Com uma folha de papel-
matéria maleável,fácil, doce, dócil, dúctil,
construí palácios, escadas para o céu,
anzóis, barcos de estrelas, mundos
fúteis, úteis, lúdicos,púberes
Endureci tudo com meu pensamento
Acendi as coisas com meu olhos
e as pus em movimento com a força dos meus versos
Dei à cada coisa este meu coração-
sofrido digno, desesperado, esmorecido
que canta, em silêncio,
suas preces, seus ladários,
com os olhinhos turvos
de um canário no escuro
preso às altas torres de um campanário
Alegrei tudo do jeito que podia!
Ah, eu, esta arquiteta!
E minha régua
dobrável, lábil,gládio,ágil,frágil
E igual a uma arqueira cega,
ainda assim, vez por outra,acerta
uma flecha de lágrima
sobre uma gota de sangue-
matéria que amolece
a alma dos homens
vapt-vupt...pif-paf....bangue-bangue
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