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cronicas-->São Pedro -- 23/05/2000 - 15:57 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nestes dias de desemprego e recessão, o duplo emprego, embora revele a dedicação e empenho de seus detentores, gera problemas sociais os mais diversos. No setor público isto é particularmente daninho. Naturalmente, há que fazer a ressalva clássica do magistério, em especial o superior que, ao contrário, beneficia-se do expediente na medida em que acolhe mestres com experiência real, tão necessária nestes dias de faz de conta. Há que desconsiderar também aqueles aposentados que resolvem gastar tudo o que ganham no primeiro dia e, estando sem dinheiro, precisam de um novo emprego para se sustentar no resto do mês. Perdulários este velhinhos, mas temos que compreendê-los.

Há porém casos que não tem explicação nem justificativa. Vejamos o caso de São Pedro. Dois empregos em primeiro escalão. Aposto que acumula os salários e vai a Fernando de Noronha duas vezes por mês em lugar de uma como parece correto a alguns de nossos melhores servidores.

Ele ora é lembrado como o senhor todo poderoso das portas do céu, capaz de decidir quem entra e sai do paraíso celeste. Convenhamos que este já em um grande emprego. Perto do Chefe, cheio de mordomias. Muito poder. Detentor de tamanho poder é assediado por todo tipo de interesseiros e muito se exige da função para evitar a contaminação do paraíso. Há que ter muita firmeza pois as ofertas devem ser muitas. Felizmente, quem mora onde ele mora não há de se vender por pouco. Mas já que mora no serviço, não deveria receber passagens para visitar as bases, nem auxílio moradia como queriam fazer os deputados distritais em Brasília. O maior problema é ter que ouvir as mentiras e tentativas de explicações daqueles que lá chegam sem o devido preparo e, portanto, carentes de um estágio anterior em outra área. Aí tem que arrumar transporte para transferência, vaga no purgatório para uns, no umbral para outros. Uma chatice.

Por outro lado, cada vez que ruge um trovão lá vamos nós repetir o comentário milenar de que São Pedro está jogando boliche. Aí aparece novamente o alto funcionário celestial, agora investido da honrosa e espinhosa missão de comandar o clima. Senhor do clima, calmarias e tempestades, shows de rock e partidas de futebol, chuvas e carnavais nos trópicos, pneus lisos ou para chuva. Engana-se quem achar que o trovão é mero efeito colateral do lazer celestial.

Este acúmulo de funções deixa claro que o maior problema não está apenas no duplo salário e mordomias, ou mesmo na concentração de poder. Há a questão da competência, da dedicação e do preparo. Claro que não vou aqui desmerecer as qualificações deste senhor de tanto feitos, mas não vejo como conciliar as duas incumbências com êxito. Numa, há que acompanhar a biografia de cada postulante, analisar realizações, merecimentos, esclarecer mal entendidos. Há ainda que prever acomodações, coordenar horários de chegada, documentação. Na outra, definir temperaturas, ventos , chuvas, marés. Isto tudo deve ainda ser compatibilizado, tanto quanto possível, com as previsões dos meteorologistas de modo a não desacreditá-los demais. Há ainda que ver merecimentos coletivos, situação das encostas nos morros, as estradas, datas de colheitas, as oscilações da bolsa de Chicago e a cotação do dólar. É muita coisa. Uma tempestade a mais e lá se vai nossa safra de laranja e a BM & F precisará de ajuda do Banco Central. Neste caso você e eu, que deixo para tomar suco de laranja no domingo, ajudamos a pagar a conta outra vez. Se o direito seria a melhor formação para o primeiro caso, para o segundo a física é a especialidade mais indicada.

Os resultados estão aí. Talvez isto explique os "El ninhos" da vida e a chuva que cai em Brasília em pleno período da seca. Quem sabe até o chamado veranico de maio no sul tenha aí sua causa. Talvez este ano o inverno no Rio dure três dias.

Nunca se sabe


Escrito em 04.06.1999
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