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Artigos-->CABALA FÁCIL - Sina e Destino -- 26/10/2008 - 22:00 (JOSÉ DAS NEVES NETTO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SINA E DESTINO



Diferenciar sina e destino é tarefa árdua, pois a maioria de nós entende que as duas palavras expressam o mesmo significado: algo que se é obrigado a fazer; sina ou destino que se tem de cumprir.

Conjunto de conhecimentos adquiridos ao longo de séculos de estudo e observação, a cabala nos fornece uma nítida distinção entre o que é sina é o que é destino.

Antes de chegarmos a essa distinção, porém, é bom que antes tenhamos visto (ou revisto) alguns dos pressupostos em que se fundamenta o pensamento cabalístico a respeito desse assunto.

O primeiro desses pressupostos é que todos possuímos uma alma eterna e indestrutível, que busca evoluir, alternando períodos de ação (quando encarnada) e reflexão (quando em estado de pura consciência).

O segundo, é que essa busca da evolução é somente em parte dirigida pela sina, pois, se de um lado podemos fazer escolhas, pelo outro, quando encarnados, submetemo-nos ao império das leis naturais, que podem até mesmo destruir prematuramente o corpo através do qual nossa alma se expressa.

O terceiro, é que ao Divino interessam todas as almas. Até mesmo os seres ditos demoníacos são, na Cabala, chamados e considerados como “benai ha elohim”, expressão que se traduz por “esses também filhos de D’us”. Assim, os componentes de uma sina individual objetivam beneficiar, em maior ou menor grau, todos os nossos semelhantes, até que todos nós alcancemos um estado ideal de consciência, como descrito nas palavras do profeta Jeremias (31-34): “não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei nas suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei”.



Cada vez que retornamos a este mundo da ação, trazemos conosco um projeto de vida, uma carga curricular a ser cumprida, estabelecida não somente pelos resultados obtidos no ciclo anterior de ação e reflexão, mas também pelas necessidades daqueles com quem travaremos relacionamentos mais longos, intensos ou significativos, os chamados companheiros cármicos.

Uma lenda muito bonita (em que se estrutura o conto abaixo “almas gêmeas) descreve a cortina de Pargod, que Enoch teria contemplado diante do trono, quando atingiu o sétimo céu, o céu de Arabot, A lenda nos dá uma idéia de como se desenvolvem os relacionamentos cármicos e de que como almas afins se reúnem e se separam ao longo de suas várias vidas.

Isto mesmo, uma lenda. Assim como a própria NASA tenta nos transmitir o que observa com seus sofisticados instrumentos, valendo-se de concepções artísticas, a cabala também se vale de contos e lendas para nos transmitir conhecimentos.

Outro pressuposto fundamental na ideação de sina é a Providência Geral que, com oportunidade e eficiência, provê nossas almas de tudo quanto possam necessitar para a realização de seus propósitos.

A primeira e maior de todas essas necessidades é um corpo. Quando afirma que muitos dos elementos de que se constitui nosso corpo (ferro e cálcio, por exemplo) são provenientes de uma estrela massiva que morreu há bilhões de anos nessa região do universo, pois nosso Sol não tem massa suficiente para compor esses elementos, a Ciência nos dá uma idéia de quão longe vai o alcance da Providência Geral.

Dotados de um corpo, precisamos de uma força-inteligência que nos possibilite realizar comparações e escolhas e construirmos uma escala individual de valores ajustadas às nossas condições estritamente pessoais. A cabala situa essa força-inteligência na coluna central da árvore da nossa vida, a coluna da consciência, e a classifica em três níveis: consciência do corpo(terra-malkhut), do ego (lua-yesod) e do self (sol-tiferet).

Para nos transmitir conhecimentos acerca desses níveis de consciência: corpo, ego e self, a cabala usa sua psicologia. A diferença fundamental entre a psicologia cabalística e a psicologia tradicional é que a cabala entende que, quando nosso corpo é separado do corpo de nossa mãe e respira pela primeira vez, recebe, junto com a alma que o sustentará daí por diante, um programa completo (em linguagem moderna, um software), tal qual o programa operacional que é instalado em nosso computador depois de a máquina estar pronta.

