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Infantil-->HISTÓRIAS DO TIO BOB - SEGUNDA PARTE -- 16/04/2011 - 21:49 (Roberto Stavale) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SEGUNDA PARTE


NOVAS AVENTURAS



VISITA DO BRANQUINHO



Olá, meus amiguinhos. Estamos de volta para continuar as histórias daquela turma do barulho, que andou fazendo muitas peraltices.
Vamos estourar um pouco de pipoca e continuar contando as travessuras daqueles bichinhos.
Fazia um ano das últimas reinações.
As formiguinhas do reino da rainha Isabel estavam de férias de verão, e o mês de janeiro apresentava-se, como sempre, muito quente.
Estavam todos à beira do regato, onde iniciaram a última viagem, quando escutaram arrulhares e bater de asas.
Olharam para cima e avistaram Branquinho, preparando-se para pousar perto deles.
Foi com alegria que receberam o pombo-correio, amigo da última viagem.
Depois de beijos e abraços, Branquinho contou a razão de sua visita:
– Meus amiguinhos, a rainha Alice mandou convidá-los para uma visita em sua corte, pois ela tem novidades para vocês!
– Oba! Oba! Gritaram todos.
– Mas, desta vez, os aventureiros deverão avisar seus pais e, principalmente, a rainha Isabel.
– Sim, respondeu, de pronto, Zezinho. Além de avisá-los, iremos pedir a devida permissão.
Em menos de uma hora, todos estavam de volta, Zezinho, Mariazinha, Carlinhos, Rafael, Victor, Rubens, Paulinho, Silvinho, Mariana e Alexia. E também os amigos vaga-lumes e o grilo Juvenal.
Desta vez levaram Pedrinho, já crescido, irmão de Alexia e Mariana.
Com suas malinhas e mochilas, embarcaram na cestinha dependurada no pescoço de Branquinho e partiram para novas e emocionantes aventuras.


O DESEJO DA RAINHA ALICE


Antes da sete horas da manhã, todo o grupo da já sonhada expedição estava à espera da rainha.
Ao chegar, sem preâmbulos, foi logo dizendo:
– Meus corajosos expedicionários. Às nove horas em ponto o Branquinho e seu amigo Ventinho levarão vocês até as imediações onde mora dona Catarina, umas léguas pra lá de Pirapora do Bom Jesus. Branquinho conhece bem o caminho.
— Para ajudá-los e protegê-los vou mandar junto algumas formigas soldadas e a Mariquinha, secretária da ministra da Cultura. Também irão alguns vaga-lumes.
– Vão com Deus! E boa sorte! Desejou a rainha, despedindo-se.
Assim, antes das nove todo o grupo já estava fora do formigueiro, preparando-se para o embarque.
Branquinho apresentou Ventinho, outro simpático pombo-correio.
A nossa turminha foi com Branquinho. O restante embarcou no cestinho de Ventinho, que acompanharia o amigo, já que não conhecia o caminho.
– Vamos voar abaixo das copas das árvores, pois pela manhã os gaviões estão em busca de comida.
Assim, em meio a muita algazarra, partiram para mais uma aventura.



NOVOS SUSTOS

Depois de uns quarenta minutos sem novidades, Branquinho começou a sobrevoar a margem direita do rio Tietê, seguido de Ventinho.
De repente, o pombo guia começou a arrulhar, nervoso, para chamar a atenção de seu companheiro,
Em seguida, comunicou aos passageiros:
– Vou voar em ziguezague rasteiro, pois tem dois gaviões nos perseguindo.
Silêncio geral!
As formiguinhas, lembrando-se do susto da primeira viagem, começaram a tremer.
Mariana, então, rezou uma oração pelos bichinhos, acompanhada de seus irmãos, Pedrinho e Alexia.
Enquanto os outros permaneciam em silêncio, Branquinho tocou o solo em uma correria louca para se esconder.
Atrás vinha Ventinho.
O balançar forte das cestinhas fez com que os nossos aventureiros fossem jogados, uns contra os outros.
Os dois pombos esconderam-se debaixo de uma touceira de erva-cidreira.
Nossos amiguinhos aproveitaram para se recompor e verificar se não havia nenhum ferido.
Graças a Deus, estavam todos bem, mas assustados.
Branquinho esperou meia hora para continuar, rumo ao encontro de dona Catarina.
Assim que Rafael apontou para a torre de uma igreja, que deveria ser a de Bom Jesus, começaram a ouvir, para espanto geral, tiros de espingarda.
Mais correria!
– Caçadores! Gritou Branquinho, dando um mergulho rápido para se abrigar novamente.
Bem escondidos, resolveram almoçar para continuar a viagem.


