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Infantil-->HISTÓRIAS DO TIO BOB - TERCEIRA PARTE -- 17/04/2011 - 22:37 (Roberto Stavale) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TERCEIRA PARTE

NA TERRA DOS ÍNDIOS

APROXIMAÇÃO AÉREA

Depois de um reparador descanso, tio Bob chamou a garotada e falou:
– Amiguinhos e amiguinhas! Vamos agora para a última parte destas incríveis aventuras dos minúsculos bichinhos. Se quiserem mais pipocas, é só pedir para a tia Rosa.
Depois de quase uma hora de viagem, Branquinho chamou a atenção de todos, pois havia avistado a aldeia dos índios.
– Vou descer naquela paliçada de bambus. Estou avistando uma boa capoeira para a gente se esconder.
Ventinho seguia o companheiro com todo o esmero.
Ao sobrevoar a oca, avistaram diversas casas de pau-a-pique. Notaram, então, que vários indígenas dançavam de mãos dadas em torno de uma pequena fogueira.
– Deve ser alguma festa, disse Bruno.
Neste instante, Branquinho deu uma violenta guinada para a esquerda, fazendo todos caírem no piso da cestinha.
– O que foi, agora? Gemeu Victor.
– Vocês não escutaram os zumbidos? Estão atirando flechas em nossa direção! Esbravejou Branquinho, dando meia volta para verificar como estava Ventinho.
– É melhor a gente descer logo, pediu Alexia.
– Vamos! Concordou o pombo, voando em direção ao ponto que havia escolhido.

PREPARATIVOS PARA A ENTRADA NA TABA

No solo, já em segurança, os dois pombos desembarcaram os viajantes, que logo se esconderam para preparar o almoço.
Depois de uma boa soneca, começaram a imaginar como seria o primeiro contato com dona Querubina.
– Eu vou sozinho, Ventinho ficará com vocês. Comunicou Branquinho.
– Se eu não voltar até o pôr do sol, Ventinho levará todos de volta para casa, em duas viagens.
Ventinho concordou, exclamando que o amigo voltaria são e salvo.
Quando as nuvens começaram a avermelhar no horizonte, ouviram a aproximação de Branquinho, que foi logo dizendo:
– Encontrei a irmã da nossa amiga. Falei do nosso projeto, o que deixou dona Querubina bastante assustada.
– Ela disse que na entrada da mina fica a choupana do cacique, um velho índio mal-humorado chamado Ubiratã, que está sempre confabulando e rezando com o pajé.
– Perguntou sobre a dança e o motivo de tanta agitação?
– Vão dançar a noite inteira. Quando clarear o dia, a maioria irá para a cachoeira no grande rio, para assistir a piracema.
– O que é piracema? Perguntou Mariana.
– Ela me explicou que é o barulho que os grandes cardumes de peixe fazem, querendo vencer a cachoeira, buscando a nascente do rio para a desova. E justamente agora é a temporada da desova.
– Ela revelou também que chegamos no momento certo. O cacique e o curandeiro vão com o resto da tribo para assistir a piracema.
– Aguardaremos os índios se embrenharem mata adentro para voarmos até a paliçada. Falou Branquinho.
Todos concordaram e se prepararam para jantar e depois dormir.
O dia seguinte seria o início de outra grande aventura!

DONA QUERUBINA

Quando a expedição cruzou a paliçada, os índios já estavam longe, a caminho da cachoeira. Na aldeia permaneceram os idosos e crianças pequenas. Até os cachorros seguiram os seus donos.
Com este sossego, dirigiram-se para trás da choupana do cacique, onde morava dona Querubina.
A tartaruga, ao vê-los, ficou espantada com a criançada que compunha aquela aventura. Arregalando bem os seus olhinhos, exclamou:
– Se a vossa rainha confiou tamanha responsabilidade a vocês, significa que vocês merecem. Vou aproveitar a calma aqui no povoado para contar um pouco do que sei sobre o ouro.
– Conforme a carta da rainha Alice, ela sabe, através dos seus antepassados, que o ouro e as pedras preciosas encontrados nessas paragens pertencem aos bichinhos que cavam túneis e galerias nas profundezas da terra. Assim, vocês têm direito a esse ouro.
– O ouro que irão buscar são partículas de pepitas brutas, descobertas pelo bisavô do cacique Ubiratã. Eu conheci esse índio feroz ainda menina. Passou muito tempo da descoberta quando apareceram aqui uns homens armados com bacamartes, facas e espadas.
A turma aproximou-se mais de dona Querubina para ouvir melhor a narração.
A tartaruga deu um enorme suspiro e continuou:
– O chefe dos bandeirantes, um enorme homem de barba branca, com um chapelão de palha na cabeça, gritou, com a arma na mão:
– Queremos o ouro agora, se não colocaremos fogo nas suas casas e os levaremos como escravos para a cidade grande.
– Mas havia alguns índios escondidos atrás e em cima das árvores, que começaram a atirar flechas em direção dos homens brancos. No mesmo instante, alguns bandeirantes caíram no chão, atravessados pelas flechas.
– Mas que pontaria! Exclamou Pedrinho.
Dona Querubina fez uma pausa na conversa, ficou pensativa e continuou:
– O cacique e seus guerreiros correram para buscar os seus tacapes e mais flechas com as pontas envenenadas com curare. Enquanto isso, os bandeirantes recuaram para carregar, com chumbo e pólvora, as suas armas de fogo.
– A luta começou por volta do meio-dia e só terminou quando escureceu. Os bandeirantes, em minoria, aproveitaram a escuridão para fugir, levando os feridos, mas deixando para trás os companheiros mortos na batalha.
– No dia seguinte, o cacique mandou levantar a paliçada e construiu sua maloca bem em cima da entrada da mina.
– É para lá que nós vamos, não é, dona Querubina? Perguntou Zezinho.
Dona Querubina cheirou uma pitada de rapé para espirrar e continuou:
– Temos de traçar um plano para vocês entrarem na mina. Eu não vou! Mas vamos precisar de muita ajuda.

