a partir daí que resolvi procurar a ajuda de um profissional. Após este relato, o médico voltou-se para mim e disse que eu estava com DEPRESSÃO - doença grave, porém, tratada com desdém por parte da sociedade conservadora, que a considera “doença de rico” ou simplesmente “vadiagem”.



E o que aconteceu para que eu chegasse ao fim do túnel? A priori, uma associação “suicida” de estresse com excesso de perfeccionismo. Bem, este artigo é apenas mais um instrumento que encontrei para me resgatar. Se o fiz bem feito não sei, espero apenas ter ajudado a muitos que, como eu, vivem este verdadeiro inferno introspectivo, até porque, só quem passa ou passou por essa experiência é capaz de dimensionar o quão letal ela é.



O importante é saber que a Depressão tem cura, desde que tratada a tempo por bons profissionais e medicada conforme a gravidade dos sintomas. O que não vale é ficar em casa, deixar a vida fugir pelas mãos, como se não houvesse luz no fim do túnel, certo?
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