DONA CATARINA

E assim prosseguiram, sem mais nenhum susto.
Lá pelas três horas da tarde, Branquinho avisou que, pelos seus cálculos, já estavam perto da toca de dona Catarina.
– Vou voar mais baixo, se vocês avistarem alguma tartaruga perto do rio, por favor, me avisem!
De repente, Bruno começou a gritar:
– Olhem lá! Olhem lá! E apontava em direção a uma tartaruga.
– É ela! Exclamou Branquinho, preparando-se para pousar perto da velha senhora.
Depois que todos desembarcaram, Branquinho e Ventinho foram conversar com dona Catarina.
A idosa tartaruga, de quase cento e cinquenta anos, ficou pasma ao receber notícias de sua prima Filomena.
Mandou a minúscula bicharada chegar bem perto dela, pois já estava quase sem visão.
Depois das devidas apresentações e das incríveis histórias contadas pelos peraltas, dona Catarina convidou todos a irem à sua toca, distante o suficiente da margem do rio para evitar enchentes.
Chegando lá, acomodou-se em um monte de palha seca, acendeu o seu velho pito de barro e, depois de algumas baforadas, pediu para explicarem melhor o porquê da visita.
Zezinho, sempre líder, contou em minúcias a razão da viagem.
– Ah! Exclamou dona Catarina. Querem saber dos segredos das lendas e folclores sobre o rio e suas matas?
– Sim! Sim! Responderam todos.
– Pois bem! Deixem-me pensar um pouco, pois a minha memória anda meio fraca.
– Fique à vontade, minha senhora, disse Ventinho.
– Vou começar, contando sobre os animais graúdos e as aves que vivem nestas regiões, e com os quais é necessário tomar cuidado.
E começou:
Para vocês, pequeninas formiguinhas travessas, o cuidado maior é com os tamanduás. Eles se alimentam praticamente de insetos e formigas.
– O quê? Perguntou, tremendo, Mariazinha.
– Sim, senhora. Eles põem suas enormes línguas para fora e, numa só lambida, engolem os bichinhos à sua volta. Cuidado! Muito cuidado!
A formiga secretária da ministra ia anotando tudo em seu caderninho.
– Existem muitos pássaros na região que, além de comer minhocas e pequenas cobras d’água, gostam também de insetos.
– Há diversos formigueiros por aqui, e o maior receio das formigas são as pisadas dos bichos grandes, como a onça pintada, jaguatirica, cachorros-do-mato, capivara, anta e lebre. Por onde eles passam esmagam tudo. Não por maldade. Eles não enxergam vocês, pequeninos.
– À beira do rio e riachos, nem chegar perto! Qualquer vento mais forte forma ondas que carregarão vocês rio abaixo.
– Os macacos são mais cuidadosos, quase não andam na terra, ficam em cima das árvores. Mas cuidado com eles também.
E continuou a conversa. Mas o que eles queriam, mesmo, era conhecer os contos sobrenaturais daquelas paragens.
– Pois bem, concordou a tartaruga. Passem a noite aqui, no meu abrigo, jantem e amanhã, ao raiar do dia, vou contar a história da Iara.
– Oba! Até amanhã, dona Catarina, despediram-se.