NOVOS COMPANHEIROS

No final da tarde, a tartaruga reuniu o pessoal para contar as novidades:
– Crianças travessas e aventureiras, já sei como conseguirão descer até lá embaixo para satisfazer a vontade da vossa rainha.
– Oba! Oba! Como vai ser? Perguntou Rafael.
– Calma! Tenham muita calma! Respondeu dona Querubina.
Foi nesse momento que chegaram umas trinta saúvas, ou formigas-cortadeiras, como são conhecidas, chefiadas por um formigão de uniforme, com o peito repleto de medalhas.
– Esse é o capitão Chicão, disse dona Querubina, apresentando o militar para os visitantes.
– Ele está a par dos vossos anseios, mandei contar tudo ao comandante do reinado das saúvas daqui, o coronel Damião. Eles estão acostumados a cavar profundas galerias para armazenar as folhas cortadas pelas cortadeiras. Assim, o reino tem estoque de alimentos na época das chuvas.
– Bom dia, meus heróis! Saúdo o capitão Chicão!
Combinaram que, naquela noite, com a iluminação de dezenas de vaga-lumes, começariam a cavar um túnel do lado de fora do casebre do cacique, pois, segundo levantamento topográfico feito no local, em menos de um dia chegariam ao fundo da mina.
– Enquanto isso, ordenou o capitão, preparem saquinhos de fibra de cipó seco para levar a encomenda de vossa rainha.
Com a ajuda dos dois pombos, nossos novos heróis começaram a fabricar embalagens para carregar o ouro.

A ESPERA

Aquela noite foi de insônia para todos que não estavam trabalhando na construção do túnel.
Com isso aproveitaram a paciência e a bondade de dona Querubina, que, mesmo sonolenta, contou a história de um ornamento indígena chamado jaci.
– Jaci, meus pequenos amiguinhos, é um tipo de palmeira enorme, com longas folhas de fibras duras, com as quais os índios preparam diversos ornatos e utensílios, principalmente corda para amarrar na ponta do arco, que serve para lançar flechas.
– Mas tem tribos, como os tupinambás, que confeccionam colares com miçangas e dentes de animais caçados para enfeite pessoal.
– Muitos desses colares, com os dentes envenenados por curare, foram jogados pelos antigos índios, que lutaram com os bandeirantes para cobrir as pepitas, lá embaixo escondidas. Se algum homem branco chegar até o ouro e pegar os colares, na certa morrerá envenenado.
Mariquinha, que anotava tudo, arrepiada, falou:
– Eu não gosto de ouvir falar em morte nem em mortos!
Todos deram risadas.
– Mas, prosseguiu a tartaruga, os valentes soldados que estão cavando o túnel, sob o comando do capitão Chicão, sabem perfeitamente das armadilhas colocadas pelos índios. Assim, terão todo o cuidado possível.
– Ainda bem! Disse Mariquinha.
– Outra armadilha natural são as aranhas caranguejeiras, que perambulam nas redondezas do fundo do poço.
– O capitão garantiu que os seus soldados estão capacitados para defender os companheiros.
Todos bateram palmas para o capitão Chicão, que estava abrindo caminho para o bom êxito da missão.

