O cair das horas duras
fundas no chão
como plumas de osso
O meu corpo curvo
Os rostos escuros
ao meu redor
cheios de rasura
E o que fará a pobre
médica com isto tudo?
E o dia segue respirando
seus balões
São milhares de pulmões
cheios de ar...cavernas porosas...
nuvens baixas...sopros
em que, arrepiada,eu toco
como quem lê palavras mudas
E eu procuro
com a ponta de meus dedos
palavras verdadeiras
" pedaços de NÃO silêncio"
em que possa construir
uma margem de vida
" qualquer outra"
E, ainda assim,
no profundo vazio,
na quietude absoluta,
eu dentro de mim, ainda eu-
esta fantasia,
ao invés do nada
|