A IARA


Depois de tomar o café da manhã e esperar dona Catarina acordar e comer algumas frutinhas do mato, a turma acomodou-se para ouvir as histórias fantásticas.
Dona Catarina pigarreou diversas vezes para limpar bem a garganta, acendeu seu pito, olhou para todos e começou:
– Não sei se são lendas ou imaginações folclóricas. Só sei que já vi, algumas vezes, a Iara tomando banho no rio, e depois sentar-se nas pedras que formam as pequenas cachoeiras neste trecho. E, de lá, ela fica cantando, atraindo homens, para levá-los à sua morada no fundo do rio, de onde nunca mais voltam. Mas, se o homem já foi benzido por algum pajé e tomar banho de cachoeira ao amanhecer, fica livre dos feitiços de Iara.
– Ela é linda! Morena, de cabelos lisos e negros. Os olhos são cor de jabuticaba madura. Até a cintura é uma mulher perfeita. Da cintura para baixo tem corpo de peixe. E ela só aparece nas noites de lua cheia.
Todos estavam de olhos arregalados.
Dona Catarina continuou:
– Contam que a Iara, também conhecida como mãe das águas, surgiu numa tribo de índios às margens do rio Solimões, no Amazonas. Iara, na língua deles, é aquela que mora na água, informou dona Catarina.
– Mas de que jeito? Perguntou Mariana.
– Esperem, vou contar, respondeu, tirando algumas baforadas de seu cachimbo.
– Lá naquela tribo, no Amazonas, havia um cacique muito poderoso, que tinha três filhos.
– Conta a história que Iara era uma jovem índia guerreira. Seu pai tinha muito orgulho dela. Seus dois irmãos, por ciúme, resolveram matá-la. Iara soube e, guerreira como era, matou ambos os irmãos. Por isso Iara fugiu, mata adentro. Porém, revoltado com a perda dos filhos, seu pai mandou procurá-la. Depois de presa, ele ordenou que ela fosse amarrada e jogada no rio Solimões.
Todos estavam calados e tristes.
– No entanto, continuou dona Catarina, era uma bela noite de lua cheia. Os peixes, sensibilizados com a maldade, levaram a moça para o fundo do rio e a transformaram em uma linda sereia.
– E a senhora já viu essa moça? Perguntou Victor.
– Sim! Diversas vezes. Fico escondida em alguma moita, à beira do rio, nas noites de lua cheia, e espero que ela apareça. Até eu fico tonta com o seu canto.
Mariquinha, a secretária da ministra, consultou o seu caderno e falou:
– Dona Catarina, hoje é a segunda noite de lua cheia. Vamos até o rio, tentar vê-la?
– Sim, perto da meia-noite iremos até o meu esconderijo.
A alegria foi geral.
Nem viram o dia passar, de tão ansiosos!


MEIA-NOITE

Como todos andavam devagar, principalmente a tartaruga, às nove horas seguiram para o esconderijo.
Quando chegaram, Bruno perguntou:
– Dona Catarina, como saberemos que é meia-noite?
É bom lembrar que os bichinhos não usam relógios. Calculam as horas pela posição do sol, da lua e das estrelas. Esse mecanismo celeste o homem aprendeu, guiando-se pela natureza. Principalmente a astral.
– Fácil, retrucou dona Catarina. Quando a lua estiver bem em cima de nossas cabeças, obrigando-nos a esticar o pescoço para vê-la, é sinal de que já é meia-noite.
Uma enorme lua cheia dirigia-se para o alto de suas cabeças.
– Fiquem em silêncio absoluto, pediu dona Catarina. E prestem atenção àquela pedra maior, no meio do rio. Se ela aparecer, vai ser lá.
– Nós, os meninos, não seremos enfeitiçados pela Iara? Perguntou Zezinho.
– É claro que não, retrucou a tartaruga. Só os bichos homens são envenenados pelo canto da sereia.
Nesse momento, como por encanto, surgiu das profundezas das águas, uma mulher de longos cabelos, dos quais escorria água, com a metade do corpo em forma peixe.
E, deslizando sobre a pedra como se fosse um anfíbio, Iara acomodou-se e começou a cantar, fazendo a tartaruga tremer.
– Como é linda! Exclamou Bruno.
De repente, apareceram milhares de vaga-lumes com suas luzernas brilhando, conferindo rara beleza ao cenário, que se tornou exuberante.
Todos ficaram parados e extasiados. Nem se deram conta por quanto tempo.
Quando os primeiros sinais da aurora surgiram, aquela linda sereia, como num passe de mágica, deslizou pela pedra e voltou para a sua morada, no rio.
– Vamos embora, sugeriu dona Catarina. Já está amanhecendo um novo dia.
Na volta, as meninas comentavam:
Será que foi um sonho ou é a pura realidade? Será?
Dona Catarina, bocejando, respondeu:
– Eu mesma às vezes não sei se sonhei acordada, vendo a linda Iara. Vamos dormir e descansar. Quando acordarmos, contarei a história do boiBOITATÁ.
BOITATÁ