Esse programa, em cuja montagem foram considerados os resultados dos ciclos anteriores de ação e reflexão, contém as diretrizes básicas para a vida que se inicia. As linhas mestras, as companhias cármicas e os eventos mais significativos nos são mostrados nesse momento. Depois da nossa concordância, essas informações migram para o subconsciente (ego-yesod), de onde poderão aflorar em sonhos ou intuitivamente, quando nos defrontarmos com aspectos ou companheiros cármicos em situações ou momentos importantes de nossas vidas.

Importante lembrar que, embora o corpo seja o de um bebê, a alma é experiente e apta a fazer suas escolhas desde já; desde já exercer o seu divino atributo do livre arbítrio. Assim, enquanto umas poucas almas recusam sua sina por inteiro (e com isso causam a morte do nascituro), outras almas assumem a dura missão de, por exemplo, viverem uma curta existência e, com o final trágico e prematuro, transformar para melhor o modo de ser daqueles que foram seus pais.

Por curiosidade, procuremos relembrar agora a ocasião em que pela primeira vez encontramos pessoas (ou referência a elas) que se tornaram importantes em nossas vidas. Veremos que sempre sentimos uma impressão muito forte de aceitação, rejeição ou outro sentimento indefinível. Não seriam essas impressões o afloramento das memórias gravadas em nosso programa inicial?



Para completarmos o que a cabala distingue como sina, falta-nos considerar ainda dois fatores importantes: os condicionamentos herdados ou adquiridos e as influências astrais.

Impossível fugir aos condicionamentos herdados. O que mais podemos conseguir é não nos tornarmos reféns deles, administrá-los de forma a que não causem prejuízo ao cumprimento de nossas sinas. Lorde Bertrand Russel, autor de dezenas de livros, detentor do prêmio Nobel de literatura de 1950, assim declarava ao se referir a seus próprios condicionamentos: “sou um filósofo agnóstico cristão ocidental”. Quanto aos condicionamentos adquiridos, ensina a cabala que quem é capaz de realizar ou alcançar o menor, acaba também realizando ou alcançando o maior. Perguntemo-nos: quando o Mestre disse à pecadora, “nem eu te condeno; vá e não peques mais”, esperava Ele, de fato, que a pecadora se transformasse de imediato numa santa mulher? Ou será que em sua divina sabedoria esperava apenas que ela buscasse decidida e gradativamente superar aquele seu condicionamento?

Quanto às influências astrais, não há exemplo mais ilustrativo do que as influências que atuaram sobre Freud e Jung, como no-las descrevem o cabalista Z’v Shimon ben Halevi em seu (excelente como todos os demais) livro Cabala e Psicologia. “Carl Jung nasceu em 1875 e morreu em 1961. O seu horós;copo tinha o Sol (Tiferet) em Leão, um fogoso signo fixo, e a Lua (Yesod) em Touro, um signo fixo terreno. Dessa maneira, a sua Lua correspondia ao Sol de Touro de Freud, o que encorajou um relacionamento íntimo enquanto o ego de Jung refletisse a luz do self de Freud. Contudo, quando os seus sóis estivessem em quadratura, o conflito entre iguais seria inevitável. Foi exatamente isso que aconteceu quando Jung seguiu seu próprio caminho e deixou de ser, como o chamava Freud, "seu príncipe herdeiro". A cisão, é interessante notar, como um evento no padrão de sina de Freud, deu-se em 1913, quando Urano, o planeta da iluminação e da mudança repentina, estava em exata oposição ao Sol de Jung, juntamente com Marte, o planeta do confronto e da decisão, pre-cipitando uma revolução na Casa da Parceria. O relacionamento dos dois, além disso, não foi ajudado por Saturno, o imponente planeta da lei, em conjunção com a Lua de Freud mais tarde naque;le ano, enquanto Marte fazia o mesmo com o seu Sol. A combinação desses aspectos cósmicos só poderia trazer uma separação fatal, quando os princípios refletidos em suas psiques, representados pelos planetas, levaram as diferenças entre os dois a uma crise. Jung, que tinha um Sol ou self igualmente fogoso e fixo, ter-se-ia afastado inevitavelmente da abordagem terrena de Freud, para seguir o ponto de vista mais inspirativo. Isso foi demonstrado pela sua vida e pela sua obra. Isso não quer dizer que ele fosse supe;rior a Freud. Eles simplesmente percebiam dois níveis diferentes de realidade”.