AS PEPITAS DE OURO

No outro dia, bem descansada, a nossa tropa estava preparada para descer a galeria aberta pelas saúvas.
Não eram quatro horas da tarde, depois dos últimos conselhos de dona Querubina e do capitão Chicão, os aventureiros, acompanhados por saúvas soldados sob o comando do capitão, começaram a perigosa descida em direção às pepitas. Algumas levavam as embalagens para colocar o ouro.
O túnel, feito às pressas, não tinha sustentação perfeita. Por isso, deveriam descer devagar, sempre com o caminho iluminado por pirilampos.
Os dois pombos ficaram lá em cima, torcendo e rezando para que seus amigos voltassem sãos e salvos.
Depois de aproximadamente duas horas descendo aquela acentuada rampa, avistaram as sentinelas do capitão.
– Podem aproximar-se das pepitas, mas muito cuidado com os jacis.
Algumas cortadeiras haviam serrado, com ferrões, diversas pepitas, deixando o ouro em pó para facilitar o transporte.
Sob as ordens severas do capitão, pararam para descansar e tomar um lanche.
Enquanto comiam, as saúvas soldados começaram a embalar o ouro e levá-lo para cima. Pois, segundo dizem, para descer todo o santo ajuda. Mas subir, e com peso, é difícil.
Foi nesse momento que se ouviu o alarme.
Capitão Chicão deu três apitos breves para as suas infantes se posicionarem contra uma caranguejeira que se aproximava.
Duas alas se prepararam para atacar a aranha pelos flancos.
Quando ela estava bem perto, os vaga-lumes acenderam suas lanternas para o sucesso do ataque.
Vinte lanças com as pontas envenenadas foram lançadas em direção aos olhos daquele bicho peludo e assustador.
Mariazinha e Mariana começaram a chorar baixinho. Mariquinha desmaiou.
Só depois de se certificar que a aranha estava morta, foram cuidar das meninas. Afinal, todos estavam nervosos e assustados.
Depois de tudo acalmado, já dispostos novamente, começaram a árdua caminhada de volta para a casa de dona Querubina, que ficou encarregada de guardar e proteger o ouro.

PREPARATIVOS PARA A VOLTA AO LAR

Quando chegaram, a lua, em quarto minguante, já se punha no horizonte.
– Logo vai amanhecer o dia, disse o capitão. Vamos descansar e deixar dona Querubina dormir à vontade.
E assim fizeram.
O sol já abrasava as campinas, quando se reuniram para determinar como seria o transporte do ouro até os domínios da rainha Alice
Escutando os conselhos do capitão, os dois pombos transportariam a mercadoria e voltariam para buscar o pessoal. Calcularam e concluíram que os pombos só voltariam dentro de uma semana.
– Daqui a quatro ou cinco dias os índios voltarão da festa da piracema. Como vocês não terão proteção nem dentro nem fora da paliçada, seguirão comigo e minha tropa. No nosso formigueiro ficarão sob a minha guarda.
Todos concordaram.
Em menos de uma hora os dois amigos voavam com a valiosa carga em direção à sua amiga, rainha Alice.

A VOLTA PARA CASA

Conforme os cálculos do capitão Chicão, os dois pombos retornaram no quinto dia.
A chegada daqueles amigos foi cheia de alegria e tristeza.
Alegria em revê-los e ter certeza da volta segura para casa.
Tristeza em se despedir dos novos amigos.
Depois de abraços e lágrimas, todos foram beijar e agradecer dona Querubina pelo sensacional êxito da perigosa missão.
Voaram em direção à morada de sua irmã, dona Catarina, onde, depois de matar a saudade, passaram a noite.
Logo cedo, antes de os gaviões saírem de seus ninhos, em busca de alimento, já estavam voando para abraçar os seus entes querido.
A feliz viagem transcorreu sem novidades até avistarem a entrada do reinado de Alice.

A GRANDE FESTA

Ao se aproximar, notaram um povaréu a esperá-los. Até a banda de música tocava alegres dobrados.
Um longo tapete vermelho estava estendido até os dois tronos. Ficaram pensando – para quem será o outro trono?
O chanceler do reino, um formigão de fraque e cartola, foi recepcioná-los e avisá-los que o outro trono estava reservado para a rainha Isabel, em visita com sua corte para a grande festa em homenagem aos novos heróis dos dois reinos.
Informou, também, que todos os seus familiares estavam presentes.
A alegria foi geral. Rever a rainha, papai, mamãe e talvez novos irmãozinhos e priminhos.
Quando as duas rainhas estavam sentadas lado a lado e os parentes dos aventureiros, ao seu redor, teve início o desfile militar, que antecedeu a ida dos heróis até as rainhas.
Depois de coroados com folhinhas de louro, foram sagrados cavalheiros dos dois reinados.
Em seguida, serviu-se um farto jantar, inclusive para o povo.
Já descansados e nos braços dos familiares, as rainhas mostraram onde estava escondido o ouro.
Anexo aos aposentos da rainha Alice, que guardou parte do ouro para a sua prima, rainha Isabel, o restante da fortuna, para espanto da turma, estava guardado na casca de noz – embarcação usada no início dessa história.
E assim viveram felizes para o resto da vida, sempre relembrando e fazendo palestras em outros formigueiros sobre as famosas aventuras.
E assim, amiguinhos leitores, o tio Bob vai terminando essas maravilhosas e emocionantes histórias. Se vocês prometerem estudar e se comportar, garanto que em breve contarei outras.
Abraços e beijos carinhosos para todos!

FIM


São Paulo, abril de 2011



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