Quando acordaram, o sol se punha atrás das árvores, projetando frondosas sombras pelo chão.
Dona Catariana opinou:
– Está calor aqui dentro. Vamos conversar e comer lá fora, à sombra desse velho jacarandá, ao lado de minha toca. Com certeza ele é mais velho do que eu!
A tartaruga comeu bem devagar as suas frutinhas e, calmamente, colocou uma brasa da fogueira no seu pito. Olhou para todos e perguntou:
– Posso começar?
– Sim! Foi a resposta.
– Meus aventureiros. Vou contar sobre um dos nossos protetores. O boitatá é uma enorme cobra de fogo, bem maior do que todas as sucuris que eu já vi.
– O que é sucuri? Perguntou o grilo Juvenal.
– Sucuri, meu filho, é uma enorme serpente que habita as margens dos grandes rios. Ela pode viver na água ou na terra. Quando ela está com fome, procura um animal grande, de preferência boi ou vaca. Para devorá-lo, ela o hipnotiza com seu olhar frio e parado. Depois de hipnotizado, ela o envolve, dando voltas pelo seu corpo, triturando todos os ossos. Em seguida, começa a comer, engolindo-o com sua espessa saliva. No caso de boi, a cabeça fica do lado de fora, que ela não consegue engolir por causa dos chifres.
– Mas que medo! Comentou Carlinhos.
– É para ter medo mesmo. Retrucou dona Catarina, continuando:
– A digestão demora semanas. Ela permanece inerte, sonolenta, sem sair do lugar. Muita gente que vê a sucuri dormitando, com aqueles chifres fora da boca, pensa que é um boitatá. Mas não é, não. Vamos falar mais um pouco desse personagem do folclore brasileiro.
– Quem descreveu pela primeira vez a lenda do boitatá foi o padre José de Anchieta, um dos fundadores de São Paulo de Piratininga. Naquela época, ele ouvia os índios contando sobre a serpente de fogo.
– O boitatá desliza rente ao chão e sobe árvores com a velocidade de uma gazela. Ele policia e fiscaliza quem maltrata os animais grandes ou pequenos, as grandes árvores e a vegetação rasteira. Se, por acaso, ele vir alguém ferindo a natureza, queima o indivíduo, sem dó nem piedade, com suas labaredas, transformando a pessoa em cinzas.
– Diz a lenda que quem se depara com o boitatá fica cego, pode morrer ou até ficar louco. Assim, quando alguém se encontrar com o boitatá deve ficar parado, sem respirar e de olhos bem fechados.
– Puxa, estamos aprendendo maravilhas completamente desconhecidas lá no reino! Exclamou Mariquinha, sempre anotando em seu livrinho.
– Sim, sim! Respondeu a tartaruga, piscando de sono. Vamos dormir, pois amanhã vocês continuarão essa viagem aventureira.


O SEGREDO

Quando estavam preparados para embarcar novamente nos cestos dos pombos, dona Catariana chamou-os para a despedida e revelou:
– Queridos amiguinhos, sentirei muitas saudades de vocês. Mas tenho um segredo para revelar. Branquinho trouxe uma mensagem lacrada da rainha Alice, dizendo para eu mostrar o caminho de uma tribo de índios Carijós, que guardam secretamente uma mina de ouro em suas terras, que nem os bandeirantes com suas espadas e arcabuzes conseguiram conquistar.
– A rainha quer que vocês levem um pouco de ouro em pó para o reino. Só Branquinho sabia de tudo.
Com os olhos marejados, prosseguiu:
– Quando eu era pequena, vivia com minha irmã menor, a Querubina.
Certa manhã, nós estávamos tomando água no rio quando chegaram esses índios em suas canoas e levaram minha irmã embora.
– Recebo notícias dela pelos pássaros amigos. Ela vive dentro da paliçada que os índios levantaram depois da guerra com os bandeirantes.
Cruzando o rio em direção do nascer do sol, depois de algum tempo, vocês avistarão a aldeia.
– Boa sorte e vão com o Deus dos bichinhos!
Foi uma choradeira só.
Alguns minutos depois, voavam na direção apontada pela velha tartaruga, dona Catarina.


FIM DA SEGUNDA PARTE



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