Como acabamos de ver, componentes da sina atuam em justa medida para cada fase ou oportunidade de nossas vidas, influenciando também as ações das pessoas com quem interagimos.

A sina, cabalisticamente considerada, é, pois a soma de tudo quanto necessitamos para bem realizar o propósito de nossas vidas e contém componentes adequados a cada época e relacionados a cada um de nossos aspectos individuais: físico, psíquico, espiritual e divino. Um propósito que além de único, pessoal, engloba também os propósitos e as necessidades daqueles com quem nos relacionaremos ao longo de nossas vidas.

Um bom exemplo de sina talvez seja os roteiros que os diretores distribuem aos atores. Quando reencenada a peça, percebemos facilmente o quanto cada ator imprime de pessoal ao papel que lhe coube desempenhar. Somente que a sina é muito mais que um roteiro de atos e falas. A sina é toda uma produção! Uma riquíssima e esmerada produção, até mesmo em seus detalhes menos significantes!

A forma como aceitamos (é sempre preciso antes aceitar, para depois compreender – ensina a cabala), entendemos e nos empenhamos no desempenho do papel que nossa sina pessoal nos destinou é que nos transforma em verdadeiramente prósperos ou perdedores. Não importa se no circo da vida nos apresentemos como palhaços ou trapezistas, estrela da companhia ou bilheteiros.

Seremos realmente prósperos e felizes quando atuarmos, quando fizermos nossas escolhas, em harmonia com a sina que nos coube desempenhar! E nossa prosperidade será verdadeira e consistente, pois estaremos, com nossos exemplos e esforços, tornando mais evoluída e experiente tanto a alma que nos acompanha quanto a alma das pessoas que interagem conosco. Colaborando com essa prosperidade coletiva, acrescentamos riqueza à riqueza do mundo, prosperidade e felicidade àqueles que nos são próximos, aqueles a quem mais amamos!

Mas sempre poderemos escolher outro destino, desprezando as indicações, as potencialidades e os relacionamentos que a sina nos proporcionou. Sempre poderemos também, por equívocos ou descuidos, seguir por atalhos, descaminhos. E sempre seremos alertados por lampejos intuitivos ou pelos anjos que nos acompanham (o rabino Nilton Bonder ensina que anjos podem ser tão concretos como pessoas bondosas, ou tão abstratos como as motivações que às vezes experimentamos e influem em nossas escolhas). Também sempre poderemos, com nossa providência particular, retomar o curso preferencial de nossa sina e, com isso, evitar o desperdício de oportunidades que tão caprichosamente nos foram oferecidas.

Se persistirmos na trilha errada, logo perceberemos tropeços, contratempos, dificuldades gratuitas, desencontros... O perigo aí é confundirmos riquezas com bênçãos e, conduzidos pelo nível inferior da consciência do ego, insistir na direção errada.

Resumindo: a sina individual é um roteiro de vida completo, onde os elementos mais significativos serão as pessoas com quem nos relacionaremos ao longo do percurso; um roteiro com tempos e espaços tão bem marcados como os das peças teatrais, além de muito bem trabalhado pela contra-regra, que fornece a “iluminação” adequada a cada ato, na forma de influências ou motivações que atingem não somente a cada um de nós, atores principais, mas também a todos nossos atores coadjuvantes, todos quantos com quem contracenaremos ao longo deste roteiro. O objetivo deste roteiro não é o espetáculo, mas sim o aprendizado e a evolução mútua – uma questão muito importante, que leva os cabalistas ao entendimento de que nosso principal parceiro nesta peça - o cônjuge - não é uma escolha do próprio cônjuge, mas uma necessidade dos envolvidos nesta parceria maior: filhos e os próprios cônjuges.

A forma como desempenhamos nossa sina (pensamentos, palavras, ações e caráter - padrão das ações) traça uma linha muito bem definida e clara que caracteriza nossas existências. Essa linha é o que tanto a cabala como outras tradições define como destino.



“Cuida dos seus pensamentos, eles formam suas palavras.

Cuida das suas palavras, elas formam suas ações.

Cuida das suas ações, elas formam seu caráter.

Cuida do seu caráter, ele forma seu DESTINO”.

Talmude

“Tu és o profundo desejo que te impulsiona.

Tal como seu desejo é a sua vontade.

Tal como sua vontade são tuas ações.

Tal como suas ações é seu DESTINO”

Brihadaranyaka Upanishad IV.4.5





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