Não sou patativa nem gavião
Curió, asa-branca ou sabiá
Nem galo de campina ou pavão
Ou ave de rapina como carcará
Não sou feroz nem enfeitado
Até que meio desmantelado
Mas sou manso, livre e maneiro
Vôo no meu verso, como seja
Encaro com fé qualquer peleja
Mesmo se o inimigo for matreiro
Não sou de fica dando patada
Mas quando o cabra é de confusão
meu verso fica afiado como faca
minha palavra azeda como limão
Meu poema é sincero e verdadeiro
É feito por amor e não por dinheiro
não abro nem pra trem nem pro diabo
Toda vez que olho uma coisa errada
Pode ser o cão, não tem quem me faça
Aquentar desaforo e ficar calado
Então peço licença e vou chegando
Vou chegando com vontade de ficar,
Ficar fazendo verso sem engano
palavra como cimento pra fazer pilar
Assim cada verso será uma casa
Cada olho que lê, será uma brasa
Vai acender a fogueira da vontade
pois quando falta em mim inspiração
vou buscar a palavra bem no coração
Pra cimentar uma poesia de verdade